Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
A história dos
EUA é repleta de operações militares em guerras ou conflitos armados em outros
países. Alguns por interesse próprio, outros para "ajudar" países
parceiros em seu comércio exterior. Fora as guerras internas: da independência,
da secessão e do massacre dos indígenas, essa nação já se envolveu em treze
conflitos armados fora de seu território. Deve-se dizer que esses conflitos
armados trouxeram bons lucros para os EUA. Daí o título deste artigo.
As
"granadas" trouxeram recursos e prestígio para aquele país. A começar
pela guerra da independência de Cuba, que lhe trouxe o domínio de algumas
colônias espanholas. Deve-se ressaltar, entretanto, que nem sempre o país se
imiscuiu por vontade própria em uma guerra, como aconteceu com a I Grande
Guerra, mas foi obrigado a entrar na batalha, como foi o caso da II Grande
Guerra, quando a Inglaterra de Churchill pressionou muito para que os EUA se
envolvessem na guerra. Mas, sobretudo, porque a Alemanha e a Itália declararam
guerra àquele país.
Aqui vale chamar
a atenção que as guerras na Europa nos meados do século dezoito determinaram
uma transferência de mão de obra europeia muito qualificada para o país, o que
lhe possibilitou expandir seu sistema produtivo. Mas, foi a imigração de
centenas de cientistas europeus (principalmente alemães), antes e depois da II
Grande Guerra, que possibilitou o grande avanço da ciência americana no Século
Vinte.
Cito aqui alguns
físicos só para o leitor ter uma ideia da importância dessa migração: John Von
Neumann, Albert Einstein, Enrico Fermi, Edward Teller, Werner Von Braum, Leo
Sziilard, Eugene Wigner, Theodor von Karman, George de Nevesy, Hans Bethe,
Felix Bloch, Konrad Dannenberg, Walter Thiel, Winter Dornberger. Por outro
lado, a produção industrial bélica, custeada pelo Governo Federal, se expandiu
para a produção industrial civil e o País se tornou a nação economicamente mais
poderosa do mundo.
Também é
importante citar a execução do Plano Marshall (Programa de Recuperação
Europeia), posta em prática pelos EUA e, também, custeado pelo governo federal.
Para se ter uma ideia dos valores envolvidos no Plano Marshall, a preços de
2020, estudo realizado pelo IPEA, em 2021, estima que durante os quatro anos de
sua vigência foi dispendida pelos EUA, a cifra de US$1.35 trilhão.
Vale registrar
que as principais ações patrocinadas por aquele país, na vigência do Plano
Marshall, foram programas de subsídios e financiamentos econômicos. De qualquer
forma, esse Plano deu aos EUA a importância política que ele ainda hoje
ostenta. Portanto, foram as "granadas" que trouxeram não só o poderio
militar para aquele país, mas determinaram seu poderio socioeconômico.
(*)
Economista e professor titular aposentado da UFC,
Fonte:
O Povo,
de 24/08/25. Opinião. p.18.
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