segunda-feira, 25 de abril de 2016

Breve resumo do primeiro mandato de Lula II: Ano 2004


Por João César de Melo
Já que, enfim, Lula está sendo enquadrado pela justiça, creio ser pertinente fazermos um breve resumo do seu primeiro mandato, no qual foi iniciada a degradação política e institucional que enoja a sociedade brasileira.

Seu segundo ano na presidência começou com o Ministério do Planejamento anunciando a substituição do avião presidencial, conhecido como “sucatão”. Uma ideia rejeitada por Fernando Henrique Cardoso sob o argumento de contenção de despesas. Lula optou por um modelo da Airbus em vez de um modelo semelhante, fabricando pela Embraer. Foram gastos R$ 57 milhões na compra da aeronave e U$ 13 milhões em sua decoração.
No mês de fevereiro eclodiu o primeiro o escândalo de corrupção envolvendo o poder executivo. Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu, foi flagrado em vídeo cobrando propina para o PT e para ele próprio. Foram apenas dois dias de desconforto. Logo Lula e toda a militância petista saíram em defesa do acusado. Semanas depois, também veio a público o envolvimento de Delúbio Soares, tesoureiro do PT.
Iniciava-se uma longa e contínua pauta política-policial envolvendo membros graúdos do Partido dos Trabalhadores.
Um mês depois da divulgação da fita do Waldomiro, o governo conseguiu impedir a criação da CPI que investigaria a morte do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, cujo assassinato era visto por muitos como queima de arquivo, já que a vítima foi apontada pelo seu próprio irmão como membro de um esquema de cobrança de propina em benefício de campanhas do PT.
Para impedir que o assunto dominasse a mídia, foi anunciada a Expo Fome Zero, um evento que daria pauta positiva ao governo. O detalhe é que o evento seria organizado pelo Ministério da Segurança Alimentar, extinto semanas antes. Lula fez uma dúzia de discursos sobre o evento que não foi realizado.
As inovações petistas continuavam: Lula foi o primeiro Presidente da Republica pós-regime militar a expulsar um jornalista do país. A vítima foi Larry Rotter, do New York Times, que ousou escrever uma matéria sugerindo que Lula bebia demais.
No mesmo mês de maio a Polícia Federal desencadeou a Operação Vampiro, que levantou um desvio de mais de R$ 2,3 bilhões dos cofres públicos. Entre os envolvidos, o então ministro Humberto Costa (atual líder do governo no senado) e novamente Delúbio Soares, posteriormente condenado no processo do mensalão.
Veio a público também que o petista José Mentor (hoje investigado pela Operação Lava Jato) se utilizava de documentos e informações da CPI do Banestado, da qual era o relator, para extorquir empresários.
Desde que Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto, o uso da máquina estatal e do dinheiro público passou a ser um procedimento tão rotineiro que os petistas não se davam nem ao trabalho de esconder seus feitos. Um exemplo: Para angariar fundos para a construção de sua sede em São Paulo, o PT promoveu um show privê do Zezé de Camargo e Luciano numa famosa churrascaria e mandou o Banco do Brasil comprar os ingressos ao custo de R$ 1 mil cada um.
Entre os absurdos cotidianos e as sistemáticas negações e retóricas de Lula e do PT, o governo tentou aprovar o Conselho Federal de Jornalismo, eufemismo para órgão de censura, que teria a missão de “orientar, disciplinar e fiscalizar” a atividade dos jornalistas, prevendo um código de conduta e penas para os infratores.
Era apenas o segundo ano de governo e os petistas já se sentiam acima da lei, da ética e da moral. Quando um vereador petista foi preso numa rinha de galo na companhia de Duda Mendonça, tudo foi resolvido com um telefonema dado pelo marqueteiro ao ministro da justiça. O flagrante não provocou o repúdio de nenhum artista e de nenhum grupo de defesa dos direitos dos animais. Na imprensa, o caso mereceu pouca atenção.
Era ano de eleições municipais e o Partido dos Trabalhadores nunca se vira com tanto dinheiro em caixa. Desde que Lula foi eleito, seus recursos foram multiplicados. Em 2004, o PT gastou em suas campanhas mais de R$ 100 milhões de reais, enquanto PSDB, PFL (atual DEM) e PMDB gastaram, somados, R$ 90 milhões. Em São Paulo, a campanha da Martha Suplicy à prefeitura contratou 4 mil cabos eleitorais.
A quase totalidade da imprensa negou-se a fazer um simples questionamento: De onde vinha o dinheiro?
O clima eleitoral desviou o foco da notícia dos 800 kg de camarão comprados pelo ministério da defesa de uma só vez, mas bastou as eleições terminarem para a Polícia Federal deflagrar a Operação Pororoca, enquadrando petistas até então anônimos no crime de desvio de mais de R$ 100 milhões, no Amapá.
Foi nesse ano que Lula gravou seu bordão “Sou brasileiro, não desisto nunca”. Bordão coerente com os dias em que vivemos hoje, com o próprio Lula insistindo em ser visto e tratado como Deus.
Nota do Blog: Optamos por postar por ano o artigo integral publicado por Rodolfo Constantino no Instituto Liberal. A bibliografia recomendada constará na última postagem.

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