sexta-feira, 18 de outubro de 2024

FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 816

Abro com JK nos velhos tempos ditatoriais.

JK?

Anos de chumbo grosso. Tempos magros, época de fechadura braba. Falar em Juscelino era, no mínimo, pecado mortal. Mudança das placas dos carros, as chamadas alfanuméricas. A Câmara Municipal de Diamantina oficia ao CONTRAN solicitando as letras JK para as placas dos carros do município, "como uma forma de homenagear o grande estadista John Kennedy". O CONTRAN não atende. Um conterrâneo de Juscelino desabafa:

- Esse pessoal do Conselho deve ser republicano, eleitor do Nixon.

(Historinha de Zé Abelha)

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/391323/porandubas-n-816


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

CONVITE: Cerimônia de Plantio da Árvore de Hipócrates

 


 A Diretoria do Conselho Regional de Medicina, do Estado do Ceará (Gestão 2023/2028), em comemoração ao Dia do Médico, convida para a Cerimônia de Plantio da Árvore de Hipócrates.

Dia: 17 de outubro de 2024 (quinta-feira).

Horário: 17h.

Local: Sede do CREMEC, na Av. Antônio Sales, nº 485, em Fortaleza-CE.

UM PRESENTE PARA OS CONVIDADOS

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Para nosso estado, foi uma grande vitória a inauguração, em 1949, de sua primeira revenda de carros. J. Macêdo passava a representar a Jeep da Willys-Overland. Após alguns anos, o articulista e demais garotos residentes nas proximidades da empresa festejaram a instalação de um freezer no posto Willys, a funcionar na concessionária. O colaborador Eduardo manobrava a única bomba de gasolina existente e acumulava o seu trabalho com as vendas do único produto da "loja de conveniência" da época, a deliciosa Coca-Cola. Nos momentos raros de dinheiro no bolso, eu sentia um imenso prazer ao saborear o refrigerante.

Os 50 anos do qualificado grupo empresarial foram celebrados com uma exibição da Orquestra de Câmara da Filarmônica de Hamburgo. E, agora, J. Macêdo trouxe a outros convidados e a mim um outro tipo de prazer na comemoração de 85 anos e ingresso da terceira geração da corporação. Fomos presenteados com uma primorosa apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Os conceituados líderes do grupo, Roberto e Amarílio Macêdo, e seus companheiros de trabalho nos trouxeram Heitor Villa-Lobos, Carlos Gomes, Carl Maria von Weber, Alberto Ginastera e o cearense Alberto Nepomuceno em magistral performance da OSESP, no Theatro José de Alencar. 

O modelar empresário José Dias de Macêdo dizia: "Desde que criei a nossa empresa, sempre me preocupei em encontrar formas de torná-la sólida e duradoura." "Costumo dizer que procurei, em toda a minha vida, cercar-me de profissionais melhores do que eu."

Os que fizeram, fazem e farão a J. Macêdo, em especial, o grande gestor José Macêdo, pioneiro, ousado e empreendedor, provaram que empresários, além de crescimento econômico, geração de empregos com adequada remuneração, educação, responsabilidade social, podem também dar bons exemplos culturais. Por trazer 60 músicos e consequentes composições de alto nível, J. Macêdo faz a sua parte. Que os convidados, a concederem ao seu aparelho auditivo mais uma chance de ouvirem música erudita, resolvam oferecer chances a outros cearenses para que estes recebam, com maior frequência, tão preciosos acordes.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/09/24. Opinião, p.20.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

CAMINHOS DO CEARÁ: mãos de cura - fazer renda, rezar, tocar

Por Izabel Gurgel (*)

Para sarar do cobreiro, sete dias de reza. Escuto na Rádio Estrada, as conversas viajantes quando estamos na estrada. As peças do colar feito na hora por Teresa Bola já começam a murchar na primeira reza.

Cada uma das sete visitas inclui a feitura de um colar, um cordão de aneizinhos do talo de mamoeiro, que a pessoa em busca de cura recebe desde a primeira e até a última visita. Ao final das sete rezas, Teresa queima os sete colares.

Teresinha Bernardino de Lima, "Bola" por parte de pai, caçador de tatu-bola, nasceu dia 21 de junho de 1945. É filha de rezadeira e foi iniciada na reza pelo sogro, Francisco Flor, de Barbalha. Dança no Côco de Dona Edite, grupo brincante da Batateira. É o bairro do Crato onde moram as mulheres que dançam no Côco criado no final dos anos 1970. Tem mais brincante meizinheira e rezadeira, como a mestra Edite Dias de Oliveira Silva.

Teresa reza com pinhão roxo. Vi, plantadinha no quintal dela, uma espécie de biblioteca com parte do que usa na feitura de garrafadas, para beber, e no preparo de banhos. As mãos, que desenham com bilros desde criança, tiram galhos de pinhão roxo no terreiro de casa, na Barra do Mundaú, território Tremembé em Itapipoca. Rendeira, Maria Pedro dos Santos nasceu dia 14 de outubro de 1942 e reza, "o dote de Deus", desde os 14 anos.

Maria Eunice Almeida Joca reza também à distância, na intenção do nome e em direção ao lugar de moradia da pessoa a ser benzida. Nasceu dia 31 de outubro de 1952 em São Paulo dos Padres, zona rural de Canindé. Em 2022, conversei com ela por telefone, depois do desencontro na cidade. Ela morava, então, na sede do município. Em casa, tem pés de boldo e arruda, "que tira toda malizânia que tiver na pessoa". Começou a rezar por volta dos 16 anos. Aprendeu com a avó. Parte da transmissão à neta, Maria Libânia Almeida fez com a reza dita por escrito.

