Podemos dizer que democracia é um governo onde o povo
exerce a soberania, estando comprometido com a liberdade e a justiça social. As
manifestações democráticas não devem ser eventuais, mas permanentes. Assim,
democracia não significa apenas votar no dia das eleições. Trata-se, na
verdade, de um sistema bem mais amplo, em que a participação popular, a recusa
ao fanatismo, a defesa das minorias e da pluralidade, a não concordância com a
busca do poder pelo poder, a não utilização de práticas fisiológicas, bem como
o respeito aos dispositivos constitucionais são atitudes básicas para o sucesso
do processo democrático. As condutas mencionadas permitirão que alcancemos uma
verdadeira democracia representativa, consolidada e permanente, e não uma
democracia de resultados, fraca e efêmera, longe de princípios morais e próxima
da corrupção e do falso pragmatismo. O Estado Democrático de Direito será
perfeito, caso os governantes e governados assumam comportamentos compatíveis
com a solidariedade e o interesse público. “É necessário demonstrar ao povo que
através do regime democrático se pode governar com visão”,
segundo disse Oswaldo Aranha. Por sua vez, as democracias de resultados,
expressão que imaginamos para denunciar as atitudes dos pseudo-democratas, não
comprometidos com a melhoria da qualidade de vida das populações, representam a
marca dos Estados totalitários. Por fim, vale lembrar pensamento do
ex-presidente Juscelino Kubitschek: “Somos um povo, isto é, um conjunto de
cidadãos ligado não apenas por interesses materiais, mas por valores éticos e
espirituais”.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 17/3/2017.
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