Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Uma decisão inteligente é conversar com
pessoas inteligentes, se possível, à mesa, e as últimas mensagens de Jesus aos
apóstolos se deram numa ceia.
Em jantar com o inteligente e notável
educador Claudio de Moura Castro, indaguei: "Você é ateu?" A resposta
foi: "Nessa questão sou tão preguiçoso que não sei se sou ateu ou
agnóstico". Talvez os religiosos, ateus e agnósticos assim sejam por
sentir falta do divino.
O filme “Conclave”, com Melhor Roteiro
Adaptado e oito indicações ao Oscar de 2025, nos leva ao encontro secreto de
cardeais que, por serem humanos, julgam a Igreja santa e pecadora. Num curso em
Israel, ouvi: "Deus é espetacular. Nós também o somos. Quem estraga são os
intermediários".
No filme, do líder dos cardeais narra ter
desistido a renúncia ao decanato ao contar: "O Santo Padre disse que
alguns são escolhidos para serem pastores, e outros para administrar fazendas.
Pelo visto, sou um administrador".
Um cardeal pergunta ao bélico colega: "[...],
o que você sabe sobre guerra? Servi meu Ministério no Congo, em Bagdá e em
Cabul. Vi cadáveres e feridos enfileirados no chão, cristãos e muçulmanos.
Quando você diz que temos que 'combater', o que acha que estamos combatendo?
Acha que são aqueles homens iludidos que cometeram aqueles atos bárbaros hoje?
Não, meu irmão. A luta está aqui... aqui. Dentro de cada um de nós. Quando
cedemos ao ódio e ao medo, quando falamos de 'lados' em vez de falar por cada
homem e cada mulher. Esta é a minha primeira vez entre vocês. E provavelmente
será a última. E perdoem-me, mas, nos últimos dias, demonstramos ser um grupo
de homens pequenos e mesquinhos, interessados somente em nós mesmos. Em Roma,
na eleição e no poder. E essas coisas não são a Igreja. A Igreja não é a
tradição. A Igreja não é o passado. A Igreja é o que faremos a partir de
agora", concluiu o cardeal.
Questionemo-nos, pois, sobre a seguinte
citação talvez atribuída a Napoleão I: "Guerras religiosas são,
basicamente, pessoas se matando para decidirem quem tem o melhor amigo
imaginário."
Ao final, o filme ensina a alguns homens
ditos públicos: dai à ciência o que é dos cientistas.
(*) Reitor do FB UNI e
Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/04/25. Opinião, p.16.
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