Felizardo
de Pinho Pessoa Filho nasceu em 1918, em Viçosa do Ceará. Foi responsável pela
descoberta dos primeiros casos de leishmaniose visceral em pessoas e animais na
região da Ibiapaba e no Piauí.
Morreu no final da manhã de ontem o Doutor Pinho.
Farmacêutico, sanitarista, cientista, ex-deputado estadual e ex-prefeito de
Viçosa do Ceará, que completaria 107 anos em 26 de abril próximo, ele foi o
responsável pela descoberta e tratamento dos primeiros casos de calazar no
Ceará e no Brasil a partir de 1946. Felizardo de Pinho Pessoa Filho montou, com
recursos próprios, um hospital de campanha para cuidar e atalhar a morte de
pacientes cearenses e piauienses infectados pelo flebótomo, mosquito vetor da leishmaniose
visceral ou esplenomegalia tropical.
Doutor Pinho faleceu lúcido e consciente em uma UTI
do hospital Otoclínica depois de complicações derivadas de um trombo e a perda
das funções renais. Por último, segundo o advogado César Pinho, um dos filhos
do farmacêutico, o pai pediu que cuidassem da esposa – Maria Lúcia Fontenele de
Pinho Pessoa, de 90 anos de idade.
“Nas últimas horas de papai, ele
pediu a presença dos filhos e da mamãe. Pediu que cuidássemos e não deixasse
faltar carinho e afeto pra ela. Disse que a amava e pediu que não soltássemos a
mão um do outro. E falou que sabia que tinha chegado a hora dele. Foi uma
sensação triste, mas é o início de uma grande saudade”, afirmou César Pinho.
O velório do corpo de Doutor Pinho será iniciado
ainda neste sábado em Fortaleza, a partir das 18 horas, na Funerária Ethernus
(rua Padre Valdevino, 1.688, Aldeota). Depois de uma missa, às 21 horas, o
corpo seguirá para Viçosa do Ceará. Na manhã de domingo, 23, a partir das 9
horas, haverá o segundo velório na cidade onde o sanitarista nasceu, em
26/4/1918. Às 17 horas, será sepultado no município da Chapada da Ibiapaba.
Em agosto de 2021, Doutor Pinho foi personagem das Páginas
Azuis de O POVO. Em entrevista por videoconferência, por causa das restrições
de distanciamento da covid-19, o descobridor do calazar no Ceará contou como
atravessou a pandemia entre 2020-2021. E também como sobreviveu à pandemia da
Gripe Espanhola (1918-1920) e muitas mazelas, àquela época ainda com 103 anos
de existência.
Doutor Pinho, que dá nome a uma cachaça fabricada
em Viçosa do Ceará, até poucos meses atrás tocava piano e ainda se aventurava
em manipular algumas fórmulas em seu laboratório particular. Nas Páginas Azuis,
ele revelou também como cientistas de São Paulo furtaram a pesquisa, dados,
fotos e prontuários de 18 pacientes contaminados pelo calazar. Aqueles haviam
sido os primeiros casos da doença do Ceará.
Fonte: Publicado
In: O Povo, de 23/02/2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário