sexta-feira, 31 de outubro de 2025

FOLCLORE POLÍTICO: Porandubas 850

A pedidos, abro a coluna de hoje com mais uma historinha de campanha eleitoral.

O encerramento da campanha

Em 1986, coordenei a campanha de Freitas Neto para governo do Piauí. Na época, era filiado ao PFL. A eleição nesse ano ocorreu em 15 de novembro, não em outubro. Foi num sábado, mobilizando 166.166.810 eleitores. Disputada sob a euforia do Plano Cruzado, obra do governo José Sarney. O MDB elegeu 22 dos 22 governadores dos 23 existentes. Um único governador do PFL foi eleito: Antônio Carlos Valadares, de Sergipe. Foi o arrastão do Plano Cruzado.

Volto ao Piauí

Chegava o momento final da campanha, e cravávamos na massificação do "monumental" (entre as aspas, atentem) showmício de encerramento. Os carros de som anunciavam, desde cedo, o grande comício. Um espetáculo com a voz da fabulosa cantora Elba Ramalho. Na época, as carretas com imensos aparelhos de som saíram do Rio de Janeiro, 10 dias antes da data. Mas as fortes chuvas na região da Bahia atrapalharam o transporte. A lama nas estradas atrasou a chegada. Ficávamos ligando para as cidades de passagem das carretas para controlar a chegada. Não teve jeito. A aparelhagem do som chegou quase em cima da hora do comício na Praça do Marquês. Cheguei ao local com Freitas Neto um pouco antes, por volta de 18 horas, para ver o ambiente. Uma multidão nos aguardava.

O toró

Chegamos sob uma intensa e continuada chuva. Os técnicos se esforçavam para instalar os aparelhos e arrumar os grossos cabos. 18h30. O toró (como se diz no Nordeste) engrossava. A chuva torrencial bagunçou o coreto. Praça lotada. Milhares de piauienses pulavam e dançavam sob a chuva. Garrafas de cachaça corriam de mão em mão. De repente, um estrondo, seguido de outros. Fogo e fumaça nas tomadas dos cabos. Corre-corre dos técnicos e o aviso dos eletricistas ao nosso candidato: "Acabou o som. Não há condição." Não havia aquele tipo grosso de cabo em Teresina. Só em Fortaleza. Elba Ramalho foi logo avisando:

- Está aqui meu contrato. Sem som, não canto.

Conversa vai, conversa vem, aflição e perplexidade. Depois de muita insistência, ela admitiu:

- Cantarei uma música, só, e me arranjem um acompanhamento.

Saiu não sei de onde um sujeito com um banjo. O povão urrava sob a chuva:

- Elba, Elba, Elba, queremos Elba, Elba, Elba...

Bate, bate, bate, coração...

A cantora saiu de trás. A multidão explodiu. E lá vem música:

- Bate, bate, bate, coração!

Ninguém ouvia nada. Zorra total. Nem bem terminou a estrofe, Elba parou. Presenciei, ali, uma das maiores aflições de minha vida, um esculacho na massa:

- Seus imbecis, seus loucos, covardes, miseráveis. Como podem fazer uma coisa dessas?

O que era aquilo? Meu Deus, por que aquele carão? Olhei para o meio da multidão. E vi a cena que ainda hoje mexe com meus pensamentos ruins: um sujeito abria a boca de um jumento, enquanto outro despejava nela uma garrafa de cachaça. Foi o toque que faltava para o anticlímax. Quanto mais Elba xingava a multidão, mais apupos, mais vaias. No dia seguinte, Teresina gargalhava em gozação. O showmício de Freitas Neto fora um desastre. Senti o ar pesado.

O jumento imponderável

O comentário era um só: você viu o comício de Freitas Neto? Institutos de pesquisas, às vésperas do pleito, nos davam 3% de maioria sobre Alberto Silva, candidato do PMDB. Perdemos a campanha por 1%. O desastre do comício virou o clima. Senti essa virada ao observar a conversa dos eleitores nas ruas e escritórios. Quando faço palestras sobre Marketing Político, costumam me perguntar:

- Professor, qual é o fator imponderável em campanha eleitoral?

Na bucha, respondo:

- Um jumento embriagado no Piauí.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/408591/porandubas-n-850

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Papa João Paulo II e Santo Padre Pio de Pietrelcina, o encontro em vida, de dois santos da Igreja Católica

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Dia 22 de outubro, a Igreja recordou o início do pontificado de João Paulo II (1978). Karol Wojtyla (seu nome de batismo) foi polonês, nasceu na cidade de Wadowice no de ano de 1920. Foi eleito a Papa com 58 anos de idade e marcou gerações com sua vida de santidade.

O momento do encontro entre João Paulo II e São Pio de Pietrelcina, ocorreu em uma visita de Karol Wojtyla a paróquia que São Pio residia em São Giovanni Rotondo, Itália. O cenário daquela época era pós-guerra.

O mundo acabava de viver um período de tensão e conflito com a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Muitos fiéis se deslocavam quilômetros de distância para se confessar com São Padre Pio, pois até então, já estava bastante conhecido entre as regiões e cidades vizinhas, pelos fatos milagrosos ocorridos pela intercessão de São Pio.

