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domingo, 17 de agosto de 2025

O caso exemplar dos artigos de Fernando Castelo Branco

Por Gabriel Ben-Tasgal (*)

Os artigos sobre Israel de Fernando Castelo Branco representam um exercício perigoso de manipulação, seja por ignorância ou por malícia - ambas gravíssimas em um jornalista. Ele cita tratados internacionais sem compreender seu conteúdo e julga Israel com um duplo padrão incompatível com o direito internacional.

Israel, como toda democracia moderna, tem o direito e o dever de defender sua população. As acusações de "genocídio" ou "apartheid" não resistem à menor análise jurídica. A Convenção sobre Genocídio exige a "intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo étnico", algo incompatível com a política de Israel - país que possui os meios para cometer um genocídio, mas que no campo de batalha mantém uma proporção de 1:1 (número elogiado por especialistas em guerra e criticado por jornalistas que recebem dados "confiáveis" do jihadista Hamas).

Assim como o nazismo demonizou o judeu como subumano antes de exterminá-lo, hoje se demoniza o judeu coletivo - Israel - por meio de rótulos falsos como “Estado genocida” ou “apartheid”. Essa técnica foi descrita por Ernst Gombrich como o uso de um "mito paranoico" para justificar a violência. O antissemitismo moderno se disfarça sob "críticas a Israel" com obsessão, demonização e duplo padrão. O texto do jornalista não apenas se encaixa nesse padrão, como o exemplifica.

O jornalista em questão aplica, consciente ou não, várias das táticas descritas para fomentar a destruição de Israel. Utiliza manipulação dialética, invertendo os papéis de vítima e agressor; acusa Israel de genocídio e apartheid, numa manipulação narrativa baseada em mentiras repetidas. Propõe boicote e marginalização internacional do Estado judeu, alinhando-se ao movimento BDS, que visa sua extinção sob pretextos humanitários. E recorre a uma vergonhosa manipulação jurídica, distorcendo tratados internacionais para julgar Israel tendenciosamente. Depois, com hipocrisia, se ofende ao ser chamado de antissemita. O padrão é claro e sistemático.

Quem demoniza Israel de forma obsessiva, geralmente não o faz por amor aos direitos humanos, mas por judeofobia. E quem repete essas narrativas sem verificação, torna-se - por ignorância ou ideologia - cúmplice dessa antiga forma de ódio.

(*) Presidente Jornalista, escritor e analista do Oriente Médio.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/07/25. Opinião, p.18.

sábado, 16 de agosto de 2025

A verdade geopolítica sobre Israel, Palestina e o atual conflito

Por Claudio Lottenberg (*)

A criação do Estado de Israel em 1948 foi resultado de um processo legítimo, respaldado internacionalmente e conduzido por canais multilaterais. Em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou a partilha do território sob mandato britânico em dois Estados: um judeu e outro árabe. O povo judeu aceitou o plano com a esperança de coexistência. Os países árabes, por outro lado, rejeitaram a proposta e optaram por uma guerra aberta contra o novo Estado, com o declarado objetivo de eliminá-lo do mapa. Israel resistiu e sobreviveu — mas o Estado palestino que também estava previsto simplesmente nunca foi criado.

Nos anos seguintes à guerra, houve uma reconfiguração territorial marcante: o Egito ocupou a Faixa de Gaza e a Jordânia anexou a Cisjordânia. Durante os 19 anos em que essas regiões estiveram sob domínio árabe, nenhuma medida significativa foi tomada para promover a criação de um Estado palestino independente. O projeto nacional palestino, que hoje se reivindica como direito histórico, foi ignorado por décadas por aqueles que dizem ser seus maiores defensores.

Somente nas décadas de 1990 e 2000, com os Acordos de Oslo e a posterior retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza em 2005, os palestinos passaram a ter algum grau de autogoverno. Em Gaza, porém, a escolha feita nas urnas foi pelo Hamas — uma organização terrorista fundamentalista, declaradamente antissemita e hostil à convivência pacífica. Desde 2006 governa a região sem realizar novas eleições. Seu estatuto não reconhece o direito de Israel existir. Ao contrário, prega abertamente sua destruição.

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas protagonizou um dos maiores massacres de civis judeus desde o Holocausto, matando brutalmente mais de 1.200 pessoas, entre elas mulheres, crianças e idosos, e sequestrando outras centenas. O ataque teve caráter genocida. Por trás desse grupo está o Irã — o principal financiador do terrorismo internacional. O regime iraniano não esconde seu apoio armado, financeiro e estratégico ao Hamas, ao Hezbollah e aos Houthis. Todos esses grupos compartilham a mesma agenda: destruir Israel e desestabilizar o Oriente Médio.

Ignorar essa realidade é distorcer o debate. A presença judaica naquela terra é milenar, anterior à criação de qualquer país árabe moderno. Jerusalém era a capital do reino judeu há mais de 3 mil anos. O vínculo espiritual, cultural e político do povo judeu com aquela terra jamais foi interrompido, mesmo em tempos de exílio ou dominação estrangeira.

Ainda assim, afirmar isso não nega a legítima aspiração palestina. Muitos de nós acreditamos na necessidade urgente de construir um Estado palestino viável, com instituições sólidas e comprometidas com a paz. Mas isso só será possível se esse futuro Estado aceitar a existência de Israel como nação legítima, rejeitar o extremismo violento e se engajar num processo de coexistência verdadeira.

A solução de dois Estados continua sendo a esperança possível. Mas ela só terá futuro se for sustentada por segurança mútua, reconhecimento recíproco e lideranças que valorizem a vida acima do ódio. Paz duradoura exige memória histórica, responsabilidade política e coragem moral — não slogans, negações ou alianças com quem escolheu a destruição como método.

(*) Presidente da Confederação Israelita do Brasil.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/07/25. Opinião, p.19.

A GUERRA INCOMPREENDIDA

Por Marcos L Susskind (*)

O Oriente Médio ocupa manchetes e notícias sobre guerras chegam num ritmo alucinante, nem sempre correto. A meu ver não existe guerra entre Israel e Palestinos e sim entre Israel e terroristas tiranos do Hamas na Faixa de Gaza. A Palestina tem 6,020 km2. Gaza é só 6% da Palestina (365 km2), tomada pelos terroristas do Hamas, após expulsar a Autoridade Palestina em 2007, depois de sangrentas batalhas.

