sexta-feira, 1 de abril de 2016

A CULTURA É IMORTAL


Escrevi no inicio de 2014 uma crônica intulada  “Cultura não  é Divertimento”, da qual cito um trecho:
...Na escala zoológica, alcançamos o cume da evolução graças à capacidade de produzir a verdadeira cultura e de passá-la às gerações sucessivas, que a aprimorarão cada vez mais.
Lendo Zygmund Bauman no seu “Para que serve a sociologia?” ed. Zahar –tradução para o português (2015), passei a olhar a cultura de um maneira mais ampla, em especial quanto ao seu significado, não importando as adjetivações com as quais venha acompanhada: cultura popular, cultura clássica, cultura erudita, cultura da imagem, cultura da internet, etc.
Não devemos esquecer que o termo cultura - ou seus equivalentes - passou ao vocabulário popular no fim do século XVIII, como se não tivesse havido cultura grega, medieval ou, bem antes, paleolítica.
O senso comum (conhecimento gerado com o que pensamos, mas raramente refletimos), leva-nos a problematizar, confundir, complicar o que é natural (aqui, referente à natureza das coisas), criando problemas onde não os há... para deleite dos eruditos, intelectuais, acadêmicos ou departamentos universitários.
Mas, voltando à minha autocitação inicial em que menciono escala zoológica e cultura digo:
As emoções humanas (do Homo sapiens) são criadas pelo reconhecimento da importância da mortalidade. Fato que torna os humanos numa singularidade no Planeta. Os animais e os vegetais não sabem que são finitos, portanto desconhecem a agonia de saber que vão morrer.
O modo humano de ser pessoa, gente, cidadão, está em sermos os únicos “objetos” vivos que sabem que não são eternos. Os animais, apesar de possuírem o instinto de preservar sua existência, ignoram o fato de que vão morrer. Julgam-se imortais.
A cultura, seja qual for o sentido que possamos lhe dar, não passa de um mero esforço — embora permanente — da tentativa de tornar suportável a vida, enquanto a morte não vem. A cultura não morrerá nunca... enquanto vivos estivermos.
Ela é imortal.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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