quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

UM APELO PARA QUE PROGRAMEM A MÚSICA PARA A ESCOLA PÚBLICA

Por Lêda Maria Feitosa Souto (*)

A volta às aulas não tem o colorido dos outros anos. Com o avanço da covid-19 e de outras doenças, as mudanças de comportamento e de rotinas exigem atitudes bruscas para se adequar ao novo. E as crianças e os jovens padecem, conhecem o medo e o desamor.

Há tendências de animação sob o sol, pouco brilhante, envolvendo os dias de pandemia, na escola? Sim. Existe a musicalização infantil, capaz de incentivar nas unidades escolares a formação de bandinhas, corais, orquestras? Shakespeare, em Noite de Reis, afirmou: "Se a música é o alimento do amor, toque". E essa ligação vai muito além, alcançando o emocional.

A presença dos músicos na escola é algo quase celestial. Não tem preço. Vamos reunir não só os professores e maestros, mas cantores e instrumentistas da comunidade em projetos criativos, levando o alunado para cantar, saudando o Pavilhão Nacional, conhecendo e interpretando a poesia do Cancioneiro Popular e de nossos compositores.

ser humano precisa da música estimulando a coordenação motora, o desenvolvimento integral, a saúde, a comunicação e o amor de Deus.

Uma professora de música do Colégio das Irmãs Dorotéias, madre Arruda (para minhas colegas relembrarem), apaixonada que era, repetia sempre: "Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar". Aqui a ideia caminha em harmonia: "Eu gostaria de ver a escola do Ceará ensinando todos a cantar".

O governador e o prefeito de Fortaleza cresceram em um ambiente musical. Camilo Santana, criança, estudou flauta doce na escola de música do Crato. Jovem, herdou a flauta transversa, de prata, do seu avô materno, José Amorim Sobreira. Continuou estudando e foi para violão, sax e piano. José Sarto, cantor, descobriu o violão, do qual até hoje é amigo inseparável.

Os dois líderes têm inspiração e poderes para executar, com urgência, um melodioso projeto cultural retornando a disciplina de música (antes era Canto Orfeônico) para a grade curricular da escola pública. A alegria merece ocupar o cenário das unidades escolares, cenário orquestrado agora por partituras amargas de um ano que já começa com dificuldades para celebrar a festa da vida. 

(*) Jornalista; colunista de O Povo; membro da Academia Fortalezense de Letras.

Fonte: O Povo, de 24/01/2022. Opinião. p.16.

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