Na Casa de Mãe Dodô, na ladeira do Horto, a Serra do Catolé vivida como colina sagrada pela Nação Romeira, em Juazeiro do Norte, Maria Helena da Silva reza coletivamente. A benzedeira de 63 anos se desloca a partir do centro do semi-círculo formado pelas pessoas sentadas. A reza se desenha também para cada criatura, uma a uma. Tem maestria quem (se) desdobra (n)o tempo.

Em Madrinha Dodô, vi Pankararus atravessando outras fronteiras, deixando o mundo, a uma só vez, maior e menor para quem estava por perto, ainda que não se acredite em nada além do pulsar das próprias veias - há quem ache isso pouco. O rezo Pankararu é dança, dançado. O que me leva às áreas da estrada velha da Prainha, em Aquiraz.

Só o vi uma vez. Não trocamos palavra. Pedro tocava tambor. Cantou mais de três horas para seres sagrados, que se manifestam dançando no corpo de mulheres e homens. Pedro é rezador, soube dias depois.

Comecei, por zap, uma conversa com ele: "É muito espiritual. Vem de nascença. As pessoas nascem com mão de cura". Francisco Pedro Castro Silva, 54 anos feitos no último dia 9, falou sobre entidades sagradas abrindo a mão de cura. "Meu avô benzia", diz sobre Cosmo de Castro Gomes, que viveu 97 anos. Filho de Raimunda Castro Silva e Francisco de Assis Serra da Silva, Pedro tem mais irmãos. "Lá em casa, só eu tenho esse dom". A depender do caso, reza com agulha e pano. Vai costurando. Como quem escreve.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/09/24. Vida & Arte, p.2.

100 ANOS DE DOM EDMILSON - uma vida de doação à justiça social

De O Povo, Editorial

Celebrar um centenário de vida já é motivo notável para ser destacado. Quando se fala de 100 anos de dom Edmilson da Cruz, esse destaque precisa ser mais relevante ainda, pelo extraordinário de homem que ele é. O bispo emérito de Limoeiro do Norte chega a um século de vida neste mês de outubro e é o bispo católico mais idoso de todo o Brasil. Experiente na idade, mas a lucidez e a humanização com que trata todo assunto se renovam cada vez mais e fazem de seu legado algo sempre moderno e atual.

A data foi comemorada no dia 3, dia de seu nascimento, com celebração presidida pelo arcebispo de Fortaleza, dom Gregório Paixão. Reuniu vários sacerdotes, demais religiosos e outros convidados para festejar a vida marcada com o ativismo social e espiritual da vocação de dom Edmilson.

Um homem comprometido com a luta em defesa dos mais pobres, que sempre que se colocou contra todo tipo de injustiça, anunciando o Evangelho em que acredita, mas, sobretudo, colocando-o em prática. Em 2010, foi convidado a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara do Senado Federal, mas recusou em discurso no plenário do próprio Senado. A atitude foi um protesto contra o aumento salarial de 61,8% aprovado pelos parlamentares em causa própria. "Quem assim procedeu não é parlamentar, é para lamentar", disse.

Para dom Edmilson, a comenda que lhe foi oferecida não honra a história de dom Helder Câmara, um religioso conhecido pela atuação destacada na luta pelos direitos humanos durante o regime militar. "A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho", afirmou dom Edmilson à época.

Com uma vida doada à partilha, à generosidade e à sabedoria humanista, dom Edmilson é o retrato vivo do Evangelho cristão em defesa dos direitos humanos. Sua luta em busca da justiça social foi amplamente conhecida quando era bispo auxiliar de Fortaleza junto com dom Aloísio Lorscheider. Servir a Deus estando perto das pessoas mais vulneráveis o movia. Assim, conduziram a pastoral carcerária, visitando pessoas privadas de liberdade e apurando denúncias sobre violação de direitos humanos no sistema prisional cearense.

Em 1994, durante visita ao antigo Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), na Região Metropolitana de Fortaleza, eles foram vítimas de um sequestro que culminou após rebelião de internos e durou cerca de 24 horas. A conduta deles em todo o episódio chamou a atenção do País e gerou comoção no Estado.

Neste ano de 2024, fez questão de ir às urnas e depositar seu voto no domingo 6 de outubro. Na ocasião, pediu que "Deus abençoe os eleitos para que exerçam suas funções com sabedoria, humildade e defendendo sempre os mais desfavorecidos".

Que o legado de dom Edmilson inspire a gestores públicos e a toda a sociedade de forma que a preocupação com os injustiçados e vulneráveis seja sempre o objetivo maior.

Parabéns, dom Edmilson!

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/10/24. Opinião p.18.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

O IDEB E A EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM

Por Estevão Rocha (*)

A educação brasileira tem procurado formas de se estruturar a fim de alcançar níveis consistentes de aprendizagem em sua população. É incontestável que os países com os melhores níveis educacionais têm obtido maiores resultados no desenvolvimento social e econômico de seus habitantes. Coréia do Sul, China, Singapura e os países escandinavos são exemplos disso. Nessa óptica, dificilmente, projetos atuais que aspirem a um forte impacto no desenvolvimento regional terão sucesso sem considerar a aprendizagem de conhecimentos significativos de qualquer população abrangida.

