quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Setembro Amarelo e o papel do ajustamento criativo nos processos autodestrutivos

Por Marluce da Mata Martins (*)

Falar sobre ideação suicida e processos autodestrutivos nunca é tarefa simples. Trata-se de um tema delicado, cercado de tabus — mas que precisa ser discutido com responsabilidade, empatia e acolhimento. Muitas pessoas, em diferentes momentos da vida, enfrentam sentimentos de incapacidade, insegurança, medo de não pertencer e até pensamentos suicidas.

Quando o sofrimento não encontra espaço de escuta e apoio, pode levar ao isolamento, ao adoecimento do corpo e da mente — e até à perda do sentido de viver. Segundo a Gestalt-Terapia, esses processos envolvem não apenas dor psíquica, mas também uma dimensão existencial profunda.

A ausência de acolhimento e suporte pode intensificar mecanismos autodestrutivos, como a introjeção — quando o indivíduo passa a viver a partir das expectativas alheias, desconectando-se de sua própria essência. No auge do sofrimento, o suicídio pode surgir como uma aparente solução permanente para problemas passageiros.

No entanto, a experiência clínica e teórica nos mostra que, quando há hetero-suporte (apoio vindo do outro), vínculos saudáveis e um espaço real de pertencimento, é possível ressignificar a dor e reconstruir a vida. A Gestalt-Terapia propõe o conceito de ajustamento criativo — a capacidade de desenvolver novas formas de lidar com o sofrimento. Esse movimento pode transformar experiências autodestrutivas em aprendizado e crescimento.

O amor, o acolhimento e a possibilidade de pedir ajuda são elementos fundamentais nesse processo. Neste Setembro Amarelo, é essencial reforçar: O sofrimento pode ser ressignificado. O amor e o acolhimento têm poder de cura. Pedir ajuda é um ato de coragem. Ninguém precisa enfrentar a dor sozinho. Falar salva vidas. Que possamos criar espaços de escuta, cuidado e pertencimento, fortalecendo a consciência de que sempre há possibilidade de recomeço.

Nós, da SAS Brasil, cuidamos da saúde mental para que mais pessoas tenham acesso a atendimento psicológico e qualidade de vida. Nosso projeto apoia quem precisa de ajuda e não tem condições de pagar por um acompanhamento.

(*) Diretora da SAS Brasil.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2109/2025. Opinião. p.18.

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