quinta-feira, 6 de setembro de 2018

ESCRITOR CEARENSE HORÁCIO DÍDIMO MORRE AOS 83 ANOS

Foto Camila de Almeida
Por Teresa Monteiro & João Gabriel Tréz

"Viajo pelo tempo e pelo espaço/ Profundamente, mas sem rumo certo/ E vou gravando tudo num retrato/ Feito de vozes e pequenos gestos/ Talvez de adeuses e pequenos restos" (Trecho do poema “A Viagem”, de Horácio Dídimo)
O professor, escritor e poeta cearense Horácio Dídimo morreu na noite de domingo, 2/9/18, aos 83 anos. Ele havia sido internado por problemas renais no fim de semana e não resistiu. Nascido na capital cearense em 23 de março de 1935, o autor destacou-se na produção de poesia e também de literatura infantil, área na qual se firmou como um dos mais importantes nomes do País. Com formação em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e, posteriormente, em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC), foi Mestre em Literatura Brasileira (UFPB) e Doutor em Literatura Comparada (UFMG) com a tese Ficções Lobatianas: Dona Aranha e as Seis Aranhinhas no Sítio do Picapau Amarelo.
Fã declarado de Monteiro Lobato, o autor escreveu obras como O Passarinho Carrancudo (2003), As Historinhas do Mestre Jabuti (2003), O Menino Perguntador (2011), Historinhas Cascudas (2011), As Reinações do Rei (2012) e A Escola dos Bichos (2012), todos publicados pela Editora Dummar. Na poesia, lançou livros como Tempo de Chuva (1967), A Nave de Prata (1991), A Palavra e a PALAVRA (2002), A Nave de Rubi (2006) e A Estrela Azul e o Almofariz (2012). Com passagem por diversos colégios de Fortaleza, Horácio foi professor do Departamento de Literatura da UFC, tendo deixado como legado uma atuação múltipla, marcada por afeto e comprometimento. Atuou, em especial, nas disciplinas de Literatura Brasileira e Literatura Infantil, ambas do Curso de Letras.
O primeiro contato de Horácio Dídimo com o famoso escritor de Reinações de Narizinho veio através dos pais como contou em entrevista ao O POVO em 4 de abril de 1998: "Quando eu era criança, meus pais me davam de presente os livros do Monteiro Lobato à medida que eles iam sendo publicados. Acompanhei a publicação de muitas obras até Os 12 Trabalhos de Hércules, que é a publicação que está no final de sua obra. E me lembro que eu vinha do Colégio Cearense, onde estudava, quando ouvi no rádio, em 1948, a morte do Monteiro Lobato. Foi um choque pra mim porque foi como se tivesse perdido alguém da família. Então desde esse tempo que tenho ligação com a literatura infantil e principalmente com Monteiro Lobato", revelou, à época.
Horácio ocupava a cadeira 8 da Academia Cearense de Letras, cujo patrono é Domingos Olímpio. Também foi membro da Academia Cearense da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Hagiologia, da Associação Brasileira de Bibliófilos e sócio honorário da Academia Fortalezense de Letras. Na ACL, ocupava o cargo de Secretário Geral Adjunto da atual diretoria e, na Bahia, foi ainda membro correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris.
Fonte: O Povo, de 4/09/18. Caderno Vida & Arte, p.1.

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