Um processo educacional de sucesso deve prover o ensino e a aprendizagem ao longo de grande parte da vida do cidadão, desde a mais tenra idade até a vida adulta. Pesquisadores da área, a exemplo de Martín e Ferrero, têm constatado que a evolução da aprendizagem do indivíduo tem forte influência dos conhecimentos prévios permanentes adquiridos em cada ciclo de formação educacional vivenciado por cada estudante.

A consistência dos conhecimentos adquiridos pode ser caracterizada em tipos de conhecimentos de aprendizagem de curto prazo ou de longo prazo. O processo adotado na formação educacional, que envolve metodologias, avaliações, motivação, entre outros recursos pedagógicos, impactará o tipo de conhecimento apreendido pelos estudantes.

Diante dos resultados do Ideb 2023, dividindo-se a estrutura da educação básica em três ciclos - ensino fundamental anos iniciais, ensino fundamental anos finais e ensino médio -, constatou-se que, embora o desempenho no segundo ciclo tenha diminuído em relação ao primeiro, ambos os ciclos da educação local obtiveram um resultado exemplar quando comparados com outros estados. No terceiro ciclo, o do ensino médio, percebe-se nova redução no desempenho dos estudantes.

Neste cenário, é possível detectar que os recursos pedagógicos aplicados no ensino fundamental possibilitaram melhor eficiência na aprendizagem. Contudo, é importante que os estudantes do ensino médio alcancem níveis de conhecimento com foco em aprendizagem de longo prazo. Dessa forma, conseguindo-se a permanência dos conhecimentos prévios adquiridos, há de se conseguir aumentar o nível da formação dos futuros profissionais nos ciclos de aprendizagem no percurso formativo do ensino superior. Boas propostas educacionais podem conseguir.

(*) Educador e diretor do Colégio Christus.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/09/24. Opinião, p.22.

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

A afirmação "fora da caridade não há salvação" - um dos pilares da Doutrina Espírita -, traz-nos muitos pontos para reflexão, nesses tempos de dificuldades de entendimento entre as pessoas.

A força dessa Doutrina se faz sentir ao remeter-nos ao sentimento mais nobre que nos foi legado - o Amor que deve ser espalhado entre todos e não apenas entre os que nos sejam mais próximos ou pelos quais devotemos mais simpatia.

Caridade não pode ser vista como uma ação pontual, mas como uma prática constante e dirigida a todos os que sofrem, independentemente de suas condições sociais, crenças, origens ou razão da dor.

Uma outra assertiva que também me acompanha há anos foi psicografada pelo médium Chico Xavier e casa perfeitamente com as questões do Amor. Diz ela: "cada um é responsável pelo mal que advenha do bem que não haja feito".

Aqui fica patente que é uma responsabilidade individual. Cada um de nós precisa exercer um papel ativo na prática do bem, redundando o conjunto de ações na construção de um mundo melhor para vivermos.

A mensagem enfatiza ainda, as consequências negativas de não se fazer o bem. De fato, o mal pode ocorrer por ação ou omissão. Já o bem, este exige uma ação, consciente ou inconsciente, para que seja praticado.

Ora, isso nos convida à proatividade na prática do bem. Não devemos nos manter passivos, como se tudo dependesse de si mesmo e não de nossa direta interferência naquilo em que podemos contribuir.

Ainda da assertiva, pode-se entender que a empatia deve ser cultivada, também no intuito de, compreendendo o sofrimento alheio, atuar de forma a poder atenuá-lo dentro das próprias limitações. Com isso, um outro pilar na construção de um mundo melhor, a Justiça, será praticada.

Quanto a esses pilares do Espiritismo, peço que sejam objeto de um momento de reflexão de cada um de nós, para darmos sentido ao Amor, celebrado em todas as religiões e doutrinas, por ser o elo que une todos os seres viventes.

Vamos agir pelo bem. Vamos praticar o verdadeiro Amor com o nosso próximo, sendo misericordiosos e caridosos como prática constante. Tudo assim ficará melhor.

(*) Professor aposentado da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Opinião. p.18.


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

CONVITE: Conferência I Congresso Brasileiro de Médicos Católicos: história e desdobramentos

 

O presidente da Academia Cearense de Medicina, prof. dr. José Henrique Leal Cardoso, convida para a Conferência Acad. Edísio Tavares de História da Medicina, intitulada: I Congresso Brasileiro de Médicos Católicos: história e desdobramentos, a ser proferida pelo Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva.

A apresentação do conferencista será feita pelo Acad. Janedson Baima Bezerra.

Dia: 16 de outubro de 2024 (quarta-feira).

Horário: 15h.

Local: Auditório Reitor Martins Filho da Reitoria da UFC, Campus do Benfica, Av. da Universidade, em Fortaleza-CE.

TERRA EM CHAMAS: mudanças climáticas e educação

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Há semanas focos de incêndios se alastram pelo Brasil. Em cenário apocalíptico, depois das chuvas torrenciais e das enchentes, vem o fogo. As matérias da semana falam por si: "Pantanal pode deixar de existir até fim do século, diz Marina Silva"; "Crise climática afeta área de logística do Brasil, e empresas relatam perdas com prejuízo milionário"; "Governo do Acre suspende aulas em razão da intensidade da fumaça de queimadas"... O clamor por medidas que salvem o planeta requer políticas ambientais de âmbito global, nacional e local e um esforço coletivo que envolva os governos e a sociedade civil.

As mudanças climáticas que vem devastando o planeta afetam a economia e causam danos irreparáveis à vida nos mais diversos contextos. Representam, ainda, uma das principais causas dos fluxos migratórios que levam milhares de pessoas a deixar seu habitat natural em busca de sobrevivência em condições menos adversas.

