quarta-feira, 28 de outubro de 2015

AS METAMORFOSES DO CAPITALISMO


Por José Jackson Coelho Sampaio (*)
Considera-se que, ao longo de seus 600 anos de história, o modo de produção capitalista passou por pelo menos três grandes metamorfoses: mercantil, industrial, financeiro. Certa tradição histórica, de base marxista, propõe alguns elementos que caracterizam as fases deste paradigma produtivo.
O capitalismo mercantil teria como fundamento de poder a propriedade da terra, relações internacionais pelo modo colonialista e teoria justificadora orientada pela Fisiocracia, que postula a vida econômica em três dimensões: primário (agrícola), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços).
O capitalismo industrial teria como fundamento de poder a capacidade de contratar força de trabalho, relações internacionais pelo modo imperialista e teoria justificadora orientada pelo Liberalismo. Tanto esta teoria como sua crítica marxista vão postular novas dimensões para a vida econômica: produção, distribuição e consumo.
O capitalismo financeiro teria como fundamento de poder a propriedade do dinheiro, relações internacionais pelo modo da globalização e teoria justificadora orientada pelo neoliberalismo, que postula a vida econômica em três dimensões: intensivo em pessoas, intensivo em capital, intensivo em C&T&I.
Como o modo de produção não mudou e as teorias justificadoras não produzem cortes paradigmáticos, estes esquemas podem conviver e se articular para a construção de eixos indicadores de monitoramento, desempenho e planejamento. Podem-se apresentar dois arranjos exemplares dessa complexidade: primário/produção/intensivo em capital ou terciário/consumo/intensivo em C&T&I.
Certo marxismo tornou-se teoria justificadora de uma experiência autoritária de capitalismo de estado e precisa se libertar desta sombra cruel para retomar sua força crítico-explicativa. Mas, sem o Marxismo, fica difícil ver, com clareza, que tais dimensões trindáticas, vez ou outra ressurgindo como novidade, são descritivas, empíricas, úteis no plano operacional, mas apresentam mínimo poder explicativo.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado In: O Povo, Opinião, de 10/10/15. p.8.

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