Por
Romeu Duarte Junior (*)
Semaninha trepidante esta que passou.
Parafraseando o Paulo Limaverde, um dos meus heróis, a sucessão de
acontecimentos se sucede sucessivamente sem cessar e às vezes nos atropela
nesta nossa vida desatenta. A velocidade com que os fatos se dão, intensificada
pelo bulício das redes sociais, é de deixar qualquer um doido. Os jornais, de
escassa alegria, deixam as nossas mãos tintas de sangue. Dia desses, um amigo
meu disse que só assistia a seriados e a desenhos animados antigos na sua TV.
Disse-lhe que entendia perfeitamente o seu caso, eu que só ouço canções do
tempo do ronca. Mas se é isso o que tem para hoje, façamos desses ácidos limões
não uma ingênua limonada, mas uma gostosa caipirinha que nos embriague de
lucidez. Seria isso pedir muito, Senhor?
A Comissão de Constituição e Justiça do
Senado incinerou por unanimidade a tal PEC da Bandidagem, ops, da Blindagem,
que nem precisou ir a plenário. Não fez isso por altruísmo ou espírito
democrático e sim por medo da opinião pública, manifestada nas grandes
concentrações do último dia 21/09 nas capitais do País. Resta agora o infame
projeto da anistia, renomeada de dosimetria, mas que, na verdade, é apenas
patifaria, que tem como relator paulinho da força (ou seria da fossa?) e no rol
de apoiadores os defuntos políticos temer e aécio never. É algo incrível como a
extrema direita insiste em defender inconstitucionalidades para tentar salvar
da cadeia criminosos contumazes. Suas investidas são repelidas por boa parte da
população, que parece ver quem prejudica e atrapalha o Brasil.
32 hectares da Floresta do Aeroporto
desmatados. Prefeitura calada, governo do Estado idem. Ibama surpreso. Depois
do fato consumado, Sema e Semace decidem suspender a licença da empresa
responsável pelo absurdo. Em 1963, quando vim residir aqui, moramos numa casa
no então Adjacento Field, o velho Campo de Aviação situado no interior da Base
Aérea. Naquele tempo, as árvores já eram frondosas. Talvez os cearenses não
gostem de pés de pau por conta do atávico receio das emboscadas dos indígenas
nos tempos coloniais. Contudo, o que causa espécie é a rapidez com que os
alemães, donos do aeródromo, estão se transformando em alencarinos, o que é
deixado a nu agora com tal espetáculo de dendroclastia. E pensar que entre
Frankfurt e o seu aeroporto há um bosque...
Num tiroteio assassino, dois garotos mortos
numa escola de Sobral, com mais três feridos. Comoção geral na cidade, no
Estado e no País. Assim como queria fazer no congresso, tornando-o seu refém, o
crime agora está pretendendo tomar o sacrossanto, risonho e franco espaço
escolar, capilarizando-se nas instituições e dominando territórios. Como no
vetusto adágio da falta de pão, todos reclamam e ninguém tem razão. Resta-nos
comemorar o soberbo discurso do presidente Lula na ONU, uma verdadeira aula de
dignidade e soberania, em contraste com os arrotos verbais do chefe do império
decadente (que parece que fez o L) e do genocida sionista, que acabou
discursando para uma platéia cheia de ninguém. Enquanto isso, em Gaza, há
calor, poeira, fome e o brilho de alguma esperança.
(*) Arquiteto e
professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/09/25. Vida & Arte. p.2.

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