Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A expressão fake News deriva do
inglês. Significa literalmente “notícias falsas”. O Chat GPT é um algoritmo
baseado em inteligência artificial.
Em momentos como o que estamos vivendo, quando uma mentira está
acoplada a uma verdade fica mais complicado apartá-las. Isso gera confusão,
ansiedade, depressão, angústia e outras enfermidades de natureza
psicossomática. Acreditar na resistência da higidez mental de uma população é
ingenuidade, maldade ou ignorância, pois somos animais vulneráveis aos
traumatismos, sejam eles conjunturais ou duradouros. Agora, com o aparecimento
das ferramentas ditas de inteligência artificial (A.I.), a situação tende ao agravamento.
Sublinho:
A maioria dos meios de comunicação, mormente as publicações
ditas cientificas, às quais tenho obrigação profissional de consultar,
mancheteiam a perda de empregos e as profissões que se tornarão obsoletas em
futuro próximo.
O mais recente dos canais de comunicação é o tal Chat GPT, um chatbot,
mecanismo projetado por uma “startup” batizada de OpenAI, dedicada às
aplicações da denominada Inteligência artificial. O Chat GPT entrará em disputa
com o Google e outros gigantes da nossa época, muito vossa e pouco minha, já
que eu sou um sobrevivente da era Pré-Computador.
Compreendo, apesar da minha idade, que essas novas aplicações
estão atraindo simpatizantes esperançosos ou atemorizando desesperançosos,
sejam eles empregados ou desempregados, todos afetados pelas transformações
empregatícias em um mundo automatizado.
Como leitor de publicações médicas (obrigação profissional)
atinei que as principais revistas médicas como as do grupo JAMA (The Journal
of the American Medical Association) e a Nature, essa última
periódico, cientifico considerada a mais prestigiosa da área médica e
biológica, adicionaram aos cuidados a serem tomados (orientação aos autores) o
princípio de, ao publicar trabalhos científicos, estarem atentos ao perigo do
emprego de mecanismos de Inteligência Artificial, para não infringirem a Lei
dos Direitos Autorais (os copyrights).
Como que esqueceram de que lidam com Medicina e de que vidas
humanas não têm preço nem são mercadorias renováveis ou descartáveis. Carecem,
tais publicações, de considerar que há gradações do ilícito e ninguém vai
comparar o Holocausto com a venda de um produto mais caro ou mais barato do que
um sabão em pó. Ou que estupro é mais ou menos grave do que é agora
catalogado como cantada de mal gosto.
Não abranjo, além disso, como se popularizou essa expressão fake
News sem espernearmos, quando possuímos na nossa língua materna vocábulos
como fofocas, boatos e o tão nosso disse-me-disse. Novos tempos? Novas
modas. Confesso, sou um saudosista. Mas vamos lá!
Usei Fake News como título destas alíneas desde que a
expressão está dicionarizada pelo Aurelio como: “notícias falsas ou informações
mentirosas em que são compartilhadas como se fossem reais e verdadeiras,
divulgadas em contextos virtuais, especialmente em redes sociais ou em
aplicativos para compartilhamento de mensagens”. Adiciono que as fakes news
são baseadas principalmente em posições ideológicas, quer sejam da direita ou
da esquerda. No meu tempo, o dicionário era considerado o Pai dos Burros e
continuo reverenciando as tradições conservadoras.
Ainda acredito no folhoso.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES), da Academia Recifense de Letras Academia Olindense de Letras e do Instituto Histórico de Olinda. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
Nenhum comentário:
Postar um comentário