Os problemas associados a tal situação afetam de modo drástico crianças e jovens em idade escolar, subtraindo-lhes o direito à educação. Além do estresse contínuo, a suspensão de aulas e fechamento de escolas, gera absenteísmo docente e discente, sendo motivo de fracasso escolar. O calor acima da média, por sua vez, também causa danos à aprendizagem.

Não por acaso, diante de situação tão adversa, organismos internacionais (Banco Mundial, BID, OCDE, UNESCO e Unicef) vêm produzindo estudos sobre o nefasto efeito das mudanças climáticas na educação, buscando identificar alternativas para mitigar tais problemas. As crises do clima são motivadas por variáveis externas às escolas, estas, porém, são ambientes propícios à compreensão e à ação sobre o tema. Além de "aprender a conhecer" as mudanças climáticas, é preciso buscar soluções inovadoras e politicamente responsáveis para a criação de uma consciência ecológica visando a preservação da fauna e da flora e a sustentabilidade da vida no planeta. Verdejar as escolas começa com pequenos passos. Aqui, um jardim; ali, uma horta; acolá um bosque e/ ou um pomar. Essas e outras iniciativas demandam foco das políticas públicas.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Opinião. p.18.


domingo, 13 de outubro de 2024

CARTA DE AMOR

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Setembro, mês da Bíblia, é uma ocasião especial para mergulharmos no âmago da Palavra de Deus, refletindo sobre seu papel transformador em nossas vidas. Sob a perspectiva do Papa Francisco, a Bíblia não é apenas um livro a ser lido, mas um diálogo contínuo entre Deus e a humanidade, no qual cada página é um convite à conversão, à mudança de mentalidade e à renovação do espírito.

Para o pontífice, a Bíblia deve ser o centro de nossa vida cristã. Ela é a "carta de amor" de Deus, escrita ao longo dos séculos, para iluminar nossos passos e nos guiar no caminho da fé. Ao nos debruçarmos sobre as Escrituras, não estamos apenas estudando um texto, mas nos encontrando com o próprio Cristo, que é a Palavra viva de Deus.

Francisco nos convida a uma leitura orante, na qual a meditação das passagens bíblicas se transforma em um momento de encontro íntimo com o Senhor, permitindo que suas palavras penetrem profundamente em nossos corações. Este mês nos convida a redescobrir a beleza e a riqueza das Escrituras, não apenas como fonte de doutrina, mas como alimento espiritual que nutre a alma e fortalece a fé. Para o Papa, a Palavra de Deus tem o poder de transformar nossas vidas e a sociedade, quando acolhida com humildade e abertura.

Ele nos alerta contra o perigo de transformar a Bíblia em um objeto de estudo frio e acadêmico, desprovido de vida. Ao contrário, devemos vivê-la, encarná-la em nossas ações diárias, fazendo dela um guia prático para a nossa jornada de fé. Além disso, o Papa enfatiza a importância da leitura comunitária das Escrituras. A Bíblia não deve ser lida de forma isolada, mas em comunhão com os irmãos e irmãs na fé, pois é na comunidade que a Palavra de Deus ganha vida, peso e sentido pleno.

Francisco nos incentiva a criar grupos de leitura bíblica, nos quais, juntos, possamos discernir a vontade de Deus para nossas vidas e para o mundo. Neste mês da Bíblia, somos chamados a deixar que a Palavra de Deus se torne viva e eficaz em nossas vidas. Que possamos, à luz do ensinamento de Francisco, renovar nosso compromisso com a leitura e a vivência das Escrituras, permitindo que elas moldem nosso coração e guiem nossas ações, para que possamos ser verdadeiros discípulos de Cristo no mundo de hoje.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 21/09/2024. Opinião. p.20.

SÃO PIO DE PIETRELCINA: O Santo dos Milagres e da Confissão

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

São Pio de Pietrelcina, popularmente conhecido como Padre Pio, é um dos santos mais venerados da Igreja Católica. Sua vida foi marcada por dons místicos, milagres e um profundo compromisso com a fé e o serviço pastoral, além de ter deixado um legado indelével na Igreja Católica.

Vida e Missão

Francesco Forgione, nome de batismo de São Padre Pio, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos aos quinze anos, adotando o nome de Frei Pio. Sua ordenação sacerdotal ocorreu em 1910, e logo após, começou a manifestar os estigmas de Cristo, feridas semelhantes às sofridas por Jesus na crucificação. Esses estigmas, que perduraram por cinquenta anos, foram um dos sinais mais visíveis de sua santidade.

Padre Pio dedicou-se incansavelmente ao sacramento da confissão, onde passava longas horas atendendo aos penitentes. Seu carisma e dons espirituais atraíam multidões, que vinham de todas as partes do mundo para buscar aconselhamento espiritual e cura. Ele possuía dons extraordinários, como a bilocação, leitura das almas e a capacidade de realizar curas milagrosas.

Milagres e Dons Espirituais

Numerosos relatos de milagres são atribuídos a Padre Pio. Entre os mais conhecidos estão as curas de doenças terminais e o dom da bilocação, onde foi visto em dois lugares ao mesmo tempo. Sua fama como confessor se espalhou rapidamente, com pessoas aguardando dias para se confessarem com ele. A profundidade de sua espiritualidade e a capacidade de ler as almas dos penitentes reforçavam a crença em sua santidade.

