quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A UECE EM 2015: revendo história, obstáculos e desafios


Por José Jackson Coelho Sampaio (*)

SEMANA UNIVERSITÁRIA
A 20ª edição de nossa Semana Universitária anual coincide com o 40º aniversário da própria Uece. A convergência de datas simbólicas estimula o olhar sobre fatos e feitos, obstáculos superados e por superar, no pano de fundo da crise político-financeira que o poder público brasileiro, em seus vários níveis, vivencia.
No Brasil, trazendo a memória da milenar instituição universitária - história, ritos, defesa da própria autonomia e zelo pela publicização do conhecimento -, mas como organização concretamente jovem, menos que secular, reagindo diante da pletora de demandas acumuladas e da ameaça de estraçalhamento por racionalidades antagônicas, as universidades brasileiras se perguntam: de onde viemos? O que somos? Para onde vamos? Somos parte do Estado burocrático-autoritário e da sociedade massificada/globalizada de consumo, sem clareza sobre rotas e portos.
Além das missões canônicas de formação das elites e dos trabalhadores, da pesquisa para a produção de conhecimento novo, da extensão comunitária e da inovação tecnológica, agrega-se a demanda por solução de problemas como a empregabilidade dos trabalhadores, a redução das desigualdades sociais, a compensação de iniquidades historicamente acumuladas e a oferta de conhecimento para a incorporação por empresas.
Enfrentar tais desafios requer novas formas sustentáveis de financiamento e de planejamento e novas formas de gestão da produção acadêmica, destacando-se a autonomia para o distanciamento crítico que nos permita filtrar demandas. Compreender a Uece demonstra que estamos desafiados por problemas complexos, sistêmicos e globais, que requerem superação das soluções pontuais, emergenciais, ao sabor das iniciativas de cada reitor em particular, na solidão de sua conjuntura político-financeira, para o enfrentamento dos determinantes.
Necessita-se de planejamento estratégico e sistêmico do conjunto da educação superior estadual cearense, incluindo projetos políticos com visão criativa de totalidade, não sequestrados por interesses particulares de classes ou grupos sociais, externos ou internos. Assim, convém compormos lideranças acadêmicas colegiadas que possam, na forma de um corpo coletivo de trabalho, realmente empoderado e respeitando a pluralidade, replicar as grandezas que marcam o percurso da universidade no Ocidente. A Uece, em meio a suas desigualdades e carências, olha o Ceará, o mundo e a história.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado In: O Povo, Opinião, de 10/11/15. p.9.

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