sexta-feira, 27 de abril de 2018

CLEIDE ANCILON: a doçura entre livros


Conheci Cleide Ancilon, em 1973, quando, encerrado o Ciclo Básico do Curso de Medicina, passei a ter aulas no Campus do Porangabuçu. Foi muito gratificante, conviver com ela, desde os primeiros contatos, até 1977, ano em que obtive o diploma de médico, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), renovando-se esse contentamento a cada encontro e a cada conversa amigável que por ventura se venha ter.
Pessoa muito amável, humilde mas sem subserviência, inovadora ao ponto de tornar mais aprazível o uso da biblioteca, pela forma delicada com que agia junto aos alunos ou aos professores, a todos acolhendo de forma generosa, oferecendo o máximo de possibilidades, mesmo dentro das limitações do acervo, encontrava respostas às dúvidas dos que vinham à biblioteca do Centro de Ciências da Saúde (CCS).
Vejo, agora, com rara satisfação, a lúcida iniciativa do Departamento de Ciências da Informação da UFC, de homenagear justamente aquela que foi um farol a iluminar os caminhos do saber, como que direcionando um navio para um porto seguro, ancorado no Curso de Biblioteconomia, reconhecida pela suma importância que representa para a sociedade, e não apenas para a academia.
Com efeito, ela esteve sempre presente em todos os empreendimentos e movimentos classistas que levaram a profissão de bibliotecônomo a lograr o respeito da comunidade e afirmação de sua relevância para a organização do conhecimento e a disseminação da ciência e da cultura, granjeando o reconhecimento de cientista da informação.
A homenagem veio em um momento propício, enquadrado no período comemorativo atravessado pela UFC, na passagem dos seus cinqüenta anos de criação, oportunidade em que docentes e funcionários que mais se destacaram ao longo dessa jornada de meio século, estão sendo merecidamente homenageados, com destaque para um dos seus mais eloqüentes exemplos de dedicação ao trabalho, no caso, a Sra. Cleide Ancilon, que detinha as funções de Professora e Bibliotecária, ambas atribuições exercidas com zelo, candura e, notadamente, apuro técnico da melhor qualidade.
A professora Cleide, diga-se de passagem, sempre soube se portar com competência técnica, responsabilidade social e, sobretudo, incomparável doçura humana, por todo o tempo em que prestou serviços à UFC, tanto no exercício das suas funções docentes, quanto como diretora de Biblioteca, inicialmente a da Faculdade de Medicina, da qual foi a grande propulsora, e, depois, da biblioteca setorial do CCS, consolidada por ela e a sua valiosa equipe.
Ao término destas palavras, gostaria de externar, mais uma vez, a minha simpatia e meu louvor pela decisão do Conselho Universitário, que conferiu à docente Cleide Ancilon de Alencar Pereira o título de Professora Emérita da UFC, juntando a esses meus sentimentos, votos de congratulações ao Magnífico Reitor Renê Barreira, pela efusiva solenidade que marcou tão merecida outorga.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública da Uece

* Publicado sob o título “Homenagem à Cleide”. In: O Povo. Fortaleza, 7 de agosto de 2005. Jornal do Leitor. p.2.

** Cleide Ancilon retornou aos braços do Pai em 24/04/2018, deixando um legado de boas ações a ser reverenciado pelos que cultivam o hábito da leitura.

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