Quanto ao apartheid: em Israel vivem cerca de 2.100.000 Árabes gozando de todos os direitos - estão no Parlamento, são juízes, oficiais no Exército, médicos, empresários e o capitão da Seleção Nacional de Futebol é árabe. Na área da Autoridade Palestina e também em Gaza não vive um único Judeu. Todos os judeus de Gaza foram evacuados em 2005. Mas a acusação de Apartheid é sempre a Israel.

Outro assunto atual é a guerra com o Irã, uma das mais antigas nações do mundo. Desde Ciro, há 2.584 anos, persas e judeus viviam em perfeita harmonia. Tudo mudou em 1979, quando a Revolução Islâmica tomou o poder e transformou o Irã numa teocracia radical, controlando a população com mão de ferro, discriminando mulheres, gays e minorias e tendo como sua meta principal a destruição de Israel.

O Irã tal como um polvo, colocou braços armados no Líbano (Hezbollah), na Faixa de Gaza (Hamas e Jihad Islâmica), milícias pró-Irã na Síria e no Iraque (Kataib Hezbollah) e os Houthis no Yemen. Estes grupos foram armados, financiados e treinados pelo Irã para atacar Israel por todos os flancos. Além disso, o Irã enriquece urânio acima de 60%, podendo chegar à Bomba Atômica.

Recentemente o Irã já tinha urânio e componentes como água pesada e combustível sólido suficientes para 15 bombas atômicas. Isto indicava a iminente produção da bomba nuclear. A declarada intenção de destruir Israel tornou a ação de proteção necessária e urgente, e Israel atacou os alvos militares e áreas científicas ligadas ao desenvolvimento da bomba iraniana. O Irã retaliou, disparando potentes misseis exclusivamente a áreas civis em Israel.

Vale lembrar que os países onde o Irã se envolveu sofreram extrema destruição. O Líbano passa pela mais terrível situação econômica desde a guerra iniciada pelo proxy iraniano Hezbollah. O ex-governo pró-Irã da Síria matou 750.000 civis, 6.500.000 fugiram do país e 7.100.000 são refugiados internos.

Na Faixa de Gaza, o Hamas - apoiado e financiado pelo Irã - provocou uma destruição cuja reconstrução pode levar 20 anos. No Iêmen os Houtis tomaram o sul do país e 1.300.000 crianças e lactentes sofrem de desnutrição aguda.

Se o Irã chegasse à bomba atômica, os riscos ao mundo ocidental seriam imensos, dada a aliança Rússia-Irã. Com sua ideologia violenta, os aiatolás trazem agora a destruição para seu próprio país.

(*) Palestrante e Ativista Social. Autor do livro "Combatendo o Antissemitismo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/06/25. Opinião, p.19.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

ESPIÃ DO MOSSAD QUE ALEIJOU O IRÃ POR DENTRO

A saga arrepiante de espionagem de Catherine Perez-Shakdam

Guisheft News via Organizer

Catherine Perez-Shakdam, uma jornalista francesa que virou espiã do Mossad, se infiltrou nos círculos de poder interno do Irã sob o disfarce de uma convertida xiita. Sua missão secreta destruiu o aparato de segurança do Irã por dentro, permitindo ataques israelenses pontuais e vazamentos de inteligência sem precedentes.

Um conto mais estranho do que a ficção está atualmente sacudindo as manchetes em todo o mundo, a história de Catherine Perez-Shakdam, uma espiã israelense do Mossad que se infiltrou no coração do Irã e ajudou a orquestrar um dos golpes mais devastadores para o regime de Khomeini na história recente.

Dois anos atrás, Catherine chegou ao Irã sob o disfarce perfeito: uma curiosa jornalista ocidental ansiosa para explorar e abraçar o Islã xiita. O que se desenrola a seguir está sendo descrito pelos círculos de inteligência como uma das operações de espionagem mais ousadas e sofisticadas do século XXI.

Sedução, Fé e Espionagem: uma masterclass em engano

Inteligente, ousada e extremamente treinada, Catherine desempenhou seu papel com perfeição. Ao entrar no Irã, ela se converteu publicamente ao Islã xiita e começou a cultivar uma personalidade de profunda devoção e curiosidade intelectual. Seu interesse no Islã parecia genuíno. Tanto que ela começou a escrever blogs para ninguém menos que Khamenei.ir, o site oficial do Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei.

Mas por trás dessa fachada de fervor religioso e escrita acadêmica estava uma mulher em uma missão. Ela se infiltrou em círculos de elite, ganhando a confiança dos principais leais ao regime. Sua arma mais eficaz? Charme. Catherine fez amizade com as esposas do governo de alto escalão e dos oficiais militares do Irã, trabalhando lentamente para entrar em suas casas e vidas. De visitas sociais a conversas íntimas, ela ganhou acesso a espaços onde discussões confidenciais aconteciam livremente, assumindo que ela era uma delas.

Mapeando Alvos, Entregando a Morte: espionagem no coração do poder

Apesar da vigilância rigorosa, verificações de visitantes e monitoramento telefônico, Catherine operou em silêncio. Com nervos de aço, ela tirou fotografias, gravou conversas e mapeou as veias ocultas dos segredos de estado mais sensíveis do Irã, desde instalações nucleares e pessoal científico até os movimentos secretos dos comandantes da Guarda Revolucionária.

O Irã acreditava que estava jogando um jogo de xadrez de alto risco com Israel, constantemente movendo comandantes-chave para proteção. Mas toda vez, Israel atacava com precisão cirúrgica, como se fosse guiado por um insider. Cada ataque bem-sucedido, cada assassinato, foi assustadoramente preciso. A liderança iraniana começou a suspeitar que algo mais sombrio estava se desenrolando: alguém os havia vendido. E aquele alguém era Catherine.

