segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ONDE ANDAM AS MULHERES?

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Por que os machos humanos estão se matando mais do que as mulheres? Em países ricos, o número de homens (sexo masculino) que tiram a própria vida é três vezes maior do que o de mulheres e os homens com mais de 50 anos são particularmente vulneráveis. Em países mais pobres ou em desenvolvimento, pessoas jovens e mulheres mais velhas têm taxas mais altas de suicídio. Será que até o suicídio é questão de nível de renda, sexo, gênero ou opção sexual?
O relatório mais atual da Organização Mundial da Saúde mostra que, em geral, os homens cometem mais suicídio do que as mulheres. E isso é intrigante, pois são elas que apresentam taxas mais altas de distúrbios mentais, como a depressão e patologias assemelhadas. A maneira como os homens são ensinados a se comportar e os papéis, atributos e comportamentos que a sociedade espera deles talvez não possam ser aferidos por cálculos estatísticos.
Abrindo parêntese, as ciências da estatística e da genética passaram ser a astrologia da contemporaneidade. Já na infância os homens são impregnados com a noção de que ser macho é análogo a não demonstrar emoções (homem não chora!). Os homens são mais dependentes de suas parceiras do que essas deles. Sofrem mais com infidelidade ou o abandono. Por isso mesmo, não é surpresa que sofram a separação de forma mais intensa.
A honra também faz parte da masculinidade, pois ser “desrespeitado” perante seus pares pelas ações da parceira “emancipada” (infidelidade ou abandono), pode levar à vergonha ou a reações impulsivas de retaliação. Lembro: depois do divórcio, os homens geralmente são separados de seus filhos, e isto tem um papel significativo em alguns casos de suicídio. As mulheres podem ajudar os homens a reconhecer suas próprias aflições, dar a eles carinho e principalmente estímulo para buscar ajuda. Ou será que estão desejando uma sociedade sem homens? Depois não digam que não avisei.
As mulheres esqueceram que são mães e hoje preferem ficar discutindo a vida nos programas do tipo ‘saia justa’. Em pleno século XXI, quando a emancipação das mulheres se tornou o motivo principal da globalização, muito embora lentamente, vênia para lembrar fragmento de uma entrevista, concedida por Marcel Proust (1871-1922), escritor conhecido por sua obra literária ‘Em Busca do Tempo Perdido’, à sua amiga Antoniette Faure.
Antoinette Faure (AF) Marcel Proust (MP)
 AF: - Suas virtudes favoritas?
 MP: - Todas as que não são particulares a uma seita, as universais.
AF: - Suas qualidades favoritas num homem?
MP: - A inteligência, o senso moral.
AF: - Suas qualidades favoritas numa mulher?
MP: - A doçura, a naturalidade, a inteligência.
AF: - Suas mulheres favoritas na vida real?
MP: - Uma mulher “de genié” que leve uma existência comum. 

A Humanidade seria muito beneficiada caso as mulheres de hoje voltassem a se considerar amigas, conselheiras, mães e se treinassem para oferecer carinho aos seus parceiros, mesmo que isso exija um certo (pequeno) sacrifício.
 (*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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