Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Intelectuais
são pessoas normais e, portanto, se movem por interesses que nem sempre podem
ser revelados em voz alta. Por exemplo: vaidade, ambição, paixões,
racionalizações pragmáticas, inveja, ódio, amor, instinto de competição…
E
dinheiro? Claro que sim, mas, na vida de profissionais do saber, normalmente,
isso se traduz em verbas de pesquisa, palestras, concursos, homenagens, glória
e – agora – aparecimento na mídia. Avalio que a resposta está (onde sempre
esteve) na vaidade humana.
Os
intelectuais julgam-se o novo clero do mundo, mas atuam como qualquer criatura
humana, com as mesmas paixões. Com a chegada do desenvolvimento os homens do
conhecimento primeiro foram vistos como homens de Deus (profetas, prelados,
adivinhos, oráculos, conselheiros). Gurus.
A
arrogância intelectual chegou a esta era pós-moderna em que a política se fez
teologia, e eles, agentes da graça redentora, embora eivados de uma falsa
presunção de superioridade moral. Basta ver a história recente do PT (partido
que reuniu a esmagadora maioria dos intelectuais brasileiros nos últimos
tempos) para perceber o ridículo dessa gente.
E o
pior é a pergunta que decorre diretamente da derrocada moral do PT: como esses
intelectuais foram incapazes de enxergar que o partido era na realidade uma
assembleia de gente no mínimo duvidosa, moralmente?
Intelectuais
não são reserva de moral. Não são os guardiães do bem. Salvo as exceções de
praxe.
Em
minha longa existência eu jamais encontrei algum rico na antessala de um
intelectual, mais vi muito intelectual em salas de espera de poderosos.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
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