O Momento da Verdade: identidade revelada, trilha fria

Quando a contra-inteligência iraniana lançou uma investigação, peças chocantes começaram a se encaixar. Fotos surgiram, imagens de Catherine com comandantes de elite, políticos e até mesmo o próprio Líder Supremo. Sua presença outrora confiante se tornou um símbolo de traição. Mas quando sua identidade foi confirmada, Catherine havia desaparecido sem deixar vestígios. Ela tinha vindo. Ela havia conquistado. Ela tinha desaparecido.

A espiã por trás do sorriso: quem realmente era ela?

Catherine Perez-Shakdam não é qualquer jornalista. Nascida em uma família judia na França, ela estudou psicologia na Universidade de Londres antes de concluir seus estudos de pós-graduação em Finanças e Comunicações. Enquanto estava em Londres, ela se apaixonou por um homem muçulmano sunita do Iêmen e se converteu ao Islã para se casar com ele. O casamento terminou em 2014.

Em 2017, Catherine ressurgiu no Irã, agora se identificando como muçulmana xiita. Seus escritos e comentários políticos sobre os assuntos do Oriente Médio logo encontraram favor com publicações baseadas em Teerã, como The Times, Yemen Post, The Guardian e, finalmente, Khamenei.ir. Sua profunda compreensão do Islã e prosa eloquente abriram portas que até mesmo jornalistas russos e chineses não conseguiram violar.

Seu charme lhe rendeu encontros com figuras poderosas, incluindo o Líder Supremo Khamenei, o ex-presidente Ebrahim Raisi e o comandante da Força Quds, Qassem Soleimani. Poucos suspeitavam que por trás desse jornalista cortês e articulado estava um agente de alto nível do Mossad. Algumas fontes iranianas até afirmam que ela escreveu conteúdo para o próprio Khamenei. Mas agora, todos os vestígios de sua presença on-line ligados ao Khamenei.ir foram limpos. Seu passado está sendo apagado, enquanto o dano que ela infligiu continua a se desfazer.

Como a Agente Fantasma do Mossad Violou o Núcleo do Irã

As ligações de Catherine com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica lhe deram acesso aos segredos mais íntimos do Irã. Como ex-consultora do Conselho de Segurança das Nações Unidas no Iêmen, ela já havia construído um perfil impressionante. Seus escritos sobre radicalização, antissemitismo e extremismo islâmico foram aclamados internacionalmente. Mas por trás da imagem intelectual, ela estava lançando as bases para a operação mais mortal do Mossad no Irã.

Agora, ela se foi. O Irã lançou uma caçada em todo o país. Seus pôsteres estão espalhados pelas cidades. Agências de segurança estão interrogando dezenas e executando suspeitos de colaboradores. Três homens já foram enforcados. Os cidadãos são instados a denunciar qualquer atividade suspeita. No entanto, Catherine continua sendo um fantasma.

Alguns funcionários da inteligência temem que ela já tenha alterado sua aparência e assumido uma nova identidade em outra parte do mundo, talvez continuando seu trabalho para Mossad sob um rosto diferente, um nome diferente e uma nova missão.

A arma mais indescritível de Israel: uma caneta, um sorriso, uma lista de mortes

Catherine Perez Shakdam agora ganhou uma reputação arrepiante: a espiã mais aventureira e perigosa da história de Israel. A história dela não é apenas sobre espionagem. É sobre o engano tão magistral que um regime inteiro foi levado a confiar nela, apenas para ser desmontado por dentro.

Enquanto o mundo observa, uma verdade permanece: o Irã não foi atacado de fora. Foi desfeito por dentro, por uma mulher cuja caneta escreveu para o poder e cuja mão entregou a destruição.

Fonte: Circulando em grupos de WhatsApp em 28/6/25.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 832

Retomo a historinha hilária, que se tornou marca desta coluna. Um leitor lembrou-me que essa piada cabe bem nesse momento em que a Argentina dá posse ao seu novo presidente Javier Milei. Este escriba lembra e pede desculpas: trata-se de um chiste. Uma brincadeira.

Humildade argentina

A Argentina de Javier Milei declara guerra à China. Comoção geral. Após consulta popular feita na "Plaza de Mayo", a Argentina enviou uma mensagem à República Popular da China nesses termos:

- Chinos de mierda, maricones: les declaramos "guierra": tenemos 105 tanques, 47 aviones sanos, 4 barcos que navegan y 5.221 soldados.

O governo chinês deu imediatamente a resposta:

- Aceitamos a declaração. Informamos que temos 100.000 tanques, 150.000 aviões, 2.500 navios e 800 milhões de soldados.

Orgulhosos, os argentinos retrucam:

- Retiramos la declaración de guierra... No tenemos como alojar tantos prisioneros.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/398483/porandubas-n-832


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

DAI À PAZ O QUE É DE PAZ

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Alfred Nobel nasceu em Estocolmo, cresceu em São Petersburgo, que depois se chamou Petrogrado, Leningrado, em homenagem a Lênin, e, após a queda da União Soviética, voltou a ser São Petersburgo, em consonância com a citação shakespeariana que se segue: "A flor que chamamos de rosa, se outro nome tivesse, ainda teria o mesmo perfume."

Nobel criou a dinamite para uso em construções de túneis e canais, registrou mais de 350 patentes e tornou-se rico. Talvez pelo uso militar de sua invenção, destinou aos Prêmios Nobel a maior parte de sua herança. Em 11/10/2024, o Prêmio Nobel da Paz foi merecidamente concedido à Nihon Hidankyo, uma organização japonesa, fundada em 1956, que deseja a extinção das armas nucleares.

A Nihon Hidankyo divulga a história dos hibakusha, os sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Eles contam suas próprias experiências, a emitir alertas contra essas ogivas.

Em 1950, a desrespeitar a Constituição, Carlos Lacerda afirmou: "O senhor Getúlio não deve ser candidato, se for candidato, não deve ser eleito, se for eleito, não deve tomar posse, se tomar posse, não pode governar." Em pequena analogia: na Terra, ninguém deve manter arsenal atômico, se algum país o detiver, não deve usá-lo, se usar, deve saber que seus inimigos farão o mesmo e, em guerras nucleares, não haverá vencedores. Se muitos o tiverem, terroristas também o terão; então, se considerarmos o que houve em 7/10/2023 em Israel, pode ser profética a célebre citação de Einstein, quando declarou não poder dizer como seria uma 3ª Guerra Mundial, mas a 4ª seria com paus e pedras.

