Por Marcos Holanda (*)
Em recente
editorial, este jornal fez a seguinte declaração: "Parece claro haver uma
contradição insanável na teoria de que o crescimento e o aumento do emprego, ao
invés de ser boa é uma má notícia". Nada mais equivocado. Não existe tal
teoria nem contradição.
Crescimento
econômico e emprego sempre foram e sempre serão os objetivos principais de
qualquer política pública.
No entanto, a
teoria e as inúmeras evidências empíricas afirmam, de forma categórica, que
esses só são alcançados de forma sustentável em ambiente de inflação baixa.
A
"mágica" de um pouquinho mais de inflação para gerar mais crescimento
e emprego não existe. A perigosa receita é o governo baixar juros e gastar
mais, pois isso gera mais crescimento, mais emprego e mais oferta e no final
menos inflação. O Brasil tentou isso várias vezes.
Na década de
1980, com Delfin contra Simonsen, tentou com o Plano Cruzado, tentou com a
Dilma e em todas as vezes o resultado foi menos crescimento, mais inflação e
mais desemprego.
Mais
recentemente, na Turquia, o presidente anunciou que os juros altos causavam
inflação e os reduziu na marra. Resultado: a inflação dobrou.
A realidade é que
a economia tem um limite máximo de crescimento e mínimo de desemprego no curto
prazo em função de fatores estruturais como estoque de capital, infraestrutura
e produtividade. Querer superar tais limites gera pressão de inflação que rapidamente
aborta qualquer crescimento imediato. É o famoso voo de galinha.
Precisamos
entender e focar nos verdadeiros inimigos do crescimento e emprego. Nosso
inimigo não é o Banco Central. Nossos inimigos são os elevados déficit e dívida
pública, baixa poupança, baixo investimento, baixa produtividade, alta e
desigual carga tributária.
Se não
identificarmos o inimigo de forma correta jamais venceremos a guerra. Seremos
sempre um país derrotado pelo baixo crescimento.
(*) Economista.
Fonte: O Povo, de 11/06/25. Opinião. p.17.
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