Padre Pio também foi um grande devoto da Virgem Maria e da Eucaristia, frequentemente mencionando que "o Rosário é a arma" contra o mal. Suas missas eram longas e carregadas de piedade, refletindo sua intensa união com o sofrimento de Cristo.

Legado e Canonização

Após sua morte em 23 de setembro de 1968, a devoção a Padre Pio continuou a crescer. Milhares de pessoas testemunharam milagres e graças atribuídas à sua intercessão. Em 1999, ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II, e em 2002, foi canonizado, recebendo o título de São Pio de Pietrelcina.

Seu legado perdura em várias formas, incluindo a Casa Alívio do Sofrimento, um hospital fundado por ele em 1956, que continua a ser um importante centro de atendimento médico e espiritual. Suas mensagens de fé, amor e serviço ao próximo continuam a inspirar milhões de fiéis ao redor do mundo. Sua vida dedicada à oração, confissão e serviço aos doentes e necessitados deixa um exemplo poderoso de santidade e compromisso com Deus. Seu legado permanece vivo, incentivando os fiéis a buscar uma vida de maior devoção e amor ao próximo. A história de São Pio é um testemunho do poder transformador da fé e da Graça Divina.

A Obra Evangelizar É Preciso o tem como grande intercessor, protetor e exemplo de santidade.

"São Pio de Pietrelcina, depositamos em ti nossa confiança, buscando forças para enfrentar todos os desafios, adversidades e provações. A ti, entregamos nossa súplica de intercessão. São Pio, rogai por nós."

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 7/09/2024. Opinião. p.18.

sábado, 12 de outubro de 2024

Irmãos Maristas, do antigo Colégio Cearense, estudam abrir nova escola em Fortaleza

Por Lara Vieira (*)

Nova escola em Fortaleza deve iniciar de forma gradual, oferecendo apenas algumas séries, além de ser focada em um público de maior poder aquisitivo

O Instituto Irmãos Maristas, com longa tradição educacional no Brasil, estuda abrir uma nova escola particular em Fortaleza. A ordem religiosa dirigiu o Colégio Cearense Sagrado Coração, uma das mais prestigiadas unidades educacionais do Estado, por quase 100 anos, de 1917 a 2007. Conforme o Instituto, a possibilidade de uma nova unidade particular na Capital ainda está em estágio de estudos iniciais, sem local ou data de abertura definidos. A informação foi divulgada com exclusividade pela colunista do O POVO, Leda Maria.

Conforme a ordem religiosa, o interesse da população tem sido um dos motivadores para o projeto. "A ideia está ainda em uma fase embrionária. Nós, os Irmãos Maristas, reconhecemos que Fortaleza tem um papel fundamental em nossa história. Mas é importante destacar que ainda estamos na fase de pensamento, nada foi concretizado”, enfatiza o irmão Márcio Costa, formador postulantado do Brasil Marista.

Segundo ele, os Irmãos Maristas estão atualmente realizando estudos sobre o cenário educacional de Fortaleza. "Temos uma equipe analisando para onde a população está se direcionando, principalmente na região do Eusébio e Edson Queiroz. Os estudos ainda estão no começo, e queremos atender a essa população em crescimento", explica o irmão Márcio. Ainda não há previsão de quando esses estudos serão concluídos.

Sem uma unidade privada desde 2007, o Instituto Irmãos Marista ainda mantém escolas filantrópicas em Fortaleza, Aracati e Iguatu. As unidades são gratuitas e financiadas pela instituição, atendendo à população vulnerável. Em Fortaleza, no bairro Montese, oferece ensino fundamental para mais de 550 alunos; em Aracati, ensino médio; e em Iguatu, ensino primário.

A possível nova unidade em Fortaleza, contudo, não terá a mesma configuração. “Teria um foco diferente, atendendo outro perfil de público, de maior poder aquisitivo”, diz Márcio. Sobre a faixa de preços, o irmão marista comenta que deve seguir um parâmetro de outros colégios particulares de Fortaleza.

Quanto ao nome da nova instituição, também não há definição se será mantido o tradicional "Colégio Cearense Sagrado Coração". O irmão Márcio Costa esclarece, no entanto, que os Maristas não têm a pretensão de ofertar, pelo menos a princípio, todas as fases de ensino. “A orientação é começar de forma gradual, com turmas menores e ir crescendo conforme a demanda da região”, afirma.

O Colégio Cearense acolheu apenas meninos por muitos anos, conforme explica o ex-aluno Juscelino Chaves Sales, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), que se dedicou a realizar pesquisas sobre o colégio. “Porém, em 1974, tornou-se misto, o que atraiu muitas alunas, inclusive algumas que vinham de escolas de freiras de Fortaleza. Esse aumento de alunas ajudou a elevar o prestígio do colégio, que já era conhecido pela sua excelência acadêmica”..

O Legado do Colégio Cearense

O Colégio Cearense Sagrado Coração foi fundado em 1913 por padres diocesanos. Em 1917, a convite do então arcebispo de Fortaleza, dom Manuel da Silva Gomes, os Irmãos Maristas chegaram ao Ceará para assumir a direção. Foi nessa mesma época que a escola, que inicialmente funcionou rua 24 de Maio e rua Barão do Rio Branco, estabeleceu-se definitivamente na avenida Duque de Caxias em 1917, hoje o prédio é tombado como Patrimônio de Fortaleza.

O colégio viveu seu auge entre as décadas de 1970 e 1980. “O ensino era muito bom. Muitos professores tinham até doutorados, o que nessa época ainda era raro. A instituição tinha uma fama de ser elitista, mas também oferecia bolsas de estudo e era filantrópica. Assim, havia alunos de diferentes classes sociais”.

