Sauvignon Blanc com sabores
frutados... Aí dêntu!!!
Dr.
Tomaz resolveu fazer um "sábado sabático" na casa do capataz e
compadre Capote. Cedo do dia, funcionário já à espera do patrão com um celular
da cachaça no colo. Capote sabia que a execução da proposta seria caminho
difícil, por isso o preparo. Como não é assim que se esfola um bode, o doutor,
ao ver Capote agarrado com a cana, pediu rebolasse a pôde no mato, argumentando
que trouxera uma garrafa de Vinho Branco Verde Aveleda Casal Garcia, ali, só
ouvindo a conversa. Chiqueza total.
Com
o chefe, também, os apetrechos necessários a uma degustação sabatinal de
gabarito, como manda o figurino de uma verdadeira "pausa prolongada - mas
temporária - da rotina profissional". Em tempo: a mulher do doutor, que o
deixara na porta de Capote, levou a comadre para voltar somente no domingo.
Enfim, um sábado de Tomaz e Capote.
Com
pouco, o rebuliço: doutor notou que trouxera somente o vinho, esquecera os
acessórios tiragostativos. E pediu taças, havendo em casa apenas dois copos de
geleia, quengados - o maior era refúgio da dentadura da comadre, carecia de
"ariar" o recipiente, e assim foi feito. Tomaz perguntou por
saca-rolha; Capote falou que não tinha, mas, uma vez, abriu uma garrafa daquele
modelo batendo o fundo num pano contra a parede, "até a rolha sacar
fora"; Doutor preferiu empurrar a rolha garrafa adentro.
Quando
o capataz já ia botando a prima dose, o patrão dá um pulo, considerando,
professoral, que vinho bom carece de "respirar" - Capote, este sim,
sentia falta de ar àquele instante, asilado por um gole, tremendo e lamentando
haver descartado sua meiota. Minutos mais tarde, as doses são colocadas nas
"taças". Ia já pegar a dele quando foi obstado pelo doutor, que
observa:
-
Meu querido, é preciso agitar um pouco e perceber as "lágrimas" na
taça para comprovar a qualidade do vinho!
Outra
vez, Capote lacrimeja; àquela altura, tinha já tomado todas e mais umas 15.
"Assim não tem caneco que aguente, dotozim!" Meio dia e meia e
finalmente os compadres puderam tomar suas goladas. Tremendo mais que Toyota
Bandeirante no ponto morto, o capaz propõe, pelo amor de Deus:
-
Da próxima, bora botar esse sábado sabático prum Dia de Finados, caindo numa
segunda-feira de madrugada! E que, de preferência, seja na bodega do Moreira!!!
O lado de cá do amor!
Claudinha,
que de futebol nada entendia até conhecer o futuro marido Potengi (primo
daquele goleiro que encheu o caneco de "calmociteno" e dormiu no
gol), foi por ele convidada a assistir a uma peleja do Quixadá contra um time
grande de Fortaleza, tem já alguns anos. Disse ele, carinhoso:
-
Amor, fique aqui na lateral do campo, onde eu sou escalado pra jogar,
defendendo meu time dos ataques do ponta adversário! Saia daí não! E diga como
em me fui na refrega!
Terminado
o primeiro tempo, times mudam de lado. Potengi, na banda de lá do campo,
procura por Claudinha onde a deixara 45 minutos atrás. Nada de divisar a amada.
Apito final e o atleta vai pra casa. Quer saber do súbito sumiço dela.
Preocupado...
-
Amor! Onde tu tava que te procurei e num te vi mais no segundo tempo?
-
Em casa! O povo de camisa azul, verde e amarelo que tava ali contigo sumiu!
Pensei que tu tivesse ido embora também, me deixando lá sozinha. Onde tu ter
meteu, homem?
-
Tava no gramado, amor! Findo o primeiro tempo, os times mudam de lado.
-
Pois da próxima vez, mude não! Se for pra desaparecer da minha vista, mande
aquele seu primo goleiro - do 9x1 - ir pro outro lado do gramado, no seu lugar!
-
Ok! Pois ao menos me diga como eu me saí na partida, no primeiro tempo?
-
Gostei daquele calçãozinho curto que tu tava vestido! Tava mêi coisado, viu?!?
Viu?!?
Fonte: O POVO, de 24/10/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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