Por Rita Fabiana Arrais (*)
A quadra chuvosa
é um período em que a população caririense se enche de farturas. Os verdes
canaviais da Barbalha e a Chapada do Araripe com a colheita dos pequis
sinalizam que o inverno chegou.
De acordo com a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), nessas duas
primeiras semanas de 2025 o maior acumulado de chuvas foi na Região
Metropolitana do Cariri, com previsões de níveis pluviométricos acima da média.
Momentaneamente, os resultados deixados por volumes tão intensos de água
desafiam há décadas a infraestrutura das cidades do eixo (Crato - Juazeiro -
Barbalha), pois as recorrentes inundações das ruas comprometem comércios e
residências.
A potência
econômica da Região Metropolitana do Cariri (RMC) reside no processo contínuo
de expansão de crescimento urbano com características específicas de um grande
centro econômico: grande soma de investimentos privados, altas taxas de geração
de emprego e renda. Entretanto, este cenário não é suficiente para a construção
de um projeto de desenvolvimento econômico sustentável regional.
A urbanização
caririense passa por uma especulação do valor do espaço. Ao longo dos anos
empilharam-se prédios e criaram-se bairros como numa espécie de "terra com
asfalto", ocasionando a impermeabilização do solo e promovendo uma
urbanização sem planejamento.
Consequentemente,
as chuvas intensas alagaram as ruas, casas e comércios em Juazeiro do Norte; os
canais que cortam a cidade do Crato transbordaram; as pavimentações das vias e
estradas rurais foram arrancadas em Barbalha. Por toda a região os prejuízos
são resultados dos alagamentos, e isto está intrinsecamente ligado à ausência
de infraestrutura adequada.
É evidente que os
problemas não estão apenas na esfera do prejuízo a ser quantificado. Há
questões de saúde pública (transmissão de doenças por meio de água de esgoto),
a moradia (periferias, assentamentos) e a ação do homem sobre o meio ambiente
(queimadas, desmatamento) que necessitam de enfrentamentos pelo poder público e
por nós, caririenses.
(*) Economista.
Fonte:
O Povo,
de 17/01/25. Opinião. p.17.
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