O restaurante Flórida (do
Sá Filho, do Sá Neto e do Hermínio, da Maria, do Beinha e do Clube do Bode, do
Falcão e do saudoso Audifax Rios) é também pasto do amigo Luiz Pedro. Conheceu
o lugar já na Rua Dom Joaquim, 68 - "quase meia nove". É de lá que
nos brinda com história real. Nesse exato modelo.
Era um belo domingo de
sol, chego ao novo endereço e sou logo atendido pelo Beinha, já trazendo o
tradicional tira-gosto de fatias de carioquinha com queijo-prato e, obviamente,
o combustível da ilusão.
Após alguns goles para
matar a sede - que insistia em não ceder - verifico no entorno que, numa das
mesas, sentado em posição de quem já estava nocauteado pelas doses ingeridas
("bodado", no falar caririense), um cidadão teimava em voltar ao
"ringue". De repente, chega um amigo dele. Puxa a cadeira e senta-se
com uma saudação sincera e óbvia.
- Ei cara, pelo visto e
sentido já tomou todas!
O novo inquilino da mesa
realmente era um grande amigo do colega, há horas no local. Sua maior
preocupação era levá-lo para casa onde, quem sabe, após um banho frio e um
caldo quente, poderia curtir a ressaca num sono tranquilo, talvez até o raiar
da segunda-feira.
- Cara, vamos pra casa.
Você já bebeu demais! Tá com cara de quem começou na sexta e está no ar há mais
de 48 horas.
Depois de olhar bem o
amigo e analisar o convite com o pouco de lucidez que ainda lhe restava,
respondeu positivamente.
- Então me deixe em casa!
Mas, antes de partir, fez
três pedidos:
- Beinha, a saideira e a
conta, por favor!
E, virando-se para o
amigo, lançou o terceiro e último pedido:
- Agora vá para o carro,
ligue o ar-condicionado no máximo e me aguarde que chego em 10 minutos.
Promessa feita, promessa
cumprida!
Papagaio que muito fala...
A ave da família dos
psitacídeos chegara à casa ainda 'empenujando', só cabeça e olhos graúdos.
"Mas será valente e palradora, de falar de um tudo, declamar versos,
cantar Detalhes do Roberto. Espantar ladrão do terreiro de casa e botar sentido
no portão", apostava a dona do papagaio bebê, minha tia Rita. O nome?
"Sarney", batizado José Ribamar Ferreira de Araújo Costa.
O Brasil era presidido
pelo ilustre conterrâneo do poeta Ferreira Gular, nascido José Ribamar
Ferreira. Portanto, um papagaio macho que só preá. E que não decepcionaria a
dona. Cantou o rei da Jovem Guarda, não necessariamente no que queria ouvir.
Sarney interpretava "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos" com a
elegância de Frank Sinatra. Conhecido no bairro por dizer o signo das pessoas, contar
até 31 e mandar o povo se lascar, uma descoberta assustadora, porém, irá mudar
para sempre a vida de todos.
Sarney era fêmea. A prova:
botou um ovo depois de 30 anos. Foi rebatizado. Chama-se Marly...
- Nunca me enganou!!! -
desabafou minha tia.
Fonte:
O POVO, de 10/8/2018. Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.
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