Em uma dessas visitas, Padre Pio recebe o jovem seminarista, Karol Wojtyla. Alguns dizem, que naquela ocasião, Padre Pio profetizou que ele seria o futuro Papa da Igreja Católica, mas haveria sangue e violência. De fato, isso aconteceu. Karol Wojtyla torna-se Papa e mais tarde, no ano de 1981, se dá o atentado de assassinato contra Wojtyla, um crime que comoveu a todos.

Outro fato interessante sobre estes dois grandes santos, agora comprovado por cartas e outros documentos, foi a intercessão de São Pio. Era o ano de 1962 e Wojtyla era o bispo auxiliar de Cracóvia. Wojtyla escreve a São Pio, lhe pedindo orações para a cura de um câncer de sua amiga. Logo em seguida, lhe escreve novamente, agradecendo a intercessão pela graça recebida.

O pontificado de São João Paulo II foi marcado pelo seu amor ao Santíssimo Sacramento, a devoção à Virgem Maria, o amor humano, à Santa Cruz e aos jovens. Em um de seus pronunciamentos na Assembleia do Celam, em Puerto Príncipe, no Haiti, em 1983, Papa João Paulo II pede pelo ardor e devoção na Evangelização em seus métodos e em sua expressão. Inspirado nesta mensagem e outros momentos catequéticos do Papa João Paulo II, nasce a Obra Evangelizar É Preciso que leva São Padre Pio como intercessor.

O que podemos aprender com estes dois grandes santos? A perseverança e confiança. Eles passaram por tempos muito difíceis, guerra e sofrimento. Deus estava presente, assim como está conosco atualmente. Por isso, não esmorecemos na Fé. Lutaremos com as armas de Deus: Oração, confissão e jejum.

Que estes dois grandes santos, São Padre Pio e João Paulo II, intercedam pela paz no mundo.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 4/10/2025. Opinião. p.18.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

MÊS MISSIONÁRIO: O chamado da Igreja ao anúncio do Evangelho

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Outubro é, para a Igreja Católica, um tempo especial de reflexão, oração e compromisso. Trata-se do Mês Missionário, instituído pelo Papa Pio XI em 1926, quando determinou que a Igreja universal dedicasse esse período à oração e ao apoio das missões.

A escolha não foi por acaso: em outubro celebramos Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões, que, mesmo sem sair do convento, ofereceu sua vida em oração e sacrifício para sustentar missionários em todo o mundo.

Sob a ótica da espiritualidade inaciana, este mês nos convida a escutar a voz de Cristo que envia os seus: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15). A missão não é privilégio de alguns, mas vocação de todos os batizados. Ser missionário é colocar-se a caminho, seja em terras distantes, seja no cotidiano, levando a Boa Nova por meio de gestos de misericórdia, solidariedade e justiça.

Vivemos tempos de crise social, política e espiritual. O mundo anseia por testemunhos que não apenas falem de Deus, mas revelem o Seu rosto no cuidado com os pobres, os sofredores e os que buscam sentido.

O Papa Francisco insiste: a Igreja deve ser "em saída", chamada a ir às periferias existenciais. Outubro, portanto, não é simples marca litúrgica, mas convocação a renovar o ardor missionário.

Na visão inaciana, a missão nasce da contemplação de Cristo. É no encontro pessoal com Ele, em oração, que brota o desejo de servir.

O missionário não é herói isolado, mas discípulo que caminha em Igreja, sustentado pela Eucaristia e pelo Espírito Santo. Esse mês nos provoca a revisar nossa vida espiritual, a fortalecer a comunidade e a assumir um compromisso mais profundo com a justiça do Reino.

Celebrar o Mês Missionário é recordar que a fé é dom a ser partilhado. Ela não pode ser trancada dentro dos templos ou guardada apenas como devoção privada. Outubro nos lembra que ser cristão é tornar-se sinal vivo do amor de Deus no mundo, capaz de iluminar uma humanidade ferida que clama por sentido, por paz e por esperança.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento Amare.

Fonte: O Povo, de 18/10/2025. Opinião. p.22.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

PODER CIVIL E A TUTELA DOS MILITARES

Por Heitor Férrer (*)

Fui militar, médico do Exército de 1981 a 1986. Servi no Hospital Militar, em plena ditadura, portanto, me sinto muito à vontade para falar dessa instituição pela qual tenho extremo respeito e onde tanto aprendi. Revi nossa história e a relação dos militares com o poder político no Brasil.

A monarquia, sem entrar no mérito, foi derrubada por militares em 1889. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o golpe, tornando-se o primeiro presidente da República. Seu vice, Marechal Floriano Peixoto. Deodoro renunciou em 1891 e Floriano assumiu. Inicia-se a Velha República (1891-1930), marcada pela política do quot;café com leitequot;. São Paulo e Minas Gerais se revezavam no poder.

Em 1930, o presidente Washington Luís, paulista, indicou outro paulista, Júlio Prestes, à presidência, rompendo o acordo com os mineiros. Em resposta, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba lançaram Getúlio Vargas à presidência e João Pessoa, vice.

Júlio Prestes venceu a eleição. Os derrotados, Vargas e João Pessoa, alegaram fraude nas urnas e a alegativa se espalhou pelo país. Contestaram o mesmo sistema eleitoral que elegeu todos os presidentes anteriores até então.

