Por Dr. José Maria Bonfim (*)
Zélia
Maria Rouquayrol nos deixou há sete dias. Originária de Pernambuco, formada em Farmácia em 1956, no Recife, fez do Ceará a sua
seara preferida. Chão onde realizou com inegável brilho, uma semeadura
frutificante. Sem muito alarde foi semeando os grãos da Medicina Preventiva e
sem dúvida, colheu seus frutos ainda em vida.
Gozei
da sua benfazeja amizade, quando residíamos na Rua Carlos Barbosa 150, no
Papicu. Foram momentos saudáveis para as nossas áreas comuns.
A
Medicina Preventiva é o primo pobre da arte de curar. Mas foi nesta área que a
saúde brasileira se destacou mais. Como trabalho coletivo. Na cidade do Ipu,
floresceu abundantemente o cuidado preventivo das endemias e das epidemias que
grassavam nos alcantis da Serra.
Médicos
saudosos, verdadeiros sacerdotes, como os Drs. Thomáz e José Evangelista que
fizeram um trabalho primoroso no combate ao Tracoma, Tuberculose e Peste
Bubônica.
Mons.
Moraes trouxe para o Ipu, com o apoio do Dr. Francisco Araújo, o posto de
endemias rurais. Oswaldo Cruz juntamente com o Presidente Francisco Alves os
transformadores do Rio de Janeiro. Fazendo um trabalho maravilhoso na saúde do
Rio de Janeiro. A imagem dos escravos com pigmentos brancos no dorso negro,
clama aos céus. Eram chamados de tigroes. Um cruel desrespeito ao ser humano!
Pessoalmente
tentamos algo para a comunidade. Durante 21 anos fizemos um trabalho preventivo
junto à comunidade de Guanacés. Uma vila do município de Cascavel, onde tive
ajuda do saudoso José de Arimateia Santos. Com este trabalho fiz meu primeiro
mestrado em Saúde Pública. E Dra. Zélia nos ajudou muito.
Medicina
Preventiva é a verdadeira medicina. É a medicina onde podemos construir
verdadeiros castelos de esperança. É um trabalho calçado na paciência e na
perseverança. Sem as cifras da medicina curativa. Porém ´r a semeadura mais divina que podemos praticar
num pobre, num paciente aflito. Educá-lo. Ser um catequista médico.
Catando
dentro da pobreza humilhante, valores que o homem esquecido nas lonjuras do
sertão não percebe. Dra. Zilda Ars, médica pediatra, caminhando para os nichos
celestes, com água, sal e açúcar, salvou mais gente do que milhares de
políticos enganadores.
Zélia
na sua simplicidade, com seu vigor científico, reuniu tudo no seu fabuloso
livro que roda o mundo. Zélia nos deixa um legado precioso. Mesmo se indo deixa
a sua catequese frutífera. Preciosa e plena de Esperança.
Requiescat In Pace.
Deus
é bom!
(*) Da ACEMES e da
Sobrames/CE (circulando por WhatsApp).
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