Por Marluce da Mata Martins (*)
Falar sobre ideação suicida e processos
autodestrutivos nunca é tarefa simples. Trata-se de um tema delicado, cercado
de tabus — mas que precisa ser discutido com responsabilidade, empatia e
acolhimento. Muitas pessoas, em diferentes momentos da vida, enfrentam
sentimentos de incapacidade, insegurança, medo de não pertencer e até
pensamentos suicidas.
Quando o sofrimento não encontra espaço de
escuta e apoio, pode levar ao isolamento, ao adoecimento do corpo e da mente —
e até à perda do sentido de viver. Segundo a Gestalt-Terapia, esses processos
envolvem não apenas dor psíquica, mas também uma dimensão existencial profunda.
A ausência de acolhimento e suporte pode
intensificar mecanismos autodestrutivos, como a introjeção — quando o indivíduo
passa a viver a partir das expectativas alheias, desconectando-se de sua
própria essência. No auge do sofrimento, o suicídio pode surgir como uma
aparente solução permanente para problemas passageiros.
No entanto, a experiência clínica e teórica
nos mostra que, quando há hetero-suporte (apoio vindo do outro), vínculos
saudáveis e um espaço real de pertencimento, é possível ressignificar a dor e
reconstruir a vida. A Gestalt-Terapia propõe o conceito de ajustamento criativo
— a capacidade de desenvolver novas formas de lidar com o sofrimento. Esse
movimento pode transformar experiências autodestrutivas em aprendizado e
crescimento.
O amor, o acolhimento e a possibilidade de
pedir ajuda são elementos fundamentais nesse processo. Neste Setembro Amarelo,
é essencial reforçar: O sofrimento pode ser ressignificado. O amor e o
acolhimento têm poder de cura. Pedir ajuda é um ato de coragem. Ninguém precisa
enfrentar a dor sozinho. Falar salva vidas. Que possamos criar espaços de
escuta, cuidado e pertencimento, fortalecendo a consciência de que sempre há
possibilidade de recomeço.
Nós, da SAS Brasil, cuidamos da saúde
mental para que mais pessoas tenham acesso a atendimento psicológico e
qualidade de vida. Nosso projeto apoia quem precisa de ajuda e não tem
condições de pagar por um acompanhamento.
(*) Diretora
da SAS Brasil.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 2109/2025. Opinião. p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário