Por Lauro Chaves Neto (*)
Historicamente, a
relação entre economia e tecnologia foi pontuada por transformações capazes de
redefinir modelos produtivos e estruturas sociais. Atualmente, a inteligência
artificial (IA) ocupa um papel central, impondo ao economista novos desafios.
A IA não é apenas
uma ferramenta de automação, mas um catalisador de mudanças que afeta mercados
de trabalho, padrões de consumo, políticas públicas, como se pensa o
desenvolvimento econômico, os ganhos de produtividade, a redução das
desigualdades e a eliminação da pobreza extrema.
O economista,
tradicionalmente, analisou fenômenos a partir de dados escassos, agora,
encontra-se diante de bases de dados massivas, algoritmos preditivos e modelos
capazes de gerar cenários complexos em tempo real. Essa abundância de
informação não deve substituir o julgamento humano, e sim o fortalecer.
As ferramentas de
machine learning permitem prever tendências de mercado com maior precisão,
analisar comportamento de consumidores e simular cenários econômicos. O
economista deixa de ser apenas um analista e passa a ser um estrategista,
interpretando os resultados gerados por sistemas inteligentes e tomando
decisões mais embasadas.
A ética no uso de
dados, o viés algorítmico e a transparência nos modelos são questões críticas.
O economista moderno precisa dominar tanto a teoria econômica, como também
fundamentos de ciência de dados, programação e estatística avançada.
Outro ponto
central é a formulação de políticas públicas. A IA permite modelos mais
precisos para avaliar resultados e prever crises. Contudo, se mal utilizada,
pode ampliar vieses, reforçar concentrações de poder e reduzir a transparência.
O economista, então, deve atuar como mediador entre inovação tecnológica e
justiça social.
Em síntese, a
inteligência artificial não elimina o papel do economista. Pelo contrário, o
torna ainda mais necessário. Cabe ao profissional unir capacidade analítica e
visão humanista, garantindo que a tecnologia esteja a serviço do
desenvolvimento sustentável. O futuro da economia, mediado pela IA, será não
apenas quantitativo, mas essencialmente humano.
(*)
Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de
Economia.
Fonte: O Povo, de 13/10/25. Opinião. p.18.

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