Por Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
O Prof. Livino Pinheiro, um antigo titular
do Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC, era um homem muito
espirituoso e um bom contador de estórias. Ele costumava dizer que foi
desvirginado quando exerceu o cargo de Diretor da Faculdade de Medicina.
Essa afirmação dele causava uma certa
inquietação entre os seus interlocutores. Para alguns, trazia a conotação
original da perda da virgindade, pondo fim uma longa castidade; para outros,
teria uma conexão com honestidade, uma qualidade talvez comprometida pela
imperiosidade administrativa de ter feito algo ofendendo aos seus caros
princípios morais.
A dúvida somente se dissipava no ouvinte
quando ele esclarecia que o seu nome completo era Livino Virgínio Pinheiro, com
o qual assinava antes toda a documentação acadêmica. Como eram muitos
documentos a assinar diariamente, cumprindo assim os trâmites burocráticos, a
administração superior da universidade dispôs que ele passasse a assinar apenas
Livino Pinheiro, suprimindo o Virgínio do seu nome, daí a razão de ter sido
“desvirginado”.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. O professor desvirginado. In: SOBRAMES – CEARÁ. Ritmo literário.
Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2015. 304p. p.197.
* Publicado,
originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos
e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.
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