Por José Nelson Bessa Maia (*)
No sistema
internacional, o hegemon é um Estado que exerce liderança ou predominância
sobre os demais, seja por meios militares, econômicos, políticos ou culturais.
Suas responsabilidades principais envolvem tanto a manutenção dos bens públicos
da ordem internacional quanto a promoção de regras e instituições que garantam
estabilidade e previsibilidade.
No atual contexto
de declínio do Império americano, os EUA no Governo Donald Trump perdem a sua
posição de hegemon ao deixar de manter a ordem internacional e atuar para gerar
instabilidade e incerteza na economia mundial. Ao contrário disso, a China exerce
um papel cada vez mais significativo na preservação da estabilidade global.
Contribui para o crescimento, ancora as cadeias de suprimentos globais e
promove o desenvolvimento e a cooperação econômica em regiões menos
desenvolvidas.
O forte foco da
China na demanda interna a torna menos vulnerável a choques externos e mais
confiável nas previsões econômicas globais. Um elemento fundamental dessa
contribuição chinesa tem sido o seu sistema de planejamento estatal cujos
planos quinquenais constituem um instrumento eficaz para o progresso econômico
e social da China a médio e longo prazo. Traça seus objetivos gerais, as
principais tarefas e a orientação de políticas do país em diferentes setores ao
longo de períodos de cinco anos.
O sistema de
planos quinquenais da China é um dos poucos grandes sistemas de planejamento no
mundo mantido e executado com sucesso nos últimos 70 anos, demonstrando as
vantagens únicas de seu sistema político. Desde o Primeiro Plano Quinquenal
(1953-1957), estes planos não só orientaram o desenvolvimento transformador da
China, como também evoluíram para ir ao encontro das condições e dos desafios
de cada época. Os planos quinquenais refletem a visão chinesa de busca de
harmonia e à sua ideia de pensar o longo prazo.
A formulação de
um plano quinquenal combina a liderança do Comité Central do Partido Comunista
da China (PCC) com uma ampla participação de base popular. Uma sessão plenária
do Comité Central do PCC apresenta então suas propostas para o plano nacional.
O Conselho de Estado, o órgão administrativo máximo do Estado chinês, elabora
então um esboço do plano, que é então revisto e aprovado pelo órgão legislativo
nacional da China, antes de ser oficialmente lançado e depois implementado.
O 14º Plano
Quinquenal iniciado após a China ter atingido o objetivo de construir uma
sociedade moderadamente próspera, centrou-se no desenvolvimento de alta
qualidade. Não fixou uma meta explícita de crescimento do PIB, mas priorizou a
transição verde, a autossuficiência tecnológica, a prosperidade comum, o
desenvolvimento regional equilibrado, bem como a reformas mais profundas e a
uma abertura econômica de alto padrão.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de
Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países
Lusófonos e China-América Latina.
Fonte: O Povo, de 8/06/25. Opinião. p.20.
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