Por Leonardo
Drumond (*)
As quedas em idosos são um problema de
saúde pública que expõe uma dura realidade com a qual lidamos diariamente na
ortopedia: elas estão entre as principais causas de lesões e mortalidade nessa
população. Não apenas acarretam fraturas complexas, como as de quadril, mas
também levam a complicações secundárias graves, incluindo tromboses e
infecções, que podem ser fatais.
Os números são alarmantes. Estima-se que
aproximadamente um terço das pessoas com mais de 65 anos sofre ao menos uma
queda ao ano, e, em uma população que envelhece rapidamente, esse número tende
a aumentar. O impacto sobre os sistemas de saúde é também relevante, pois as
quedas custam bilhões em tratamentos e internações, além de prolongarem o tempo
de recuperação e reduzirem a qualidade de vida.
É nossa responsabilidade social repensar os
ambientes onde vivemos e transitamos. Não é suficiente apenas tratar o idoso
após o acidente; precisamos atuar preventivamente. Para isso, existem
diretrizes claras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, por exemplo,
a instalação de corrimãos em escadas e corredores, o uso de pisos
antiderrapantes e o aumento da iluminação em áreas de passagem. Esses elementos
simples e muitas vezes ignorados são fundamentais para reduzir os riscos.
Outro ponto essencial é o fortalecimento
físico. Com o avanço da idade, ocorrem a perda de massa muscular e o
enfraquecimento ósseo, que aumentam a vulnerabilidade a quedas e a gravidade
das lesões resultantes. Recomenda-se a prática de exercícios que promovam a
força e o equilíbrio, especialmente para idosos. Caminhadas, atividades
aquáticas e alongamentos supervisionados são estratégias preventivas que
precisam ser incentivadas.
É preciso enxergar a prevenção de quedas
não apenas como um cuidado individual, mas como uma questão de saúde pública e
planejamento urbano. Envolver governos, profissionais de saúde e a sociedade
civil em iniciativas de conscientização e adaptação de ambientes é essencial
para reduzir as quedas e suas consequências devastadoras. A segurança dos
idosos é um dever coletivo que deve ser assumido com urgência.
(*) Médico.
Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) –
Regional Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/01/2025. Opinião. p.16.
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