Em meio à crise, João Pessoa foi assassinado por João Dantas num crime de motivação pessoal, mas explorado politicamente. Militares simpáticos aos derrotados depuseram Washington Luís, prenderam-no e o exilaram, exilando também Júlio Prestes e, no uso da força, deram a presidência a Getúlio Vargas, que se tornou ditador por 15 anos.

Esses militares que o sustentaram em 1930 foram os mesmos que o derrubaram em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial. Não havia. Foi eleito o general Gaspar Dutra, que derrotou outro militar, o brigadeiro Eduardo Gomes.

Getúlio, que alegara ter sido roubado nas urnas em 1930, foi eleito em 1950 por voto direto, presidindo o Brasil até 24 de agosto de 1954, quando, sob crise política, militares forçaram sua renúncia. Getúlio resistiu, mas suicidou-se na madrugada de 25 de agosto. Assumiu seu vice, Café Filho, que tramou com uma ala do Exército não dar posse a Juscelino Kubitschek, eleito presidente. Outra ala do Exército afastou Café Filho e o general Teixeira Lott garantiu a posse do eleito. Mais uma vez, uma tutela militar.

Em 1961, elege-se Jânio Quadros, que renuncia em seis meses. Seu vice, João Goulart, assume, mas era malvisto pelas Forças Armadas e pelos Estados Unidos. Em 1964, novo golpe militar e uma ditadura que se estendeu por 21 anos.

Agora, no julgamento do ex-presidente Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado, ficou evidente a maturidade do Exército, que não tutelou mais uma ruptura institucional, quando os derrotados alegavam fraude nas urnas, a mesma estratégia de Vargas, guindado por militares a uma ditadura de 15 anos.

(*) Médico e deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/09/2025. Opinião. p.19.


segunda-feira, 27 de outubro de 2025

É preciso reconhecer a importância dos ortopedistas

Por Leonardo Drummond (*)

Celebrar o Dia do Ortopedista é reconhecer a importância de um profissional que está diretamente ligada à qualidade de vida da população. O ortopedista é o médico responsável por cuidar do aparelho locomotor humano e, consequentemente, por devolver movimento, independência e dignidade a milhares de pessoas todos os dias.

No Brasil, estima-se que cerca de 30% da população sofra com dores crônicas relacionadas ao sistema musculoesquelético, o que gera um impacto direto na produtividade, na economia e, sobretudo, na vida de cada paciente.

Considerada uma especialidade médica que enfrenta uma demanda crescente, a missão da Cooperativa dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Estado do Ceará (Coomtoce) ganha força por ser uma entidade que reúne profissionais comprometidos não apenas com a excelência técnica, mas também com a valorização da categoria e a construção de soluções coletivas para os desafios da área da saúde.

Dados da Associação Médica Brasileira (AMB) mostram que o país possui mais de 600 mil médicos ativos, sendo a ortopedia uma das 10 especialidades com maior número de profissionais. Só no Ceará, são mais de 1.500 ortopedistas cadastrados no Conselho Regional de Medicina, o que demonstra o peso da especialidade para o sistema de saúde.

Ao mesmo tempo, é importante destacar que essa representatividade exige responsabilidade e união da classe para enfrentar desafios como a defasagem nos honorários médicos, a sobrecarga de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade constante de atualização científica diante dos avanços tecnológicos.

No Dia do Ortopedista, reforçamos que cuidar de pessoas vai além de tratar fraturas ou diagnosticar doenças ósseas. Significa compreender a dor do paciente, oferecer um tratamento humanizado e lutar para que a profissão seja valorizada de forma compatível com sua relevância social. Que essa data seja um convite à reflexão social sobre a importância de fortalecer nossas instituições, valorizar nossos profissionais e, acima de tudo, continuar cumprindo a missão de devolver movimento e esperança a cada paciente.

(*) Médico. Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) – Regional Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/09/2025. Opinião. p.18.


domingo, 26 de outubro de 2025

Os Segredos Revelados das Grandes Obras de Arte IV


7. O Velho Pescador, Csontváry Kosztka Tivadar

Esta é uma pintura marcante na qual todos que a veem ficam impressionados, pois causa uma forte impressão. Mas os detalhes vão além. Se prestar atenção à face bastante realista do homem, vai se chocar com o que foi descoberto após a morte do pintor.

Quando um espelho é colocado no centro da pintura é possível ver dois rostos separados. No lado esquerdo (a direita do homem) está uma piedosa figura paterna; no outro, está um ser diabólico. A engenhosidade do artista ao colocar os dois lados harmoniosamente em uma única figura (que até lembra São Pedro), é realmente incrível. O artista se propôs a mostrar os dois lados do ser humano, o bom e o mau. Esta é certamente uma obra de arte revolucionária e reveladora que só pode ser adequadamente compreendida, após esse grande segredo ser revelado.

8. Retrato de Adele Bloch-Bauer I, Gustav Klimt

Por trás dessa famosa representação de um romance erótico está uma incrível história de triângulo amoroso. Klimt, autor da obra, se apaixonou pela mulher retratada no quadro, o marido dela soube do caso posteriormente, e bolou um plano para acabar com a paixão dos amantes. Ele simplesmente em segredo pagou Klimt para pintar a sua esposa e pediu a ele para fazer inúmeros esboços, para que pudesse passar anos pintando. O resultado disso é a obra que vemos hoje. E o que aconteceu com a musa do pintor? Ela ficou completamente desconfortável com a situação, enjoou do rosto do amante, assim como o marido imaginou. Incrível não é mesmo?

