quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul

“Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul. Eu não gosto de saber, que apesar de caber duas vezes dentro do Estado de São Paulo, a Coreia do Sul tem um crescimento sustentado maior que o do Brasil. Eu não gosto de ver da janela do meu quarto do hotel, onde até o vaso sanitário é Hi-Tec, quatro A380 de três companhias diferentes, sendo duas coreanas, pousarem em sequência, em menos de cinco minutos, num aeroporto duas vezes o tamanho do de Guarulhos e cinco vezes maior em movimento diário de passageiros e aviões.

Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul.

Eu não gosto da polidez do seu povo, que faz um singelo motorista de ônibus descer, chamar um táxi e orientar seu motorista a me levar no endereço que eu desejava ir. Ou de um outro, o qual tendo percebido que eu esperava seu ônibus no sentido errado, atravessou a rua e me chamou para embarcar. Ambos sem falar uma palavra de inglês.

Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul.

Eu não gosto da educação da sua juventude, que chama os mais velhos de "sir", mesmo sendo um desconhecido, e usam palavras como "bom dia", "obrigado"... Eu não gosto do nível de qualidade do seu ensino básico, que capacita todo e qualquer jovem coreano, independente da classe social, a se qualificar para qualquer um dos centros de excelência do conhecimento na Europa e EUA, sem cotas ou privilégios, mas sim por mérito.

Eu não gosto de saber que suas escolas não estão partidarizadas e que ideologias são discutidas, e não doutrinadas.

Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul.

Eu não gosto de ver a urbanidade de suas cidades, da limpeza e organização de suas ruas e da eficiência de seus serviços públicos. Eu não gosto de sentir a democrática liberdade individual e a proteção aos seus cidadãos. Eu não gosto de ver a sua cultura ser preservada sem permitir que seu povo seja contaminado e pela degeneração ocidental.

Eu não gosto de voar para a Coreia do Sul.

Eu não gosto de saber que você chegou a tal nível de desenvolvimento, tendo se reerguido em menos de cinquenta anos, das cinzas de guerra que não era sua, que arrasou sua economia e dividiu um povo.

Eu não gosto de você, Coreia do Sul. Você joga na minha cara, impiedosamente, a minha realidade. J.L."

Fonte: Escrito atribuído a um piloto de aviação comercial brasileiro que foi voar para outro lado do mundo.

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