A partir dos anos 1980, o número de estudantes no Colégio Cearense começou a cair, embora a instituição seguisse como referência de ensino. Juscelino aponta que a queda nas vocações religiosas e o aumento da concorrência entre escolas particulares no Ceará levaram ao fechamento do colégio, que encerrou suas atividades décadas depois, em 2007.

Com mais de 100 anos de fundação, ex-alunos ainda se encontram

Os ex-alunos do Cearense guardam boas lembranças da época de escola e muitas amizades feitas durante a vida escolar seguem para toda a vida. É o caso da advogada Joana Araújo, 41. Estudante do ensino fundamental até fim do ensino médio no local (1988 - 2000), ela conta que a educação Marista foi uma tradição na família.

Tenho sete irmãos e todos estudaram no Colégio Cearense. Meu pai havia estudado lá também. Lembro que no ensino fundamental, além das matérias teóricas, tínhamos aulas de artes, de música, de religião. Lembro de muitos professores com muito carinho!”, conta.”

Para ela, a educação no colégio influenciou suas escolhas de vida. “Era um colégio que preparava para a vida, seja qual fosse a formação que escolhesse. Até hoje tenho sonhos com o colégio. Lembro de cada canto da escola, dos professores e dos amigos que fiz lá e algumas dessas amizades perduram até hoje!

A escritora e artista plástica Valeska Capistrano, 55, estudou no Colégio Cearense Marista de 1985 a 1987 e recorda com carinho sua experiência na instituição. A mais nova de 10 irmãos, Valeska sonhava em estudar lá e, mesmo como aluna pagante, precisou passar por um rigoroso processo seletivo. “Passei para estudar no ensino médio. Para ter ideia, foi uma emoção até maior do que quando passei no vestibular", relata.

Valeska destaca a forma acolhedora com que os Irmãos Maristas lidavam com os alunos. "Era uma época em que não havia celular, então era muito comum nós, alunos, estarmos em rodas de conversa e jogando algo e os irmãos virem e conversarem com a gente. Eles mostravam um carinho e cuidado genuínos com os alunos, como se fossem nossos pais."

Hoje, a artista ressalta que ainda participa de encontro de ex-alunos. “Nós sempre fazemos eventos, no mesmo prédio da Duque de Caxias, no último sábado do mês de agosto. Muitas pessoas costumam dizer que ‘eram felizes e não sabiam’. Eu sempre digo: ‘Eu era feliz e sabia, conclui.

(*) Jornalista de O Povo

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/10/24. Cidades. p.17.

INSTITUTO DO CÂNCER DO CEARÁ: 80 anos de atuação em prol do Ceará

 

No último decênio, o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), fundado em 25/11/1944, experimentou notáveis progressos que consolidaram a sua posição no cenário regional e nacional, tanto na assistência oncológica, com sua linha de cuidado integral, como um centro de referência na formação de especialistas, via especialização, residências e mestrado, e instituição de pesquisa oncológica, mercê da sua participação em pesquisas clínicas e da aprovação de investigações financiadas pelo Pronon.

A celebração dos 80 anos do ICC, prevista para iniciar em novembro de 2024, é uma reafirmação dos seus valores fundamentais: inovação, excelência e, acima de tudo, empatia. A programação, que inclui eventos científicos, culturais e sociais, reflete a atuação multifacetada da instituição.

Hoje, o ICC é uma instituição moderna, com a incorporação de avançadas tecnologias de diagnóstico e tratamento, e eficiente, no gerenciamento dos seus recursos, possuindo um amplo reconhecimento social do povo cearense.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Médico epidemiologista do ICC

*Publicado In: Jornal do médico impresso, 20(183): 19, outubro de 2024. (Revista Médica Independente do Ceará).


COM O EXÉRCITO NÃO DÓI

Por Marcos Gurgel (*)

Como 2º Tenente R/2, do quadro de saúde, lotado no Hospital do Exército em Fortaleza, cedido ao quartel do 23º Batalhão de Caçadores, participei de uma ação cívico-social em um pequeno distrito de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza.

Consultório de campanha montado, iniciei o meu trabalho no começo de uma bela manhã. Primeiro paciente, um falante que foi logo dizendo:

"Toda vez que o Exército vem aqui em extraio um dente; todo mundo aqui sabe que eu só extraio dente com o Exército, porque com o Exército não dói!". Posicionei o saltitante paciente na cadeira odontológica (de campanha, sem conforto), e comecei a trabalhar.

De cara, fraturei a corroa de um primeiro molar inferior, e então ouvi:

"É sempre assim. Vá em frente Tenente, que eu sou descendente de índios e tenho os dentes muito duros".

Início de carreira, pouca experiência, corria o ano de 1978. Então pensei em me valer do Capitão-Chefe, mas não o encontrei... Convoquei então um esforçado soldado para me dar apoio e comecei o quebra-quebra, com cinzel e martelo.

Dava sempre uma paradinha e, preocupado, perguntava:

– Dói? – e lá vinha a resposta, incontinenti:

– Como Tenente, se com o Exército não dói?

Duas horas de luta, consegui o intento, mediquei e dispensei o paciente.

À noite, no acampamento, eu já deitado, eis que ouço o índio falante procurando o Tenente Gurgel. Pensei: meu Deus, o coitado deve estar morrendo de dor...