9. De Onde Viemos? O Que Somos? Para Onde Vamos?, Paul Gauguin

A história dessa pintura mostra um momento de desespero na vida de Gauguin, mas na verdade termina com um novo capítulo repleto de alegria e contentamento. Visto da direita para a esquerda, a jornada da vida começa com um bebê e termina com um lagarto morto por um pássaro (no canto inferior da esquerda). Quando finalizou a pintura, Gauguin tentou o suicídio, mas tomou o arsênico de forma errada. Ao ver que estava vivo, ele deu mais valor à própria vida e decidiu seguir em frente, tendo então uma brilhante carreira de artista.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Os Segredos Revelados das Grandes Obras de Arte III

4. O Noivado do Major, Pavel Fedotov

Essa pintura divertiu bastante os amantes de arte ao ser exibida pela primeira vez, devido ao desrespeito aos costumes da época que os artistas estavam cometendo. Para nós, nos dias de hoje, isso pode ser irrelevante, pois vivemos em um mundo moderno, embora críticos concordem que este é o ponto principal da pintura. O major na porta não trouxe flores à sua noiva e à mãe dela, um grande deslize por parte dele. A noiva já estava com o vestido, o que na época também era considerado revelador, ou seja, não poderia usar o vestido antes da data. Ela parece estar muito envergonhada e tenta escapar da embaraçosa situação na qual se encontra.


5. A Liberdade Guiando o Povo, Ferdinand Victor Eugène Delacroix

Esta icônica imagem da Liberdade, considerada um símbolo moderno francês é também comparada à famosa Estátua da Liberdade de Nova Iorque. No entanto, especialistas concordam que os seios expostos da Liberdade é uma representação da vontade do povo de ganhar autonomia das suas ações e ficarem livres, contra os costumes morais da época, que a Revolução Francesa buscou derrubar. Acredita-se que ela está em uma posição de vingança. Anna-Charlotte, que era uma lavadeira, vingou seu irmão morto cobrindo as barricadas e matando nove guardas. O peito à mostra evoca sua coragem e dedicação aos ideais da época.

6. Quadrado Negro Sobre Fundo Branco, Kazimir Malevich

Esta pintura não é tão simples quanto parece. Primeiro, pergunte a si mesmo o que você vê. A resposta é óbvia: um quadrado de cor preta. No entanto, o artista não usou a tinta preta em toda a obra. Ele simplesmente combinou várias outras tonalidades ao mesmo tempo. Além disso, não há de fato um quadrado na tela. Nenhum dos lados está paralelo ao outro e o mesmo vale para a forma branca. É uma pintura desafiadora que merece muita atenção.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


sábado, 25 de outubro de 2025

Os Segredos Revelados das Grandes Obras de Arte II

1. Danaë, Rembrandt H. van Rijn

Danae foi uma mortal que o deus Zeus a capturou para ser sua amante ilegítima, uma situação captada de forma direta e pessoal nesta pintura. Através de um raio X feito nesta importante obra nos anos 1960, descobriu-se que o rosto da mulher no quadro, na verdade, era da esposa de Rembrandt, Saskia. Ele deve tê-la pintado após a sua morte, porque o rosto que primeiramente vemos é o de sua amante, Geertje Dricxe. Assim, por um lado, é um tributo romântico à sua amante e por outro, um obscuro, mas pungente retrato que mostra a sua dualidade moral.

2. Quarto em Arles, Vincent Van Gogh

As cores vibrantes e ao mesmo tempo aconchegantes dessa pintura, uma das mais famosas e amadas do grande Van Gogh, têm duas explicações e significados que se contrastam. Em um deles, Van Gogh estava pintando e idealizando uma espécie de retiro bem claro - um tipo de refúgio do artista, no qual ele podia escapar de todas as provações do seu entorno e pensamentos angustiantes associados à mente de um gênio perturbado. Por outro, Van Gogh, que sofria de epilepsia, fazia um tratamento à base de digitalis, uma planta que na época era utilizada para este fim. Um dos efeitos colaterais dessa planta era justamente a inabilidade de perceber as cores. Portanto, ele pode realmente ter visto o mundo tingido por tons de amarelo e verde por grande parte da sua vida.

3. Mona Lisa, Leonardo da Vinci

A Mona Lisa é um dos retratos mais famosos da história da arte, embora uma recente explicação a respeito de seu enigmático sorriso não tenha agradado a alguns. Joseph E. Borkowski é um dentista e especialista no mundo da arte que acredita em seus instintos e análises. Ele examinou a boca de Mona Lisa em busca de anormalidades e ao encontrar uma nos lábios dessa linda moça, o dentista concluiu que ela poderia ter perdido alguns dentes. Através dessa teoria, ele explica o porquê do sorriso enigmático de Mona Lisa.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


Os Segredos Revelados das Grandes Obras de Arte I

Quem é apaixonado por arte sabe o quanto é interessante saber dar histórias que o artista está tentando mostrar em cada obra. Em alguns casos, é fácil identificar o que a pintura representa, enquanto que, em outras ocasiões, isso é bem mais desafiador. Abaixo, você vai encontrar nove grandes obras de arte, algumas das maiores e mais importantes do mundo. Cada uma delas tem um segredo, que até então poucas pessoas sabiam. Você vai ficar absolutamente encantado ao saber o que se esconde atrás da fascinante história da arte.

