Sob o comando do então
pároco, o Pe. Hélio Campos, com ampla arregimentação comunitária, em que se
destacavam figuras de proa da sociedade local, como o empresário Francisco
Filomeno Gomes e o político Gen. Cordeiro Neto, e de paroquianos engajados, a
exemplo das catequistas da família Carlos da Silva (as irmãs Fransquinha,
Eugênia, Maria e Rita), havia um esforço coletivo, mesclando campanhas para
arrecadação de doações e outras promoções, do tipo quermesses, leilões e vendas
de brindes variados, no afã de erigir essa nova igreja.
No limiar da década de
1960, como decorrência de uma combinação de razões, a obra, lamentavelmente,
foi paralisada, frustrando o sonho de tantos devotos do “Poverello d’Assisi”, e
dos muitos coestaduanos que portam o prenome Francisco.
Em novembro de 2005, e,
portanto, passados quase dez anos, este articulista (M.G.C.S.) publicou um primeiro
artigo tratando dessa questão, dando início a uma série de textos veiculados na
mídia local e publicações pessoais, tendo por mote a imperativa determinação de
se retomar a construção e levar a cabo a sua conclusão.
A chegada do jovem e
entusiasta Pe. Francisco Bezerra do Carmo, em 2010, como administrador
paroquial da Paróquia de São Francisco de Assis, trouxe um alento aos
paroquianos, pois, por seu obstinado espírito empreendedor, assumiu o árduo e
difícil encargo de concluir a sacrossanta edificação.
Para tanto, o Pe.
Bezerra começou o seu trabalho com a desocupação do prédio, que abrigava
moradores sem teto, conseguindo moradias decentes para as seis famílias que,
indevidamente, nele se instalaram, dividindo a sacristia, uma área já coberta a
longo tempo. Em seguida, tratou de resgatar as antigas plantas arquitetônicas, refazendo-as
e incorporando os novos projetos, em consonância com a legislação municipal
vigente.
Depois da fase de
projetos, fez-se a avaliação da estrutura edificada, para identificar as partes
comprometidas por ação das intempéries, ao largo de cinco décadas de franca
exposição a agentes físicos e mecânicos, que mereceriam ser demolidas ou
passíveis de recuperação. Finda essa avaliação, pôs-se, não apenas
literalmente, a mão na massa que ora se encerra com a conclusão da estrutura,
deixando-a pronta para receber a coberta da nave principal da igreja.
O material necessário
para essa cobertura já foi adquirido, mas há uma premente carência de recursos
financeiros para custear a mão de obra, cujos valores são particularmente altos
em função dos crescentes custos da construção civil no Brasil.
Com o templo coberto,
aumentam as possibilidades de realização dos ofícios litúrgicos, o que pode
redundar em efeito-demonstração, fazendo com que mais fiéis acreditem na
consecução dos trabalhos, e passem a contribuir de modo mais efetivo com
numerários para cobrir as despesas da fase de acabamento.
Até então, expressiva
parcela dos recursos aplicados foi fruto de doações particulares de pessoas amigas
e de receita pública auferida da oferta de notas fiscais dos paroquianos e de
devotos franciscanos de outras paróquias, cuja capilaridade bem reforça o
compromisso social e religioso do povo fortalezense.
Esse gotejamento de
recursos amealhados, ainda que continuado, arrastará a construção por demasiado
tempo, o que não é nada interessante face à inflação dos custos da construção
no Ceará, tal como sucede no restante do País, podendo redundar no
encarecimento final da obra.
Para se contrapor a
esses ditames de mercado, lança-se aqui o exequível desafio de buscar o apoio
de entidades sediadas em nossa Fortitudine,
que durante cerca de cinquenta anos conviveu com uma obra inacabada, espelhando
a falsa sensação de descaso e lassidão da gente que habita a tão decantada
loura desposada do Sol.
Entidades sociais,
exemplificadas por associações empresariais ou de classes (Fecomércio, CIC, FIEC
etc.), clubes de serviços (Lions, Rotary), fundações de direito privado
(Fundação Beto Studart, Fundação Dias Macedo e outras) e agrupamentos
religiosos (e.g. Sociedade Médica São Lucas e Encontro de Casais com Cristo)
devem ser conclamadas a tomar parte nessa empreitada que poderá dotar a
Fortaleza de um novo símbolo, representado pela pujante construção sacra, tendo
a frente uma colossal estátua do santo protetor da Ecologia, com seus braços
abertos a acolher os que transitam na avenida Leste-Oeste.
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Membro da Sociedade Médica São Lucas
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