Com o coração em sobressalto me dirigi a ele e perguntei:

– Você está com algum problema? Está com muita dor? – e lá veio a resposta enfática:

– Não estou sentindo nada. Eu vim só saber do Senhor se posso arrancar o dente vizinho amanhã de manhã...

E repetiu o velho chavão:

– Dor que nada, Tenente. Com o Exército não dói!

(*) Marcos Maia Gurgel (05/07/1953 - 20/07/2024), odontólogo e escritor cearense (contador de histórias).

Postado por Paulo Gurgel no Blog Linha do Tempo em 2/08/2024.

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/08/com-o-exercito-nao-doi.html


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

PARTICIPAÇÃO NA ANTOLOGIA “PALAVRAS CHAVES”


 Parte dos sobramistas e seus convidados no encerramento do lançamento da antologia Palavras Chaves em 10/10/2024.

Aconteceu na noite de ontem (10/10/24), na Unichristus, o lançamento de Palavras Chaves, a Antologia da Sobrames de 2024, produzida sob a nossa organização, em colaboração com a secretária Orlânia Dutra, reunindo contribuições literárias de 64 sobramistas, dos quais 60 médicos.

Além da apresentação da obra e da homenagem póstuma ao sobramista José Eduilton Girão, nela republiquei quatro textos de nossa autoria, originalmente publicados In:Contando Causos: de médicos e de mestres!”: São eles: O formalismo epistolar”, “Doutor ‘honoris causa’ para o dom de Deus”, “A vitória do medo e “Parentesco sem privilégio”.

Esse material será postado, oportunamente, neste blog, observando a sequência citada.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Organizador da Antologia da Sobrames/CE

Crônica: “Acelerou o áudio em 2x e levou a técnica pra cama” ... e outro causo

Acelerou o áudio em 2x e levou a técnica pra cama

Véi Dedé aprendeu com a primogênita Naninha a bulir no celular e hoje em dia, mais que utilizar o Samsung para o trivial modo-fofocar com os colegas da 'Praça Dão Pêdo', leva o tempo a espalhar as arrumações que cata nas mídias sociais, compartilhando "incandilice" com meio mundo. Aqui e acolá fotografando e filmando uma besteirinha ou outra, tá feito menino na frente do aparelho, chega escangota. "Não desgruda da geringonça!", reclama-se a esposa Genilda.

Orelha direita, de uns tempos pra cá, colada à cabeça de tanto apertar o bicho pra ouvir as potocas que lhe enviam, os olhos do escovado velhinho estão cansados de assistir "ao que não presta". Esquece até de beber água. Pior: o fura-bolo endurecido de teclar "leriado sem futuro". Diante do quadro, o octogenário senhor recebeu lições preciosas de Naninha, e agora não mais perde tempo com recados longos do WhatsApp, ouvindo sílaba por sílaba o que lhe mandam o povo da família e as gentes dos diversos grupos.

Súbito, a coisa mudou de figura. O homem se doutorou em acelerar os áudios (mensagens recebidas por minuto) em 1,5x e 2x. A filha orientou-lhe direitinho sobre como proceder. "A vida moderna requer presteza, pai, e o senhor tem que se ispicializar!"

- Pra começo de conversa, 1x é a velocidade normal. Tá? - expôs a menina.

- Gabarito, Naninha! Que mais?

- Bem, quando quiser apressar uma coisinha a gravação, toque no ícone 1,5x.

- Assim? - Dedé demonstrando como se faz.

- Isso mesmo! Agora, se o senhor quer dobrar a velocidade, botando discatitar, ficar bem ligerim a conversa mole gravada, lasque o 2x. Certo?

- Certíssimo, filha! Tá é feito!

Só deu pra radiola do véi Dedé, a novidade do apressamento das gravações. Perde mais tempo não! É tudo no 2x. 1,5x pra ele é passo de tartaruga.

- Se tivesse 3x ainda era melhor! Ô negada pra me mandar cavilação!

Craque em aumentar a ligeireza de reprodução dos áudios, danou-se ele a instruir a moçada da 'Dão Pêdo'; ninguém mais perde tempo com "vagareza nas escutação" por ali. É o novo véi Dedé, impressionado e feliz com a possibilidade tecnológica recém-aprendida. Mas, contudo, nosso invocado personagem findou sendo vítima da própria novidade... na cama! Sim. Agarrado com dona Genilda, fugindo totalmente ao padrão 1x em matéria de "um lovezim caprichado", Dedé imprimiu ritmo nunca dantes visto ao ato, para espanto da mulher, entre entusiasmada e cismada, se tremendo toda.

- Diabeisso, meu amor?!?

- É o seu Dedé 2x!!!

- E pra que esse 'avexame' tão bom, bebê de mãe?

- É mode que a carga tá só um pauzim, Genilda!

- Pois cuide! Aproveite! Seu carregador tá quase pifando!

Grande Enciclopédia da Fala Cearense (ampliando...)

À moda perua cega, só empurrando mí pelo bico! - Fazendo a coisa a esmo, despreocupadamente.

Conversa de galego - Conversa macia, pra ganhar o freguês.

Infedível - Que ou aquele que não está cheirando bem - tá pôde.

Socar a moleira - Apertar a moleira da criança pra tirar o efeito nocivo do mau-olhado.

(Só) vale o bigode dum bode - Estar com o dinheiro contado, curto.

Ter uma lacraia no bolso - Ser ruim de pagar uma conta.

Tomar sabugo da boca de jumento - Estar numa de horror, liso e sem expectativas.

