terça-feira, 6 de maio de 2025

DAI À CIÊNCIA O QUE É DOS CIENTISTAS

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Uma decisão inteligente é conversar com pessoas inteligentes, se possível, à mesa, e as últimas mensagens de Jesus aos apóstolos se deram numa ceia.

Em jantar com o inteligente e notável educador Claudio de Moura Castro, indaguei: "Você é ateu?" A resposta foi: "Nessa questão sou tão preguiçoso que não sei se sou ateu ou agnóstico". Talvez os religiosos, ateus e agnósticos assim sejam por sentir falta do divino.

O filme “Conclave”, com Melhor Roteiro Adaptado e oito indicações ao Oscar de 2025, nos leva ao encontro secreto de cardeais que, por serem humanos, julgam a Igreja santa e pecadora. Num curso em Israel, ouvi: "Deus é espetacular. Nós também o somos. Quem estraga são os intermediários".

No filme, do líder dos cardeais narra ter desistido a renúncia ao decanato ao contar: "O Santo Padre disse que alguns são escolhidos para serem pastores, e outros para administrar fazendas. Pelo visto, sou um administrador".

Um cardeal pergunta ao bélico colega: "[...], o que você sabe sobre guerra? Servi meu Ministério no Congo, em Bagdá e em Cabul. Vi cadáveres e feridos enfileirados no chão, cristãos e muçulmanos. Quando você diz que temos que 'combater', o que acha que estamos combatendo? Acha que são aqueles homens iludidos que cometeram aqueles atos bárbaros hoje? Não, meu irmão. A luta está aqui... aqui. Dentro de cada um de nós. Quando cedemos ao ódio e ao medo, quando falamos de 'lados' em vez de falar por cada homem e cada mulher. Esta é a minha primeira vez entre vocês. E provavelmente será a última. E perdoem-me, mas, nos últimos dias, demonstramos ser um grupo de homens pequenos e mesquinhos, interessados somente em nós mesmos. Em Roma, na eleição e no poder. E essas coisas não são a Igreja. A Igreja não é a tradição. A Igreja não é o passado. A Igreja é o que faremos a partir de agora", concluiu o cardeal.

Questionemo-nos, pois, sobre a seguinte citação talvez atribuída a Napoleão I: "Guerras religiosas são, basicamente, pessoas se matando para decidirem quem tem o melhor amigo imaginário."

Ao final, o filme ensina a alguns homens ditos públicos: dai à ciência o que é dos cientistas.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/04/25. Opinião, p.16.


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