Fonte: Disponível na home page “Tudoporemail”.


CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Outubro/2025


 
A Diretoria da SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) convida a todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de outubro/2025, que será realizada HOJE (25/10/2025), às 19h, na Igreja de N. Sra. das Graças, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 – Aldeota, Fortaleza-CE.

CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!

MUITO OBRIGADO!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Defesa de Tese em Saúde Coletiva (UECE) de Lucélia Rodrigues Afonso

Flagrante da banca examinadora, logo após a defesa de tese da enfermeira Lucélia Rodrigues Afonso. A recém-doutora está ao centro, ladeada pelos professores Marcelo Gurgel Carlos da Silva Waldélia Maria Santos Monteiro e José Maria Ximenes Guimaraes, à esquerda, e por Profs. Fernando Barroso Duarte, Maria Eneida Porto Fernandes e Thiago Santos Garces, à direita. (Foto cedida por Lucélia Rodrigues Afonso).

Aconteceu na manhã de ontem (23/10/25), de forma presencial no NUPEINSC da Universidade Estadual do Ceará e remota via Meet, mais uma defesa de tese do Doutorado em Saúde Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSAC) da Uece.

A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Marcelo Gurgel Carlos da Silva (Uece), Fernando Barroso Duarte (UFC), Maria Eneida Porto Fernandes (UFC) Thereza Maria Magalhaes Moreira (Uece), José Maria Ximenes Guimaraes (Uece), Waldélia Maria Santos Monteiro (HGF suplente) e Thiago Santos Garces (Uece suplente), aprovou a Tese “Gastos com a judicialização no sistema único de saúde da terapia complementar com lenalidomida para tratamento do mieloma múltiplo pós transplante de células - troncohematopoiéticas”, apresentada pela nossa orientanda LUCÉLIA RODRIGUES AFONSO.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor do Doutorado em Saúde Coletiva PPSAC-UECE


Crônica: “Inteligência Artificial?!? Quero ver ela 'disgotar' uma fossa...” ... e outros causos

"Inteligência Artificial?!? Quero ver ela 'disgotar' uma fossa...

... no Quintino Cunha, sem a assistência natural do diligente Zé Bode!!!" - retrucou Menino Manel, até então calado em meio ao converseiro da gente toda no terreiro de dona Joia, no Cauípe. Era ele, convicto, contrapondo-se à novidade que tá virando a cabeça do mundo. O aparte, um misto de descrença e afobação com a tal novidade. E complementou, tratando ainda desse "conjunto de tecnologias", ao corroborar assertiva do poeta Jair Moraes.

- Tecnologia de ponta é a besteira mais atrasada da Humanidade, senão for coisa de chifre!

Menino Manel justificou, questionando:

- Despesca um galão, essa fulerage? Capa um bacurim? Faz cafuné? Tira bicho de pé?

- Mas entenda, Manel, ela disponibiliza meios de você... - contra-argumenta Cabeção.

- AI dêntu!!!

Sobre Zé Bode

A figura a que se referiu Menino Manel - prestimoso 'disgotador' de fossa séptica do bairro que leva o nome do maior humorista do Ceará é deveras única. Por 50 reais, um celular de cana e um litro de querosene, podia soltar ele no quintal de casa que "da mêi dia pra tarde a impeleita da limpação tá findilizada, com a graça de Deus!"

Zé Bode nunca teve um documento de identificação pessoal, tampouco sabia dizer de onde veio, nomes dos pais, idade. Simplesmente se achegou na propriedade de dona Joia, sendo por ela criado qual um filho. Simpático e leal, trabalhador incansável ("servidor que era um jumento"), esmerado em tudo que fazia, Zé comentava sobre seu tempo de vida com a ingenuidade de quem nunca ocupou um banco de escola:

- Rigula uns 234 anos.

Por que Menino Manel?

Porque era oitavado, e ninguém sabia. Quando tinha 8 anos, uma bondosa vizinha, período natalino, inventou de presentear a ele e à meninada do bairro com bermudas e camisas. Chamou à sua casa uns 40 bruguelos, pedindo de início que experimentassem as roupas: dando no corpo, levavam o "mimo do Papai Noel". A certa altura, 20 crianças na sala, a senhora fala que podem se despir das velhas e vestir as peças novas.

- Tem problema não, se se trocarem aqui na sala. Podem ficar nus, são todos bebês ainda.

Mas o susto foi grande demais nessa hora, de chamar a atenção até de quem passava no meio da rua. No que Manel ficou pelado, nasceu o codinome "Menino Manel". É que os "trambelhos" do petiz eram algo assustador, animal. A mulher caridosa apressou-se em reparar a situação vexatória. Pedindo aos demais que permanecessem na sala...

- Menino Manel! Vá experimentar sua roupa no banheiro! Já tem pinta de homem!

Dessas coincidências que parecem Fulerage Divina

O professor de História saiu da clínica cardiológica com o aparelho de pressão do exame MAPA no braço, em busca de casa, ali próxima. Mal dobrou a esquina e um ladrão encapuzado o aborda, pedindo celular, carteira, relógio. "Esqueci tudo na clínica!"

