Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Apesar de suas
múltiplas ameaças aos países parceiros dos Estados Unidos, neste começo de ano,
o Senhor Trump não fez referências a elas. Mas, obviamente, as ameaças podem só
estar engavetadas.
De há muito estou
convicto que os norte-americanos pensam e agem como se os EUA fossem o centro
do mundo. Não resta dúvida que eles, são, ainda, o país mais rico deste
planeta.
Talvez por isso e
por consequência de seu poderia bélico, eles se acham o Hobin Hood da
humanidade. Com uma pequena diferença: eles até podem ajudar alguns países, mas
sempre se aproveitando da condição de "benfeitor". E, assim,
enriquecer cada vez mais.
O Senhor Trump,
me parece, é a expressão legítima do pensamento da maioria dos americanos.
Talvez seja hora
de examinarmos o comportamento deles.
E algumas
perguntas me veem à mente. Como foi que eles transformaram o Havaí em estado
americano? Por que eles se acham com o direito de manter uma base militar em
Cuba, um País livre?]
Por que o Senhor
Trump quer impor que o dólar continue a ser a moeda universal, para tanto
ameaçando os países que procuram uma outra moeda alternativa?
Por que eles
acham que podem dar calote no mundo a qualquer hora e quando bem quiserem?
Eles já deram
calote no mundo, quando suspenderam, em 15/08/1971, a convertibilidade
dólar/ouro.
Até aquela data,
existia um consenso entre os países de que haveria uma paridade moeda/ouro para
as moedas envolvidas no comércio internacional. Todos os países obedeciam à
essa regra. Assim, cada país estabelecia uma relação moeda nacional/onça troy.
Inclusive o Brasil.
No caso dos
Estados Unidos, a paridade antes estabelecida era US$35.0 por onça-troy de
ouro.
Pois, naquela
data, o Presidente Richard Nixon, unilateralmente, simplesmente determinou que
os EUA não mais trocariam dólar por ouro.
À época, exceto
talvez a França, todos os países do mundo capitalista tiveram perdas em seus
tesouros por terem dólar como reserva internacional. A França não sofreu
grandes problemas porque o Presidente Charles de Gaule havia trocado as
reservas francesas em dólar por ouro.
Por que, ainda
hoje, mesmo depois desse calote governamental e das crises bancárias naquele
país, o dólar tem que ser a moeda universal?
O Senhor Trump
quer, então, punir os países que comercializam com os EUA, com uma tarifa de
100,0% sobre as importações, se eles se juntarem aos países que estão buscando
encontrar uma nova moeda universal, que não o dólar.
A pergunta,
agora, é: será possível que se consiga sair dessa embrulhada?
É claro que ser
"a" moeda internacional é uma beleza. Basta imprimir as
"verdinhas" e eles podem comprar o que os brasileiros produzem a
duras penas.
A União Europeia
perdeu esta oportunidade.
(*)
Economista e professor titular aposentado da UFC,
Fonte: O Povo, de 12/01/25. Opinião. p.20.
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