Para a Unesco, o nosso planeta é a "Mãe Terra". Se dela extraírem requisitos básicos para nos abrigar, é como retirar de uma mãe o necessário ao cuidado de seus filhos. Nossa Mãe Terra não merece os atuais danos, muito menos o seu assassinato. O genial Washington Olivetto ainda está entre nós por ditos, escritos e atitudes. Para ele, "paz é um produto interessante porque, quanto mais você usa, mais você tem. E, se todo mundo usar, quem sabe chegue um dia em que ninguém mais precise fazer um comercial para vender a paz".

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/10/24. Opinião, p.18.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O BATALHÃO FANTASMA QUE ENGANOU HITLER

Você sabia que algumas das batalhas mais importantes da Segunda Guerra Mundial foram travadas com tanques infláveis, aviões de papelão, e alto-falantes? Em 1944, no auge da Segunda Guerra Mundial, os americanos introduziram uma nova unidade tática no campo de batalha - As Tropas Especiais do 23o. Comando, também conhecidas como "Exército Fantasma". O 23o. Comando era composto por 1.100 homens, cuja única finalidade era enganar os Líderes do Eixo (Hitler, da Alemanha, Mussolini, da Itália e Hirohito, do Japão).

A ideia para esta unidade veio da campanha dos Aliados em 1942, em El Alamein, chamada Operação Bertram, em que as tropas britânicas, usando madeira compensada, construíram falsos tanques, fizeram jipes parecerem tanques e fizeram tanques parecerem caminhões de abastecimento.

Em maio de 1944, o 23o. Comando chegou à Grã-Bretanha e participou do plano para enganar os Nazistas no Dia D, fazendo-os pensar que a invasão havia começado em Pas-de-Calais, em vez de na Normandia. Depois disso, eles continuaram a criação de "tanques" infláveis, aviões e veículos de mentira, transmissões de rádio fictícias e alto-falantes montados em veículos que tocavam sons pré-gravados de batalhas e tropas se movendo.

Estes soldados foram lançados de paraquedas próximos à linha de frente, onde inflavam seus conjuntos, e quando o reconhecimento aéreo alemão sobrevoava o local da camuflagem, via uma imagem impressionante. Centenas de tanques, canhões e peças de artilharia dispostos na direção das fortificações alemãs. O objetivo era enganar, iludir, confundir e incutir o terror no inimigo.

Os integrantes do 23o. Comando não eram soldados comuns treinados nas artes bélicas, eram principalmente alunos das academias de arte, engenheiros, arquitetos, agentes de publicidade e outras pessoas criativas. Eles usaram seu talento para fins táticos. E deu certo!

Os soldados do 23o. Comando não apenas criavam e construíam campos de batalha falsos, como também se disfarçavam de altas patentes militares, iam às cidades vizinhas, e sentavam-se nos bares, onde comentavam sobre planos de ataque ou defesa totalmente inventados.

O Exército Fantasma foi tão bem-sucedido que, em certo momento, o pessoal do Eixo reportou a existência de uma grande força aliada em um lugar onde não havia ninguém.

O Exército Fantasma foi mantido em segredo por muitos anos, e sua existência foi revelada apenas em 1996. Até os dias de hoje, algumas de suas táticas e métodos continuam mantidos em arquivos confidenciais.

Fonte: Publicado no UOL em 26/01/24 sem autoria explícita.

domingo, 19 de novembro de 2023

Guerras raramente encontradas em livros de história: 8. A GUERRA DO BANCO DOURADO

Outrora uma cobiçada região dentro da atual Gana, o Reino Ashanti chamou a atenção do Império Britânico. Em 1896, a recusa do rei Prempeh em aceitar o status de Protetorado Britânico resultou na imposição forçada dos britânicos de sua proteção ao reino. Sem se deixar abater pelos invasores, o povo Ashanti demonstrou determinação inabalável, engajando-se em feroz resistência contra os britânicos. O Reino Ashanti considerava o Banco Dourado um símbolo poderoso. Acreditava-se que o banquinho continha todas as almas do povo Ashanti e servia como um símbolo de sua unidade. Feito de ouro maciço, este artefato sagrado media 18 polegadas de altura e 24 polegadas de comprimento, e sua importância cultural era imensa. No entanto, em 1900, Sir Frederick Hodgson, o governador britânico da Gold Coast, insistiu em sentar nele. Um forte sentimento de fúria envolveu o povo Ashanti neste ato, desencadeando uma guerra feroz que durou seis meses e resultou na perda de 2.000 vidas Ashanti e 1.000 soldados britânicos. Yaa Asantewaa, a Rainha Mãe e Guardiã do Banco Dourado, acabou sendo capturada, mas o banco escapou das forças britânicas e permaneceu escondido deles por muitos anos antes de ser devolvido ao seu sagrado lugar de honra.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Guerras raramente encontradas em livros de história: 7. A GUERRA DO FUTEBOL

Embora o futebol possa inflamar a paixão entre os torcedores, é difícil imaginá-lo se tornando motivo de guerra, não é? Mas foi exatamente o que aconteceu em 1969. Reconhecidamente, os gatilhos iniciais para o breve conflito entre El Salvador e Honduras em 1969 estavam relacionados à reforma agrária e às preocupações com a imigração. No entanto, a situação piorou dramaticamente quando as duas nações se enfrentaram nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1970 em 8 e 15 de junho. Esses jogos foram marcados por violentas altercações entre torcedores rivais, resultando na dissolução dos laços diplomáticos e, eventualmente, levando a uma guerra de cinco dias no mês seguinte, que custou cerca de 3.000 vidas.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 18 de novembro de 2023

Guerras raramente encontradas em livros de história: 6. A GUERRA DA ORELHA DE JENKINS