- Pois passe esse negócio aí no braço?

- Isso aqui é um MAPA, meu amigo!!!

Aquela voz rouquenha, o jeito desengonçado na abordagem, a secura por mapa. Professor desconfiado.

- Por um acaso esse seu professor se chamava Sebastião?

- Sim! Ele mesmo!

- Zé de Goré, macho!!! Por que tu deste pra marginal?!?

Fonte: O POVO, de 26/09/2025. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Defesa de Dissertação em Saúde Coletiva (UECE) de Elias Bruno Coelho Gouveia

Flagrante da banca examinadora com o mestrando, logo após a defesa do geógrafo e médico Elias Bruno Coelho Gouveia. Elias Gouveia está ladeado por professor Marcelo Gurgel Carlos da Silva, à esquerda, e pelos professores Lizabeth Silva Oliveira e Francisco José Maia Pinto, à direita. (Foto cedida por Elias Gouveia).

Aconteceu na tarde de ontem (22/10/25), na Universidade Estadual do Ceará, mais uma defesa de Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSAC) da UECE.

A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Lizabeth Silva Oliveira, Francisco José Maia Pinto e Antonio Rodrigues Ferreira Junior (suplente), aprovou a Dissertação “ANÁLISE ESPACIAL DAS INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS NO CEARÁ: comparação entre os quinquênios 2012-16 e 2017-21”, apresentada pelo mestrando Elias Bruno Coelho Gouveia.

Essa foi a nossa 220ª (duocentésima vigésima) participação em bancas de mestrado e com ela completamos 55 (cinquenta e cinco) orientados de mestrado.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor do PPSAC-UECE


Lições da avaliação do PPSUS no Ceará

Por Roberta Duarte Maia Barakat (*)

Participei como avaliadora da Comissão de Especialistas da Chamada 05/2024 do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) no estado do Ceará. Isso provocou importantes reflexões sobre o papel estratégico do PPSUS na consolidação de uma ciência comprometida com os princípios e necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A experiência foi um exercício de escuta, diálogo e responsabilidade.

Permitiu reconhecer a diversidade de olhares e metodologias do campo da pesquisa em saúde, além de potencializar a valorização de saberes e práticas construídas (no) e para o território. O PPSUS é, sem dúvida, instrumento relevante no fomento à pesquisa aplicado no Brasil.

Promove a descentralização dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação em saúde, valoriza as especificidades regionais, amplia o protagonismo de pesquisadores/as e instituições em contextos historicamente subfinanciados.

Essa capilaridade impregnada de justiça social e territorial, orienta o conhecimento científico pelas demandas reais dos serviços de saúde e das populações. O programa estimula pesquisas que dialogam diretamente com os desafios locais, especialmente no âmbito da Saúde Coletiva. Os projetos, para além de sua qualidade técnica, revelaram o compromisso ético-político dos pesquisadores/as com o fortalecimento do SUS.

O PPSUS fortalece a articulação entre instituições, promove redes colaborativas, atua como ferramenta pedagógica e sustenta os princípios da integralidade, equidade e participação social. Seus desdobramentos transcendem o campo acadêmico.

Os produtos e resultados gerados pelas pesquisas financiadas subsidiarão políticas públicas baseadas em evidências, aperfeiçoarão práticas de cuidado e ampliarão a capacidade de resposta dos sistemas de saúde frente às iniquidades.

A iniciativa aproxima ciência e sociedade, reafirma o papel do conhecimento como ferramenta de emancipação. Em tempos de constantes ameaças à ciência, ao SUS e aos direitos sociais, programas como o PPSUS precisam ser defendidos com autonomia científica para edificar uma saúde pública mais justa, plural e democrática.

(*) Doutoranda em Saúde Coletiva da Uece e colaboradora da SESA.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/09/2025. Opinião. p.18.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Exame de Qualificação em Oncologia (ICC) de João Marcelo Medeiros Fernandes

Aconteceu na tarde de ontem (21/10/25), de forma virtual, o Exame de Qualificação do Mestrado Acadêmico em Oncologia (MAOn) do Instituto do Câncer do Ceará.

A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Lúcio Flávio Gonzaga Silva, Marcelo Gurgel Carlos da Silva e Paulo Goberlânio da Silva, aprovou o Projeto de Dissertação Perfil clínico-epidemiológico e fatores de risco para morbimortalidade em unidade de terapia intensiva oncológica”, apresentado pelo mestrando João Marcelo Medeiros Fernandes.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor do MAOn/ICC


A ECONOMIA CEARENSE: o elo entre o desafio e a oportunidade

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

A capacidade de ver os desafios como oportunidades sempre fará a diferença. A balança comercial do Ceará revela forte concentração em poucos mercados de destino e variedade restrita de produtos exportados. Em 2024, o Estado exportou US$ 1,47 bilhão, confirmando a trajetória de queda iniciada após o pico de 2021 (US$ 2,74 bilhões).

Os Estados Unidos se consolidaram como principal destino, com 45% do total exportado em 2024 (US$ 660 milhões). A Holanda foi a segunda colocada, com 4,3%, seguida por China, França e Argentina, todos abaixo de 4%. Essa configuração evidencia a dependência do Ceará em relação ao mercado norte-americano.

