quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

UM TRIBUTO A DRA. ZÉLIA

Por Dr. José Maria Bonfim (*)

Zélia Maria Rouquayrol nos deixou há sete dias. Originária de Pernambuco, formada em Farmácia em 1956, no Recife, fez do Ceará a sua seara preferida. Chão onde realizou com inegável brilho, uma semeadura frutificante. Sem muito alarde foi semeando os grãos da Medicina Preventiva e sem dúvida, colheu seus frutos ainda em vida.

Gozei da sua benfazeja amizade, quando residíamos na Rua Carlos Barbosa 150, no Papicu. Foram momentos saudáveis para as nossas áreas comuns.

A Medicina Preventiva é o primo pobre da arte de curar. Mas foi nesta área que a saúde brasileira se destacou mais. Como trabalho coletivo. Na cidade do Ipu, floresceu abundantemente o cuidado preventivo das endemias e das epidemias que grassavam nos alcantis da Serra.

Médicos saudosos, verdadeiros sacerdotes, como os Drs. Thomáz e José Evangelista que fizeram um trabalho primoroso no combate ao Tracoma, Tuberculose e Peste Bubônica.

Mons. Moraes trouxe para o Ipu, com o apoio do Dr. Francisco Araújo, o posto de endemias rurais. Oswaldo Cruz juntamente com o Presidente Francisco Alves os transformadores do Rio de Janeiro. Fazendo um trabalho maravilhoso na saúde do Rio de Janeiro. A imagem dos escravos com pigmentos brancos no dorso negro, clama aos céus. Eram chamados de tigroes. Um cruel desrespeito ao ser humano!

Pessoalmente tentamos algo para a comunidade. Durante 21 anos fizemos um trabalho preventivo junto à comunidade de Guanacés. Uma vila do município de Cascavel, onde tive ajuda do saudoso José de Arimateia Santos. Com este trabalho fiz meu primeiro mestrado em Saúde Pública. E Dra. Zélia nos ajudou muito.

Medicina Preventiva é a verdadeira medicina. É a medicina onde podemos construir verdadeiros castelos de esperança. É um trabalho calçado na paciência e na perseverança. Sem as cifras da medicina curativa. Porém ´r  a semeadura mais divina que podemos praticar num pobre, num paciente aflito. Educá-lo. Ser um catequista médico.

Catando dentro da pobreza humilhante, valores que o homem esquecido nas lonjuras do sertão não percebe. Dra. Zilda Ars, médica pediatra, caminhando para os nichos celestes, com água, sal e açúcar, salvou mais gente do que milhares de políticos enganadores.

Zélia na sua simplicidade, com seu vigor científico, reuniu tudo no seu fabuloso livro que roda o mundo. Zélia nos deixa um legado precioso. Mesmo se indo deixa a sua catequese frutífera. Preciosa e plena de Esperança.

Requiescat In Pace.

Deus é bom!

(*) Da ACEMES e da Sobrames/CE (circulando por WhatsApp).


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