Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Ao tomar
conhecimento da tese ganhadora dos agraciados com o Prêmio Nobel de economia
deste ano fiquei muito feliz.
E por que fiquei
feliz? Porque, em 1992, em minha Tese de Professor Titular apresentada e
aprovada em concurso público do Departamento de Teoria Econômica, da UFC
defendi tese semelhante.
Nessa Tese
analisei o papel do Setor Público brasileiro como agente do desenvolvimento da
Região Nordeste. E lá, explicitamente, defendi que o desenvolvimento atual de
qualquer região é o resultado da junção de três fatores: os fatores (recursos)
naturais, os fatores históricos e os fatores institucionais e argumentei sobre
o poder deste último para a determinação, no caso, das disparidades regionais.
Em trabalho
posterior, desta vez em 2017, voltei à tese de 1992, incluindo um quarto fator,
o fator aleatoriedade. Esse artigo foi apresentado em Alicante, Espanha, na
XXVII Jornadas Hipano-Lusas.
É claro que não
estou querendo igualar-me aos ganhadores do Nobel/2024, apenas me alegro por
ter visto que a tese que defendo há 32 anos foi reconhecida como importante
para a análise de um processo de desenvolvimento econômico.
Como "fator
institucional" defino toda ação perpetrada pelo homem e suas instituições.
E sempre procurei mostrar que dentre esses fatores institucionais sobressai o
papel do governo. Defendi e defendo que este foi o fator mais importante para definir
o atual estágio de desenvolvimento do Nordeste.
Esclareço,
entretanto, que não fiz pesquisas quantitativas, econométricas, para corroborar
esta minha assertiva.
No caso dos
ganhadores do Nobel/2024 eles mostraram que algumas sociedades constroem
"instituições inclusivas" e prosperam, enquanto, outras, constroem
"instituições extrativistas" e ficam para trás.
As instituições
inclusivas são aquelas que trabalham para o crescimento econômico, trabalhando
com o apoio do governo, e que criam um ambiente de incentivos ao investimento e
à inovação, bem como condições de concorrência equitativas.
Por outro lado,
as instituições extrativistas são aquelas que são desenvolvidas pelas elites
econômicas, dedicadas à exploração dos recursos naturais, sem a preocupação com
o progresso e a inclusão social. Assim, seus efeitos são perversos em termos de
crescimento econômico, não contribuindo para a prosperidade das nações. I
Vale registrar
que foi trabalhando com os "fatores institucionais", no caso o
governo federal, que escrevi alguns artigos rebatendo os três mitos que
normalmente são apregoados contra a Região: o NE é prioridade do governo
federal; é sorvedouro de recursos federais; não responde aos incentivos do
governo federal.
Parabéns aos
ganhadores do Nobel de Economia 2024!
(*)
Economista e professor titular aposentado da UFC,
Fonte:
O Povo,
de 15/12/24. Opinião. p.20.
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