A experiência com as tarifas americanas oferece lições valiosas sobre a necessidade de monitoramento contínuo, adaptação rápida e diversificação. Com posição geográfica privilegiada e base industrial consolidada, o Ceará reúne condições de atravessar o período de turbulência comercial.

O governador Elmano de Freitas foi ágil ao adotar incentivos e subsídios imediatos, fortalecendo a ação coletiva institucional e planejada. O Ceará tem potencial para ampliar o mercado interno e abrir novas fronteiras de exportação.

A Transnordestina e o Porto Seco de Quixeramobim podem transformar o Interior em um entorno geoeconômico estratégico, conectando-o ao Porto do Pecém. Com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e uma política de industrialização no Interior, o Estado pode gerar mercado para empregos qualificados.

O Governo do Ceará atua como indutor desse processo, a exemplo dos principais dry ports (portos secos) do mundo. Nesse sentido, a Seplag criou um mapa dinâmico (https://mapa.up.railway.app/mapa), a partir de recursos de inteligência artificial, integrando Arranjos Produtivos Locais (APL’s), data centers, cabos submarinos e produtos Halal (permitidos pelas leis islâmicas), todos georreferenciados nas 14 regiões de planejamento.

Para viabilizar essa oportunidade, a Seplag uniu esforços com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Centec, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Funcap, a empresa Value Global Group, o empresário Amarílio Macedo e a Prefeitura de Quixeramobim na elaboração de um masterplan – plano diretor para guiar investimentos e diversificar a economia.

Com apoio dos pesquisadores do Programa Cientista Chefe – Raimundo Nogueira (Funcap), Gildemir da Silva (UFC), Fausto Nilo (arquiteto urbanista) e Elda Tahim (Centec) –, a Seplag está desenvolvendo um modelo de otimização da produção e da logística. Nesse contexto, Fausto Nilo redesenhou Quixeramobim para integrá-la ao Porto, inspirando-se em experiências internacionais de dry ports.

O futuro da economia cearense depende da capacidade de implementar efetivamente as estratégias recomendadas, mantendo a flexibilidade necessária para se adaptar às mudanças contínuas no cenário global.

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 18/09/25. Opinião. p.15.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Dr. Lúcio Flávio Gonzaga é homenageado pelo CREMEC com a Medalha de Honra ao Mérito Profissional

21 de outubro de 2025

O Dr. Lúcio Flávio Gonzaga, coordenador do Mestrado em Oncologia da Rede ICC Saúde, foi homenageado pelo CREMEC com a Medalha de Honra ao Mérito Profissional, durante a solenidade comemorativa do Dia do Médico 2025. O reconhecimento destaca sua trajetória de ética, ensino e contribuição à medicina cearense, reforçando o compromisso da Rede ICC Saúde com a formação de especialistas e o avanço científico.

Com mais de quatro décadas de trajetória na medicina, o Dr. Lúcio Flávio é reconhecido por sua atuação ética, técnica e acadêmica. Desde 1999, integra o corpo clínico da Rede ICC Saúde, contribuindo para a consolidação de um modelo de cuidado que une ciência, ensino e assistência de excelência. À frente do primeiro mestrado em oncologia do Norte e Nordeste, têm formado pesquisadores e profissionais comprometidos com o avanço da ciência do cuidado oncológico e com a transformação da saúde no Brasil.

Ao longo de sua carreira, o Dr. Lúcio Flávio também ocupou cargos relevantes em entidades médicas, como o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (CREMEC), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), além de integrar a Academia Cearense de Medicina, onde ocupa uma das cadeiras de membro titular.

A homenagem concedida pelo CREMEC ao Dr. Lúcio Flávio Gonzaga reforça o reconhecimento de uma trajetória pautada pela ética e pela busca permanente por excelência — valores que também norteiam a Rede ICC Saúde, instituição que há 80 anos transforma o futuro da saúde com base em inovação, pesquisa, educação e cuidado integral.

Para toda a Rede ICC, o prêmio simboliza o compromisso de seus profissionais em honrar a medicina cearense e fortalecer a missão de cuidar de pessoas com responsabilidade, ciência e empatia.

https://icc.org.br/blog/dr-lucio-flavio-gonzaga-cremec/


OS MEUS POR QUÊS SOBRE O BRASIL

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Dadas as notícias publicadas recentemente, me lembrei dos meus inúmeros "por quês" sobre este ente chamado governo brasileiro, ao qual eu servi por 44 anos como professor universitário. Agora vou explicitá-los. Por que não se ensina ao brasileiro, desde a infância, o respeito às leis?

Por que os governos no Brasil demoram tanto a tomar suas decisões, mesmo as mais óbvias? Há projetos de lei que estão no Congresso há mais de 20 anos. Aqui vou dar uma parada nos meus "por quês" e dar um exemplo dessa demora. Tomemos o caso do uso dos cintos de segurança.

Eu estudei nos Estados Unidos há 52 anos. Já naquela época, lá o motorista era obrigado a usá-lo.

Na realidade o Governo brasileiro instituiu a obrigatoriedade dos veículos aqui fabricados viessem com o cinto de segurança já em 1968. Mas, por que a obrigatoriedade do uso desse dispositivo só passou a ser exigida a partir de setembro de 1997?

