quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A SAÚDE NO CEARÁ APÓS A COVID-19

O novo coronavírus fez, oficialmente, no Brasil, a sua primeira aparição na capital paulista em fevereiro de 2020. No Ceará, o primeiro caso se deu em 15/03/2020. De princípio, o vírus atingiu pessoas que tinham realizado viagens internacionais, notadamente as oriundas da Itália, cenário em que o vírus teve um impacto assustador, pondo em genuflexão cidadãos de opulentas nações europeias. Daí porque atingiu inicialmente bairros ditos nobres de Fortaleza.

O Ceará esteve na vanguarda dos estados brasileiros na transmissão comunitária, especialmente em sua capital, que observou um crescimento avassalador de casos e de óbitos, alcançando o pico epidêmico, nos idos de maio, e a partir daí notou-se uma desaceleração na ocorrência entre os habitantes de Fortaleza, ao tempo em que se assistiu o avanço da Covid-19 no hinterland cearense.

Hoje (15/10/2020), decorridos sete meses do caso-índice, quando se experimenta a tendência de declínio da incidência e da mortalidade por Covid-19, o Ceará carrega o duro fardo de mais de 260 mil casos confirmados e de mais nove mil tombados, cujas mortes foram atribuídas ao SARS-Cov-2.

As cifras ostentadas da Covid-19 na Terra da Luz, quando cotejadas com as de outras unidades federativas, são pouco alentadoras; contudo, há um consolo público, mas não entre os que perderam seus entes queridos, de que os nossos resultados poderiam ter sido mais dantescos.

A nosso favor, amainando as nefastas consequências dessa pandemia, pode-se creditar a infraestrutura de serviços de saúde, erigida nas gestões governamentais, a começar pelo Governo Lúcio Alcântara, a qual, bem gerida por Camilo Santana, que soube liderar os gestores municipais, alargando e aproveitando a capacidade assistencial instalada, sem se descuidar dos aspectos preventivos da epidemia.

Enquanto não se dispõe de uma vacina efetiva e segura contra a Covid-19, árduos desafios se deparam adiante, pois os coestaduanos terão que conviver com um problema agudo não debelado concomitante às demandas da saúde que foram represadas em função da avalanche de casos da Covid-19.

Que Deus se apiede dos Seus filhos platicéfalos no porvir.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor titular de Saúde Pública-Uece

* Publicado In: O Povo, de 22/10/2020. Opinião. p.18.

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