terça-feira, 10 de dezembro de 2013

OS SEIS MIL MÉDICOS DE CUBA



O Ministério da Saúde anunciou, recentemente, a importação de seis mil médicos de Cuba, para preencher postos de trabalho em municípios remotos e periferias urbanas.
Não é só a distância que dificulta a interiorização de médicos, pois são localidades despojadas de recursos mínimos para a sobrevivência de quaisquer profissionais.
A inadequada distribuição dos médicos no Brasil, condição que se aplica, até em maior escala, a outras tantas profissões, é fenômeno antigo e conhecido, mas em declínio, à custa da expansão da Estratégia Saúde da Família e da crescente titulação de médicos no solo pátrio.
A opção cubana, aventada pelo governo do Brasil, é um suposto remédio, travoso e ineficaz, posto servir tão somente para iludir populações desassistidas, oferecendo-lhes um médico despreparado, cultural e tecnicamente, para prestar cuidados condizentes com a realidade de saúde brasileira.
O sistema de saúde de Cuba, se é que ainda existe, viveu o seu apogeu nos anos setenta e oitenta, quando ostentava bons indicadores de saúde, compatíveis, à época, com os padrões vistos no Chile e na Costa Rica, encontrando-se, hoje, sucateado, e subsistindo apenas em mentes saudosistas.
Se a saúde em Cuba vai mal, o seu ensino médico está pior, mesmo porque não há como formar com qualidade razoável em Medicina, quando a assistência médica e os programas de saúde pública funcionam precariamente.
Caso houvesse a indicação de importação de médicos para o Brasil, há de se considerar que o produto made in Cuba é de baixíssima qualidade, posto que menos de 10% dos seus formados conseguem aprovação no Revalida, e que, ao cotejar os currículos escolares das escolas médicas cubanas com os das brasileiras, a equivalência é da ordem de 50%.
Cuba diploma médicos em profusão, com a intenção de exportar e explorar essa mão-de-obra. Há mais de trinta mil trabalhadores da saúde cubanos, sobretudo médicos, espalhados em países não desenvolvidos, cumprindo contratos agenciados pelo governo de Cuba, que arrecada US$ 2,3 bilhões, por ano, sendo, hoje, a principal receita desse país.
Cada médico cubano é alocado por cerca de US$ 10,000, porém, o governo de Cuba, como um ávido proxeneta, se apropria do quinhão maior, deixando de 10% a 15% na mão do seu cativo cidadão, reproduzindo um cenário escravocrata.
Compactuar com isso, Sr. Ministro, é regredir aos tempos da escravaria ou da servidão humanas.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública – Uece

* Publicado In: Jornal do SIMEC. Fortaleza, novembro de 2013. p.4. (Órgão do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará).

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