Voltemos aos "por quês". Por que somente agora, depois que muitos países já a adotaram, o Congresso Nacional aprova lei que proíbe o uso de celulares nas salas de aula? Por que a construção de qualquer obra pública no Brasil demora muito mais para ser concluída do que está previsto? E por que os custos finais sempre são bem maiores que os custos iniciais previstos?

Veja-se o exemplo da Transnordestina. Por que as construções, no Nordeste, principalmente de edifícios, não deixam instaladas placas fotovoltaicas para uso de energia solar? Por que o Brasil não adotou o modelo universal de tomadas elétricas? Por que a lei de trânsito no Brasil não é mais rígida contra os transgressores?

Por que os governantes no Brasil (federal e estaduais) teimam em indicar para cargos diretivos de suas empresas estatais ou para Conselheiros de seus Conselhos de Conta, pessoas que, no mais das vezes, não têm capacidade técnica para assumir tais cargos? O caso do INSS é um bom exemplo.

Por que o Congresso Nacional é o segundo Congresso mais caro do mundo? Por que um Senador pode contratar até 83 assessores parlamentares? Por que o Congresso Nacional não permite a tributação de grandes fortunas? Por que os políticos brasileiros tornam os cargos eletivos como verdadeiros empregos? E até querem se perpetuar como "representantes do povo". Por que o Regimento Interno do STF (e dos tribunais) tem força de lei? Por que o STF não é formado somente pelos mais doutos na ciência jurídica?

Por que se permite que pessoas que sequer passaram em concurso para juiz de primeira instância, sejam "juiz de suprema instância"? Por que, no Brasil, um Professor Universitário paga mais IR que muitos milionários brasileiros? Por que o Brasil, na verdade, é um "paraíso fiscal"? Quem souber responder a estes "porquês", responda-me.

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 21/09/25. Opinião. p.18.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

UM BOSQUE ABERTO PARA A CIDADE

Por Izabel Gurgel (*)

"Pra completar, parou uma garça branca". Escuto Seu Milton, Francisco Milton de Souza Lima, no bosque do Paço Municipal, o casarão por trás da Catedral, no Centro de Fortaleza. Estamos em 2006, no segundo semestre do ano, como agora.

Anotei no caderno, logo depois da garça, anum branco, anum preto, bem-te-vi, sabiá, periquito australiano. Seu Milton dizendo da fauna do lugar. Acompanho, além da fala, a luz variando, filtrada pelo verde. Entra no rol dos lugares de sensação térmica agradável mesmo com o sol tinindo.

O que me faz lembrar de calçadas nos altos da cidade com vista para o mar, como a da Santa Casa de Misericórdia. Bonito caminho do vento no Centro. A Cidade é uma experiência que a gente sente no corpo.

Sobre o bosque, Seu Milton se referia às árvores como de fato o que eram, criaturas do seu convívio. Pé de acerola, caju, castanhola, fruta-pão, jambo, laranja, manga. Contei pra ele que, entre a infância e adolescência, uma tia morando na vizinhança, íamos as primas para pegar fruta. Chegávamos com saco de mercantil, então de papel. Com sapotis por cima, eram levados com cuidado de mãe de primeira vez dando banho em recém-nascido.

Pedi e ele fez a lista de plantas, desde as de forração às de copa mais alta, semelhando nave de igreja. Guardo a folha, papel timbrado da Prefeitura de Fortaleza, datilografada em duas colunas. São 48 nomes seguidos de "e muitas outras plantas". Anotado à mão, ao final, mini-lacre vermelho, mini-lacre amarelo, mini-lacre azul. Em maiúsculas, área quadrada. Na linha seguinte, 17.313 metros quadrados. Caneta preta.

A lista começa com "1 Pé de Carambola" e vai até "1 Pé de Mulungu", sublinhado para dizer da divisão feita na organização da lista. Segue, então, "Plantas de Flores", aberta por "Abacaxi de Salão". Conhece?

E "Panamá", Pingo de Ouro, "Eu e tu"?

Vivi o bosque também como passagem. De entrar pela então sede da Funcet, no comecinho da Pereira Filgueiras, descer pelo anfiteatro e sair pelo Paço. Ou fazer o caminho contrário.

Pé de graviola, pitomba, maniçoba, jatobá, munguba. Feijó, juá, juazeiro. "22 Pé de Palmeira", quatro de goiaba, dois de ciriguela. Um dos baobás da cidade está lá no quintal da antiga residência do Bispo, onde passa o Pajeú, antes de margear o estacionamento do Mercado Central e chegar no mar.

"Limpar o Pajeú. E deixar de pensar que é esgoto." Diz Seu Milton. É a última linha anotada no caderno.

Abrir o bosque para a gente aprender quase seria a última linha hoje. Mas "Torém - brincadeira dos índios velhos", do antropólogo Gerson Augusto de Oliveira Jr., não sai dos canteiros da minha memória. Professor da Uece, Gerson mostrou o livro no Paço, em noite com Tremembés de Almofala dançando o dito Torém, que é árvore. Daquelas que cresce procurando sol e tem, dentre os ofícios, o de favorecer o reflorestamento. O livro (editora Annablume, 1998) é uma joia do Ceará.

(*) Jornalista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/09/25. Vida & Arte, p.2.


 

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