segunda-feira, 14 de julho de 2025

A CHINA É FATOR DE ESTABILIDADE GLOBAL

Por José Nelson Bessa Maia (*)

No sistema internacional, o hegemon é um Estado que exerce liderança ou predominância sobre os demais, seja por meios militares, econômicos, políticos ou culturais. Suas responsabilidades principais envolvem tanto a manutenção dos bens públicos da ordem internacional quanto a promoção de regras e instituições que garantam estabilidade e previsibilidade.

No atual contexto de declínio do Império americano, os EUA no Governo Donald Trump perdem a sua posição de hegemon ao deixar de manter a ordem internacional e atuar para gerar instabilidade e incerteza na economia mundial. Ao contrário disso, a China exerce um papel cada vez mais significativo na preservação da estabilidade global. Contribui para o crescimento, ancora as cadeias de suprimentos globais e promove o desenvolvimento e a cooperação econômica em regiões menos desenvolvidas.

O forte foco da China na demanda interna a torna menos vulnerável a choques externos e mais confiável nas previsões econômicas globais. Um elemento fundamental dessa contribuição chinesa tem sido o seu sistema de planejamento estatal cujos planos quinquenais constituem um instrumento eficaz para o progresso econômico e social da China a médio e longo prazo. Traça seus objetivos gerais, as principais tarefas e a orientação de políticas do país em diferentes setores ao longo de períodos de cinco anos.

O sistema de planos quinquenais da China é um dos poucos grandes sistemas de planejamento no mundo mantido e executado com sucesso nos últimos 70 anos, demonstrando as vantagens únicas de seu sistema político. Desde o Primeiro Plano Quinquenal (1953-1957), estes planos não só orientaram o desenvolvimento transformador da China, como também evoluíram para ir ao encontro das condições e dos desafios de cada época. Os planos quinquenais refletem a visão chinesa de busca de harmonia e à sua ideia de pensar o longo prazo.

A formulação de um plano quinquenal combina a liderança do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) com uma ampla participação de base popular. Uma sessão plenária do Comité Central do PCC apresenta então suas propostas para o plano nacional. O Conselho de Estado, o órgão administrativo máximo do Estado chinês, elabora então um esboço do plano, que é então revisto e aprovado pelo órgão legislativo nacional da China, antes de ser oficialmente lançado e depois implementado.

O 14º Plano Quinquenal iniciado após a China ter atingido o objetivo de construir uma sociedade moderadamente próspera, centrou-se no desenvolvimento de alta qualidade. Não fixou uma meta explícita de crescimento do PIB, mas priorizou a transição verde, a autossuficiência tecnológica, a prosperidade comum, o desenvolvimento regional equilibrado, bem como a reformas mais profundas e a uma abertura econômica de alto padrão.

(*) Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

Fonte: O Povo, de 8/06/25. Opinião. p.20.

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