Fonte: O POVO, de 23/08/2024. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A CORRIDA MALUCA

Por Romeu Duarte Junior (*)

Senhoras e senhores, tomem seus lugares à frente da TV, do celular e do computador que a corrida começou. Sim, será mais do mesmo, só que desta vez o show está mais para hard core do que para voo de colibri. Em vez de propostas exequíveis voltadas à resolução dos problemas desta sofrida cidade, baixarias, memes, xingamentos, mentiras a granel e toda sorte de baboseiras. Claro, os histriônicos postulantes a vereador de sempre já mostram as caras, que sem eles o horário eleitoral não teria a menor graça. Por que concorrem, já que não serão eleitos? Talvez por carência, quiçá por vontade de aparecer, sabe-se lá. No quesito moda, tem do casual chic passando pelo street wear ao canelau look. Em menos de um mês, o primeiro turno das eleições municipais. Segurem-se...

As pesquisas estão completamente baratinadas, não se sabe se pelo método investigativo delas ou pela falta de credibilidade de alguns institutos. Numa, o aspirante a alcaide encontra-se avançado em relação aos seus opositores; noutra, acha-se lá na rabeira, vá entender. Aliás, quem precisa de pesquisa eleitoral para definir seu voto é gente que nunca teve educação político-ideológica ou que há muito a rebolou na lata do lixo. Não será o sujeito engomadinho com seu meloso discurso quem vai ganhar o eleitor consciente. O formato debate/programa eleitoral/santinho está completamente superado pela intensidade pantanosa das redes sociais, onde vicejam patranhas mil. As muitas promessas que jamais serão cumpridas embrulham o estômago. Política baixa.

E quanto aos candidatos a prefeito? O atual ocupante do Palácio do Bispo e concorrente à reeleição passou meses desaparecido da cidade e teve que criar um personagem metido a descolado para se comunicar com o povo de Fort City. Vai dar certo? Tenho as minhas dúvidas. O chefe dos amotinados, com seu rosto de bom moço, que não engana ninguém. Aliás, os incautos é que se enganam com ele. O deputado federal conhecedor da anatomia humana que se diz anti-sistema. Se por anti-sistema se entende alguém que não reconhece nem respeita a Constituição Federal e os poderes constituídos, tal como o seu mentor, aí é caso de falta de decoro parlamentar a ser punida. O requerente que aguarda ansiosamente pelo apoio da Loura, que talvez nunca venha. E o resto é traço...

Anoto mentalmente essas impressões enquanto assisto na Praça do Ferreira a um ato do Movimento Crítica Radical. Meus valorosos e combativos amigos do grupo há muito elegeram a política e o capitalismo como entes dignos de serem levados ao paredão. "Emancipação ou extinção!", bradam eles. Ora, o que é isso senão uma forma de se fazer política? Eliminar a política evitaria as disputas, tão caras aos seres humanos? Disse Platão que "não há nada de errado com aqueles que não gostam de política; simplesmente serão governados por aqueles que gostam". É do jogo, como dizem os sábios. A tarde cai enquanto meu pensamento voa e pousa na peleja entre o pretenso Dono do Mundo e o Togado Careca. Quem ganhará? Melhor merendar um pastel com caldo de cana.

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Vida & Arte. p.2.

A IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO NA ORTOPEDIA

Por Leonardo Drumond (*)

No dia 19 de setembro, celebramos o Dia do Ortopedista, uma data que nos convida a refletir sobre o papel essencial dos profissionais de ortopedia na promoção da saúde musculoesquelética. No entanto, também é um momento oportuno para pensar sobre como podemos fortalecer a prática ortopédica e melhorar o atendimento à população. Como presidente da Cooperativa dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Ceará (Coomtoce), acredito que o caminho para esse fortalecimento passe pelo cooperativismo.

A ortopedia é uma área da medicina que exige uma abordagem multidisciplinar e coordenada para proporcionar o melhor cuidado aos pacientes. Precisamos de um sistema de saúde em que os ortopedistas tenham condições adequadas de trabalho, acesso a recursos atualizados, oportunidades de educação continuada e, sobretudo, uma estrutura que valorize o trabalho médico e permita que o foco seja sempre o paciente.

O cooperativismo, como modelo de gestão e organização, oferece uma alternativa valiosa em um cenário onde a saúde frequentemente é tratada como um negócio. A lógica cooperativa é baseada em valores como a solidariedade, a colaboração e a busca pelo bem comum. Em um contexto onde o setor privado visa o lucro e o setor público, muitas vezes, enfrenta dificuldades de financiamento e gestão, as cooperativas médicas se tornam um espaço de resistência e inovação na promoção de saúde de qualidade.

Na Coomtoce, temos trabalhado para criar um ambiente onde o ortopedista pode se desenvolver plenamente como profissional. Através do cooperativismo, promovemos a união de forças para negociar melhores condições de trabalho, assegurar um ambiente ético e transparente, e promover a constante atualização dos nossos cooperados. Ao trabalharmos juntos, conseguimos não apenas oferecer melhores condições para os ortopedistas, mas também impactar diretamente a qualidade do atendimento oferecido à população.

É fundamental reconhecer que o futuro da nossa especialidade depende da união de forças. Somente através da cooperação e do comprometimento com o bem comum podemos oferecer um atendimento de excelência, acessível e humanizado para toda a população. Este é o caminho que devemos seguir para fortalecer a ortopedia e garantir que ela continue evoluindo de forma sustentável e inclusiva.

(*) Médico. Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) – Regional Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/09/2024. Opinião. p.28.

 

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