Por Izabel Gurgel (*)
Tem pé-de-moleque da padaria Globo, que
fica em uma das esquinas das ruas Padre Mororó e Pedro Pereira. Bom para levar
inteiro.
Ainda no Centro de Fortaleza, teria a
bolacha de massa folhada, feita nas grandes formas retangulares de madeira da
padaria Ideal, na Praça da Lagoinha. Fechou.
Tem mais pé-de-moleque, o da Pão e Pães, a
padaria das libanesas na Pereira Filgueiras, a rua que nasce, ou finda, quase
no Pajeú passando no Paço Municipal.
Que seja aberto à fruição pública o Paço
Municipal, jardim-pomar com anfiteatro e uma cacimba coberta de acústica de
excelência. Teatro Máquina fez ali, intérpretes de patins deslizando na coberta
sobre as águas, uma sessão de Leonce & Lena.
Gerson Augusto de Oliveira Jr. autografou
lá, em 2006, meu exemplar de "Torém, brincadeira dos índios velhos",
dissertação de mestrado contemplada com o Prêmio Sílvio Romero, de 1997, do
Ministério da Cultura, Fundação Nacional das Artes (Funarte) e Centro Nacional
de Folclore e Cultura Popular.
De volta à Pão e Pães, que encerra
atividades no último dia útil de junho. Bolo de grude e bolo de goma do Piauí,
apresentado também como rosca de queijo. Será que as irmãs libanesas deixam a
receita pra gente?
No Nossa Senhora das Graças tem O Boleiro.
Pelo cheiro de bolo no forno, você pode morder o fiteiro. É o vale tudo do bem
quente. O com abacaxi, melhor esfriar um pouquinho.
Laranja com damasco. Bolo da Le Pain, Le
Café da Professor Dias da Rocha. Já leu sobre a coleção dele no Museu do Ceará?
Livro de bolso de Felipe Bottona da Silva Telles e Diva Maria Borges-Nojosa.
Nhac.
Em Icó, na padaria Vale do Salgado,
rosquinhas com açúcar e canela. E uns cafés com os livros dos arquitetos Clóvis
Ramiro Jucá Neto (Icó e Aracati) e José Clewton do Nascimento (Icó e Sobral).
Em Sobral, pêtas da região. Em Aracati, canjirão do Fortim, com cheiro de fogo
de lenha. Tem no mercado.
Faz-de-conta que deu a hora de uma comida
mais fornida. Paçoca do Deca ou do Galinha Caipira, ainda em Icó. Paçoca da
Lúcia, no restaurante que tem o nome dela, na estrada da Caponga, em Cascavel.
Delícia: é proibido som de carro. Lúcia foi do Ravengar, restaurante de outrora
nas mesmas áreas, com salão sob mangueiras de copas cheias e a mais esgarçada
das carnes em paçoca de pilão.
Tem paçoca com cebola roxa, feita na
capital, que levo de presente como se fosse fruta do pé. É a do Sabor da
Picanha, na João Cordeiro com Santos Dumont. De abrir a quentinha na hora da
entrega, desfrutar do cheiro e ouvir o coro de huuummm.
...
E você, anda lendo o que?
...
Nunca se produziu tanta comida quanto nos
dias de hoje. É o mesmo mundo que mais produz gente com fome.
(*) Jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/06/25. Vida & Arte, p.2.
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