Em 1731, as autoridades espanholas detiveram Robert Jenkins, um comerciante britânico, acusado de contrabando e apreenderam toda a sua carga. Adicionando insulto à injúria, eles o mutilaram desnecessariamente, cortando sua orelha. Oito anos depois, buscando um pretexto para expulsar a Espanha do Caribe e da América do Sul, os britânicos travaram uma guerra que resultou em 25.000 baixas e quase 5.000 navios perdidos, tudo em retaliação por aquele ato contra Jenkins. A doença, em vez da guerra, cobrou um preço mais significativo, resultando em um grande número de baixas. As doenças tropicais fizeram com que os britânicos sofressem derrotas em quase todas as suas ofensivas, enquanto a Espanha também lutava nos contra-ataques. Além disso, a Guerra da Sucessão Austríaca viu os ingleses, espanhóis e franceses competindo pelo controle da Áustria, ofuscando a causa original da orelha de Jenkins.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Guerras raramente encontradas em livros de história: 5. A GUERRA DO CÃO EXTRAVIADO

O ano de 1925 viu uma batalha de curta duração entre a Bulgária e a Segunda República Helênica, desencadeada por um episódio na fronteira de Belasitsa. O incidente começou quando o cachorro de um soldado grego cruzou acidentalmente o território búlgaro. Quando o soldado tentou recuperar seu animal de estimação, os guardas búlgaros atiraram nele, levando a um pequeno confronto. É importante mencionar que outras fontes oferecem um relato menos sensacionalista dos eventos, excluindo qualquer menção ao cachorro. Os gregos usaram o tiroteio como um chamado à ação, levando-os a invadir a Bulgária e assumir o controle de várias aldeias. Seu plano de bombardear a cidade de Petrich foi interrompido quando a Liga das Nações interveio e denunciou o ataque. Eventualmente, um comitê internacional negociou uma trégua entre os dois países, mas tragicamente, cerca de 50 vidas foram perdidas devido ao mal-entendido inicial.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

domingo, 12 de novembro de 2023

Guerras raramente encontradas em livros de história: 4. A GRANDE GUERRA DAS EMAS NA AUSTRÁLIA

A Guerra das Emas na Austrália ocorreu em 1932, quando um grande número de emas, em busca de comida e água durante uma seca, invadiu terras agrícolas na Austrália Ocidental. Frustrados com os danos às colheitas, os agricultores solicitaram assistência militar. O governo despachou soldados armados com metralhadoras para combater a infestação de emas. No entanto, a missão provou-se desafiadora. As emas eram rápidas e esquivas, tornando-as alvos difíceis. Como resultado, os soldados lutaram para obter um impacto significativo, levando ao ridículo público e rotulando a operação como uma "guerra" contra os pássaros. Depois de algumas semanas, os militares se retiraram e o problema da emu persistiu. Apesar dos esforços do governo, a Guerra do Emu demonstrou a resiliência e adaptabilidade da vida selvagem diante da intervenção humana. Eventualmente, medidas não letais foram implementadas para resolver o problema das emas.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Guerras raramente encontradas em livros de história: 3. A GUERRA DA PANELA DE SOPA

Por mais de um século, o norte da Holanda prosperou como uma república soberana, enquanto o sul da Holanda estava sob o domínio do Sacro Império Romano. No entanto, em uma reviravolta peculiar em 1784, o imperador inesperadamente exigiu acesso aos portos do sul através do rio Scheldt, que havia sido bloqueado pelo norte por um século inteiro. Em vez de fazer um pedido educado, o Sacro Imperador Romano despachou uma frota de navios liderada pelo navio de última geração, Le Louis, para a foz do rio. A formidável armada encontrou um navio holandês solitário, o Dolfijn, que disparou um único tiro diretamente contra Le Louis, atingindo uma panelade sopa e levando à rendição imediata da nau capitânia. Graças à intervenção oportuna, a Holanda, especialmente seus territórios do norte, foram poupados do perigo. No entanto, o imperador expressou angústia compreensível devido à perda de seu valioso navio. Este incidente chamou a atenção de outras nações europeias, levando o Sacro Império Romano a abandonar suas ambições pelo sul da Holanda, felizmente sem baixas.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

sábado, 11 de novembro de 2023

Guerras raramente encontradas em livros de história: 2. A GUERRA DO PORCO

Este é um conflito que poderia ter se transformado em algo muito maior, o que o torna ainda mais bizarro. A Guerra do Porco foi uma disputa de fronteira entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha que ocorreu em 1859 na Ilha de San Juan, localizada entre a Ilha de Vancouver e o continente da América do Norte. A disputa surgiu quando um fazendeiro americano, Lyman Cutlar, atirou em um porco de propriedade britânica que estava fuçando em seu jardim. As autoridades britânicas exigiram uma compensação pelo porco, mas Cutlar recusou e as tensões aumentaram. Ambos os lados começaram a enviar tropas para a ilha e, por vários meses, a situação permaneceu tensa, com cada lado aumentando sua presença militar. No entanto, devido aos esforços de um comandante britânico e de um oficial americano, o capitão George Pickett, o conflito foi resolvido pacificamente e ambos os lados concordaram em uma ocupação militar conjunta da ilha até que um acordo final pudesse ser alcançado em outubro de 1859. A Guerra do Porco é considerada um excelente exemplo de resolução pacífica de conflitos, pois evitou a escalada em uma guerra total entre duas grandes potências mundiais.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

Guerras raramente encontradas em livros de história: 1. A GUERRA DOS DOCES

Em 1828, uma multidão anárquica destruiu uma confeitaria de um chef francês, Remontel, na Cidade do México. Apesar de seu apelo por danos, o governo mexicano optou por ignorar seu pedido. Posteriormente, ele apelou ao governo francês por ajuda, mas o pedido foi aparentemente esquecido por todos, exceto Remontel. Dez anos depois, o incidente chamou a atenção do rei Louis-Philippe, que pediu aos mexicanos que indenizassem Remontel, exigindo uma taxa de juros de 90%. Quando eles recusaram, os franceses impuseram um bloqueio ao México e ocuparam a cidade de Veracruz. Infelizmente, quase ninguém se importava com a confeitaria ou a loja, exceto talvez Remontel, pois a principal motivação por trás do conflito era o ganho financeiro. O general mexicano Antonio Lopez de Santa Anna voltou da aposentadoria para combater os franceses, mas seus esforços foram insuficientes. As forças francesas permaneceram no México até que o país consentisse em pagar suas demandas. No entanto, depois que os franceses se retiraram, o México não honrou suas obrigações financeiras, resultando em outra invasão francesa em 1861. No final, o evento foi totalmente esquecido quando o Império Francês desmoronou.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

