sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA EM 2024

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Ao tomar conhecimento da tese ganhadora dos agraciados com o Prêmio Nobel de economia deste ano fiquei muito feliz.

E por que fiquei feliz? Porque, em 1992, em minha Tese de Professor Titular apresentada e aprovada em concurso público do Departamento de Teoria Econômica, da UFC defendi tese semelhante.

Nessa Tese analisei o papel do Setor Público brasileiro como agente do desenvolvimento da Região Nordeste. E lá, explicitamente, defendi que o desenvolvimento atual de qualquer região é o resultado da junção de três fatores: os fatores (recursos) naturais, os fatores históricos e os fatores institucionais e argumentei sobre o poder deste último para a determinação, no caso, das disparidades regionais.

Em trabalho posterior, desta vez em 2017, voltei à tese de 1992, incluindo um quarto fator, o fator aleatoriedade. Esse artigo foi apresentado em Alicante, Espanha, na XXVII Jornadas Hipano-Lusas.

É claro que não estou querendo igualar-me aos ganhadores do Nobel/2024, apenas me alegro por ter visto que a tese que defendo há 32 anos foi reconhecida como importante para a análise de um processo de desenvolvimento econômico.

Como "fator institucional" defino toda ação perpetrada pelo homem e suas instituições. E sempre procurei mostrar que dentre esses fatores institucionais sobressai o papel do governo. Defendi e defendo que este foi o fator mais importante para definir o atual estágio de desenvolvimento do Nordeste.

Esclareço, entretanto, que não fiz pesquisas quantitativas, econométricas, para corroborar esta minha assertiva.

No caso dos ganhadores do Nobel/2024 eles mostraram que algumas sociedades constroem "instituições inclusivas" e prosperam, enquanto, outras, constroem "instituições extrativistas" e ficam para trás.

As instituições inclusivas são aquelas que trabalham para o crescimento econômico, trabalhando com o apoio do governo, e que criam um ambiente de incentivos ao investimento e à inovação, bem como condições de concorrência equitativas.

Por outro lado, as instituições extrativistas são aquelas que são desenvolvidas pelas elites econômicas, dedicadas à exploração dos recursos naturais, sem a preocupação com o progresso e a inclusão social. Assim, seus efeitos são perversos em termos de crescimento econômico, não contribuindo para a prosperidade das nações. I

Vale registrar que foi trabalhando com os "fatores institucionais", no caso o governo federal, que escrevi alguns artigos rebatendo os três mitos que normalmente são apregoados contra a Região: o NE é prioridade do governo federal; é sorvedouro de recursos federais; não responde aos incentivos do governo federal.

Parabéns aos ganhadores do Nobel de Economia 2024!

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 15/12/24. Opinião. p.20.


Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog