Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Transformar um
problema em uma doença fica mais fácil, pois doença tem remédio, embora nem
sempre...
Introdução: Ansiedade
é a sensação de receio ou de apreensão sem causa evidente, à qual se agregam
fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc. Segredo é aquilo que não
pode ser revelado; sigilo.
Não
simpatizo com definições. Caso curtas geralmente são incompletas; quando longas
perdem a sua razão de ser. Daí minha relutância em decidir qual a mais
apropriada para sentirmos a complexidade das emoções humanas. Acordo com a
frase: as emoções são individuais.
A
ansiedade é uma emoção normal do ser humano, comum ao se enfrentar algum
problema no trabalho, antes de uma prova ou diante de decisões difíceis. No
entanto a ansiedade, quando excessiva, pode se tornar uma doença, ou melhor, um
distúrbio.
A
internet modificou a relação humana com o tempo e o espaço; o conhecimento
ficou diferente, mas nunca as emoções.
Epidemiologia: (Sinonímia:
ciência que trata das epidemias, suas causas, efeitos, curas, envolvendo todos
os tipos de doenças além das infectocontagiosas causada por vírus ou bactérias)
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) assinala que 322 milhões de pessoas pelo
mundo sofrem de depressão, 18% a mais que há dez anos. O número representa 4,4%
da população do planeta.
No caso do Brasil, a OMS estima
que 5,8% da população nacional é afetada pela depressão, o que coloca o País no
quarto lugar:— A ansiedade é o maior do problema de Saúde Coletiva. O ranking é
liderado pela Ucrânia, com 6,3% da população em depressão. Estônia, Estados
Unidos e Austrália ficam na segunda posição, com 5,9%.
A
taxa média brasileira supera a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além
de Chile e Uruguai com 5%.
As
mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas em depressão. Entre os
homens, a taxa é de 3,6%. Em números absolutos, metade dos 322 milhões de
vítimas do distúrbio vivem na Ásia. E tem mais: A depressão é a enfermidade que
mais contribui com a incapacidade no mundo, em cerca de 7,5% ela está presente.
Ela é, também é, a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil
casos por ano. Os números de suicídio representam uma alta de 15% em comparação
ao ano 2005.O Brasil lidera na América Latina e no mundo, com 9,3% da sua população
com algum tipo do transtorno de ansiedade. No Paraguai, a contribuição é
de 7,6%, contra 6,5% no Chile e 6,4% no Uruguai.
Dan
Chisholm (especialista da OMS para assuntos da saúde mental) adverte que é
difícil lembrar um fator isolado que explicaria a alta taxa de transtornos de
ansiedade.
E
continua:
"Ao
contrário de outras doenças, existem muitos fatores que atuam de forma conjunta
para criar esse cenário". No caso do Brasil, entre os principais fatores
de risco que podem pesar sobre os brasileiros incluem-se:
“A situação
econômica inerente ao país, os níveis de pobreza, desigualdade, desemprego e
recessão. Além disso, existem fatores ambientais, como o estilo de vida em
grandes cidades”.
Levando-se
em conta o que foi ressaltado, faz-se necessário emitir sinais de alerta.
Não estranho esses resultados estatísticos, mas sim o silêncio das mídias
profissionais ou sociais, que são tão influentes.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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