OITO GUERRAS RARAMENTE ENCONTRADAS EM LIVROS DE HISTÓRIA

Embora algumas guerras possam ter intenções nobres, como defender a honra e a glória, ou recuperar o que se acredita ser propriedade legítima, houve casos peculiares na história em que as guerras foram travadas por motivos insignificantes ou até mesmo bizarros. Hoje, queríamos destacar alguns dos conflitos mais inusitados da história, como a Guerra do Emu na Austrália e a Guerra dos Doces no México. É incrível pensar nas estranhas razões que levaram às guerras, e este artigo lança luz sobre alguns desses casos peculiares.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A TOMADA DE LA SERRA E O HERÓI ESQUECIDO

Por Sérgio Pinto Monteiro (*)

Há setenta e cinco anos um pelotão do Regimento Sampaio escreveu, nos campos de batalha da Itália, páginas gloriosas da história da Força Expedicionária Brasileira. Seu comandante era o primeiro-tenente da reserva convocado Apollo Miguel Rezk.

Apollo nasceu no Rio de Janeiro em 9 de fevereiro de 1918. Era filho de imigrantes: pai libanês e mãe síria. Fez seus estudos no Colégio Pedro II. Em 1935 tentou, sem êxito, entrar para a Escola Militar do Realengo. Seus pés planos e uma reprovação em Física impediram a realização do sonho de ingressar na carreira militar.

A idade de prestação do serviço militar obrigatório conduziu o jovem Apollo ao CPOR do Rio de Janeiro. Aprovado nos exames médico, físico e intelectual, após os três anos do curso do CPOR foi declarado Aspirante a Oficial da Reserva e classificado em 10º lugar entre os setenta concludentes da Arma de Infantaria, turma de 1939.

Em 1940 formou-se Perito-Contador na Escola Superior de Comércio do Rio de Janeiro. No ano seguinte foi convocado para realizar o Estágio de Instrução no Regimento Sampaio, promovido a segundo-tenente e desligado do serviço ativo do Exército. Em 1942 foi convocado para o Estágio de Serviço, novamente no Regimento Sampaio. Estudioso, concluiu em 1943 o bacharelado em Ciências Econômicas na Faculdade de Administração e Finanças da Escola de Comércio do Rio de Janeiro. Ainda nesse ano foi promovido a primeiro-tenente e convocado para a Força Expedicionária Brasileira, já em fase de formação e adestramento.

O tenente Apollo embarcou para a Itália como oficial subalterno, comandante de pelotão da 6ª Companhia do II Batalhão do Regimento Sampaio. O 2º escalão da FEB seguiu para o Teatro de Operações no navio transporte de tropas americano “U.S. General W. A. Mann”, que partiu do armazém nº 11 do porto do Rio de Janeiro em 22 de setembro de 1944, ancorando em Nápoles no dia 06 de outubro.

Na noite de 23 e madrugada de 24 de fevereiro de 1945, atuando em apoio à 10ª Divisão de Montanha americana no ataque a La Serra, o pelotão comandado pelo tenente Apollo, após ultrapassar um extenso campo minado, atacou as posições fortificadas alemãs. Apesar do intenso fogo inimigo, o pelotão Apollo cercou o objetivo, investiu contra a posição e pôs em fuga os alemães, fazendo inicialmente cinco prisioneiros. Ferido em combate por volta das 23 horas, o tenente Apollo, cercado e contra-atacado, manteve a posição durante toda a madrugada e manhã do dia 24. Por esta missão foi condecorado pelo governo americano, em 19 de maio de 1945, com a “Distinguished-Service Cross”, único brasileiro agraciado com essa medalha de bravura, a segunda mais importante dos Estados Unidos.

“... por heroísmo extraordinário...a despeito de campos de minas desconhecidos, terreno excessivamente difícil e forte oposição, o primeiro-tenente Rezk conduziu galhardamente os seus homens através de uma cortina de fogo de metralhadoras, morteiros e artilharia, para assaltar e arrebatar o objetivo do inimigo. Embora gravemente ferido quando dirigia o ataque, o primeiro-tenente Rezk nunca hesitou: pelo contrário, continuou firmemente o avanço...repeliu três fortes contra-ataques, infligindo pesadas perdas aos alemães pela sua habilidade na condução do tiro. Depois, embora em posição vulnerável ao fogo das casamatas do inimigo circundantes e a despeito das bombas que caiam e da gravidade dos seus ferimentos, o primeiro-tenente Rezk defendeu resolutamente La Serra contra todas as tentativas fanáticas dos alemães para retomar a posição. Pelo seu heroísmo, comando inspirado e persistente coragem, o primeiro-tenente Rezk praticou feitos que refletem as mais altas tradições do serviço militar.” (tradução de trechos do documento original em inglês feita pela Seção Especial do Comando da FEB).

O comandante da FEB, General João Baptista Mascarenhas de Moraes, em Citação de Combate de 09 de abril de 1945, assim se manifestou quanto às ações do tenente Apollo na conquista de La Serra:

“... a personalidade forte, o espírito de sacrifício, a combatividade, a tenacidade, o destemor do tenente Apollo constituem belos exemplos, dignos da tropa brasileira.”

Anteriormente, graças ao seu desempenho no ataque a Monte Castelo em 12 de dezembro de 1944, o tenente Apollo já havia sido agraciado pelos Estados Unidos com a medalha “Silver Star”. Terminada a Campanha da Itália, o tenente Apollo recebeu quatro condecorações brasileiras: Cruz de Combate de 1ª Classe, Medalha de Sangue, Medalha de Campanha e Medalha de Guerra.

Quando da promoção do tenente Apollo ao posto de capitão, em 3 de setembro de 1951 (retroativa a 1947), assim se expressou o Ministro da Guerra no despacho em que deferiu a proposta:

“Deferido. A promoção se justifica, sobretudo, em virtude da conduta excepcional desse Oficial no Teatro de Operações da Itália, onde, entre diversas condecorações recebidas por bravura, lhe foi conferida a medalha “Distinguished-Service Cross” do Exército Americano, por heroísmo extraordinário em ação, distinção máxima somente concedida a este combatente brasileiro...”

