O novo coronavírus fez, oficialmente, no Brasil, a sua
primeira aparição na capital paulista em fevereiro de 2020. No Ceará, o
primeiro caso se deu em 15/03/2020. De princípio, o vírus atingiu pessoas que
tinham realizado viagens internacionais, notadamente as oriundas da Itália, cenário
em que o vírus teve um impacto assustador, pondo em genuflexão cidadãos de
opulentas nações europeias. Daí porque atingiu inicialmente bairros ditos nobres
de Fortaleza.
O Ceará esteve na vanguarda dos estados brasileiros na transmissão
comunitária, especialmente em sua capital, que observou um crescimento avassalador
de casos e de óbitos, alcançando o pico epidêmico, nos idos de maio, e a partir
daí notou-se uma desaceleração na ocorrência entre os habitantes de Fortaleza,
ao tempo em que se assistiu o avanço da Covid-19 no hinterland cearense.
Hoje (15/10/2020), decorridos sete meses do caso-índice,
quando se experimenta a tendência de declínio da incidência e da mortalidade por
Covid-19, o Ceará carrega o duro fardo de mais de 260 mil casos confirmados e
de mais nove mil tombados, cujas mortes foram atribuídas ao SARS-Cov-2.
As cifras ostentadas da Covid-19 na Terra da Luz, quando
cotejadas com as de outras unidades federativas, são pouco alentadoras;
contudo, há um consolo público, mas não entre os que perderam seus entes
queridos, de que os nossos resultados poderiam ter sido mais dantescos.
A nosso favor, amainando as nefastas consequências dessa
pandemia, pode-se creditar a infraestrutura de serviços de saúde, erigida nas
gestões governamentais, a começar pelo Governo Lúcio Alcântara, a qual, bem
gerida por Camilo Santana, que soube liderar os gestores municipais, alargando
e aproveitando a capacidade assistencial instalada, sem se descuidar dos
aspectos preventivos da epidemia.
Enquanto não se dispõe de uma vacina efetiva e segura contra
a Covid-19, árduos desafios se deparam adiante, pois os coestaduanos terão que
conviver com um problema agudo não debelado concomitante às demandas da saúde
que foram represadas em função da avalanche de casos da Covid-19.
Que Deus se apiede dos Seus filhos platicéfalos no porvir.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública-Uece
* Publicado In: O Povo,
de 22/10/2020. Opinião. p.18.
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