O destino, que no passado não permitira ao jovem Apollo a realização do sonho de ingressar na carreira militar através Escola do Realengo, ainda haveria de, novamente, pregar-lhe outra uma peça. A tão sonhada carreira, que finalmente lhe chegara, não pela via da Escola Militar, mas através do CPOR e da própria guerra, como também, e principalmente, por sua bravura e eficácia no cumprimento do dever, seria interrompida precocemente. Seus pés planos não resistiram ao esforço do combate e ao congelamento nas trincheiras da Itália. O capitão Apollo, em 12 de dezembro de 1957, aos 39 anos, depois de vinte anos no exército, foi julgado inapto para o serviço ativo e reformado no posto de major.

Conheci o nosso herói já no ocaso da sua vida. Era um bravo. Foram muitos sábados e domingos de intermináveis conversas. Jamais o major Apollo admitiu o seu heroísmo. Pessoa simples, culta e educada era, sobretudo, um gentleman. Absorvi, voraz e intensamente, cada relato de suas ações na guerra. O exército era realmente a sua paixão. E a Pátria, o seu bem maior. Ficamos amigos, o que me enche de orgulho e gratidão.

A nação perdeu, em 21 de janeiro de 1999, um filho exemplar. E o exército viu partir um de seus grandes guerreiros. A filha Nádia comunicou-me o falecimento do pai pela manhã, bem cedo. Desloquei-me rapidamente para a sede do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva, no quartel do CPOR/RJ, de onde fiz os contatos relativos ao passamento do major Apollo. Enviei um necrológio aos jornais, avisei ao CCOMSEx, aos comandantes do Regimento Sampaio e do Batalhão de Guardas - onde ele servira no após guerra - bem como à embaixada dos Estados Unidos, já que era ele detentor de duas condecorações americanas. Informei, também, à comunicação social da presidência da república e aos governos estadual e municipal do Rio de Janeiro.

O sepultamento foi no cemitério do Caju. Presentes, familiares, ex-combatentes da FEB e amigos do nosso herói, bem como quase uma centena de oficiais R/2 que formaram uma Guarda de Honra. Um pelotão do Regimento Sampaio executou as honras fúnebres. O governo americano enviou, de Brasília, um oficial superior, fardado, para representá-lo. Os governos federal, estadual e municipal não enviaram representantes, nem formularam condolências à família enlutada. Jamais esquecerei o constrangimento que senti ao ouvir o oficial americano dizer aos filhos do major Apollo:

“... Eu não entendo vocês brasileiros. Na minha terra, alguém com as importantes condecorações de guerra do major Apollo, teria recebido, ao longo de sua vida, as homenagens, o respeito e a gratidão do seu povo.”

Na tristeza daquele momento, assumi, intimamente, o compromisso - como missão - de divulgar a história do major Apollo. Nesses vinte e um anos desde o seu falecimento, tenho viajado pelo nosso país ministrando palestras - nos meios militar e civil - relatando os seus atos de bravura e heroísmo. O meu livro “O Resgate do Tenente Apollo”, escrito em parceria com o tenente R/2 Orlando Frizanco, está com 2ª edição em preparação. O Conselho Nacional de Oficiais da Reserva criou a Medalha Major Apollo Miguel Rezk, para homenagear personalidades que se destaquem no apoio às Associações de Oficiais da Reserva.

Um dos desejos não realizados do herói era ser promovido ao posto de tenente-coronel, a exemplo de alguns de seus companheiros que obtiveram a promoção por via judicial. Quem sabe o Exército Brasileiro, ou mesmo o Congresso Nacional, lhe concedam, ainda que tardiamente, essa honraria, como derradeira homenagem, já que em vida não logrou recebê-la sob a forma de promoção por bravura, o que teria sido, inquestionavelmente, um ato de inteira justiça.

Os feitos do tenente Apollo ultrapassaram os limites de sua existência física. Na verdade, já não mais lhe pertenciam quando, naquela madrugada de 21 de janeiro de 1999 foi vencido pelo inexorável. São episódios gloriosos da história militar de um país que teima em não cultuar seus heróis.

A Força Expedicionária Brasileira - e seus bravos - não pode ser esquecida. Ela simboliza a pujança e o valor de um povo. A nação lhes deve eterno respeito e imorredoura gratidão.

(*) O autor é historiador, oficial da reserva do Exército, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, da Academia Brasileira de Defesa e do Instituto Histórico de Petrópolis. É Patrono, fundador e ex-presidente do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva. É o atual presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Veteranos da FEB.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

REFUGIADOS INTERNOS: perguntar será pecado?

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Perguntar não é pecado: como surgiu esse novo categoria de deslocado, o refugiado interno?

O que atinam? Será que tenho razão quanto à existência dessa nova categoria de refugiado?

Refugiados são criaturas que fogem de um país para outro por motivos de guerra ou de perseguição política, entre outros. Diferente dos imigrantes, as pessoas que saem de seus países por vontade própria, visando melhor condição de vida. Com a guerra na Ucrânia voltou-se aos tempos dos deslocados (refugiados) de guerra ou como dizem em inglês “displaced person” (ter sido forçado a deixar sua casa, por uma invasão). Lembro que, “displaced” é sinônimo de inconveniente, impróprio, inadequado, inoportuno para a região que o acolhe.

Desconheço situação mais vexatória para um ser humano que se tornar refugiado, desprovido de segurança psico-bio-econômico-social. O refugiado perde os direitos a qualquer proteção, seja ela social, jurídica, econômica, alimentar, de moradia ou de existência. Em suma, a questão do refugiado no mundo contrai contornos dramáticos, pois, além dos problemas severos que afligem suas diferenças áreas de origem, ainda se associam outras dificuldades.

Entre essas dificuldades destacam-se as diferenças culturais, enigmas com idiomas, busca por emprego e, especialmente, a xenofobia (aversão a estrangeiros) que sofrem.

Ademais, existem várias categorias de refugiados, definidas pelas causas: por perseguição política, conflito armado, fome, discriminação racial, social, religiosa e até os alijados por razões ecológicas.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, são agora mais de 4 milhões de pessoas que se refugiaram em países vizinhos. Em sua maior parte crianças, velhos e mulheres.

O mais triste/curioso é que muitos refugiados desta guerra foram se abrigar em sua própria nação, invadida. O enigma é que mais de 7,1 milhões de pessoas estão deslocadas internamente, conforme o relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Será essa “fuga interna” causada por preconceito quanto a pequenas diferenças (‘ver’ Sigmund Freud)? O que fazer? Como classificá-los?

Perguntar não é pecado: como surgiu esse novo categoria de deslocado, o refugiado interno?

O que atinam? Será que tenho razão quanto à existência dessa nova categoria de refugiado?

Repito: Perguntar não é pecado!

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).


quarta-feira, 13 de abril de 2022

GUERRA OU PAZ?

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Henry Kissinger, no livro "Sobre a China", alerta-nos que, em 1962, tropas chinesas e indianas lutavam pela definição de sua fronteira. A Índia queria os limites de sua era colonial; a China defendia os de sua era imperial. A primeira enviara soldados até a fronteira por ela considerada, enquanto a segunda havia cercado o exército adversário.

Após o fracasso das negociações, a China atacou de forma devastadora, conquistou parte do território indiano e, em vez de julgar como sua a área conseguida e definir um novo limite, por orientação de seu líder Mao Tsé-Tung, recorreu à antiquíssima tradição chinesa: recuou a fronteira anterior e devolveu as armas pesadas apreendidas. Então foi dito aos oponentes: "Avançamos além de nossa fronteira, não para aumentar nosso território, senão para obrigá-los ao diálogo. Agora vamos conversar."

A situação descrita tanto difere do atual conflito entre Rússia e Ucrânia que, no país invasor, alguém poderá ser condenado a até 15 anos de prisão se chamar a guerra de "guerra". Se Putin fosse democrata, seria acostumado a ouvir, argumentar e ponderar, e teria aprendido que, se dois países negociam, a melhor tese não é a de um ou a de outro, mas a que emerge do diálogo.

Após a Guerra das Malvinas, Jorge Luis Borges considerou-a "uma briga de dois carecas por um pente", e Roberto Campos afirmou que "a Argentina teria ganhado pela diplomacia o que perdeu pela guerra". Joel Silveira, repórter correspondente na 2ª Guerra Mundial, publicou: "A guerra é nojenta, e o que ela nos tira (quando não nos tira a vida), nunca mais devolve."

E neste conflito, quer a Ucrânia caia ou não, Putin perde, e Zelensky ganha. Os interesses não são do país, e sim de Putin e dos oligarcas, seus parceiros de todas as horas, ao seguirem Hitler, quando disse: "Você não derrota um inimigo tirando sua coragem. Você o derrota tirando sua esperança." Os russos, em maioria, são amigos dos ucranianos e, se pelo terror da gestão Putin, os vissem como inimigos, fariam como Sun Tzu ensinou, há cerca de 2522 anos: "A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar."

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/03/22. Opinião, p.18.

sábado, 9 de abril de 2022

ALIADOS REJEITARAM MISSÃO QUE PODERIA TER SALVO ANNE FRANK

Por Fábio Marton, jornalista.

Documentos revelados por historiador mostram como o Supremo Comando descumpriu ordens de Washington que poderiam ter poupado a vida de dezenas de milhares

Ao cair das cortinas da Segunda Guerra, em algum ponto entre fevereiro e março de 1945, aos 15 anos, Anne Frank morreu de tifo no campo de Belsen-Bergen. Seu diário, publicado por seu pai, tornou-a uma das mais simbólicas vítimas do Holocausto. 

Tudo poderia ser diferente — e talvez ela estivesse viva até hoje, aos 88, possivelmente anônima — se os aliados tivessem seguido as ordens de Washington e colaborado com um esforço da Cruz Vermelha para enviar uma missão de socorro com medicamentos e alimentos para o campo no qual ela estava presa.

A revelação veio do historiador Max Wallace em seu novo livro In the Name of Humanity: The Secret Deal to End the Holocaust ("Em Nome da Humanidade: O Acordo Secreto para Encerrar o Holocausto", ainda sem tradução). Wallace descobriu documentos inéditos e reconstruiu uma história até agora desconhecida.

A SS nazista e a Cruz Vermelha haviam chegado num acordo para permitir a passagens de caminhões com suprimentos para aliviar a situação em certos campos de concentração.

Berger-Belsen, o alvo principal, não era um campo de extermínio com Auschwitz: não tinha câmaras de gás. Quando os nazistas queriam matar alguém por lá, transferiram para os outros campos. Ainda assim, cerca de 50 mil de seus prisioneiros morreram por fome, doenças ou exaustão por trabalhos forçados. Ao ser liberado pelos aliados, em 15 de abril de 1945, o complexo, feito para abrigar 10 mil pessoas, tinha 60 mil — e mais 13 mil corpos insepultos, incluindo Anne e sua irmã Margot

Em fevereiro, a situação catastrófica de Berger-Belsen foi levada à Washington e estudada por várias autoridades, inclusive o secretário de guerra Henry Stimson. De lá saiu a ordem para a liberação imediata da ajuda.

Mas o Comando Central, liderado pelo general (e futuro presidente) Dwight Eisenhower, simplesmente se recusou os liberar veículos e gasolina combinados, exceto para missões direcionadas a campos com prisioneiros de guerra americanos — uma decisão cinicamente calculada, pensando no impacto na opinião pública de negligenciar “nossos garotos” versus “judeus desconhecidos”.

A culpa final por qualquer morte em campos de concentraçao recai sobre os nazistas, cujas políticas desprezíveis colocou os prisioneiros lá”, afirma Wallace. “Mas a tragédia de Bergen-Belsen ilustra como, mesmo naquele estágio final da guerra, o destino dos judeus europeus não tinha quase qualquer efeito sobre a consciência dos líderes aliados.

Fonte: UOL. Publicado em 18/04/2018. Atualizado em 20/04/2018.

 

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