quinta-feira, 23 de agosto de 2018

GOVERNAR É ABRIR ESTRADAS... DO CONHECIMENTO


Por Cláudio Ferreira Lima (*)
Segundo Lord Byron, o famoso poeta inglês, o passado é o maior profeta do futuro. Comprovemos esta assertiva com o exemplo do Ceará.
Ora, a nossa formação econômica se deu, basicamente, com a pecuária, o algodão e as culturas de subsistência: arroz, milho, feijão e mandioca.
Para criar e plantar, dependia-se quase só dos caprichos da natureza; era muito pouco o conhecimento exigido.
Assim, ao iniciar-se a industrialização nos anos 1960, os ramos da matéria-prima local e a mão de obra pouco qualificada pontificaram. E isso, mutatis mutandi, ainda está presente: calçados, têxteis, confecções e produtos alimentares dominam em produto e emprego.
A agropecuária continua refém das chuvas e os serviços têm no governo e no comércio, ambos de baixa produtividade, os grandes empregadores.
Daí, quando o IBGE calcula a renda domiciliar per capita, o Ceará não fica em boa posição. Em 2017, é a 6ª menor do Brasil (em 2014, foi a 3ª). Lord Byron tem razão. Mas como mudar essa realidade?
Claro que já vem mudando. O ritmo é que deixa a desejar. Washington Luís, o presidente da República deposto em 1930, quando comandava São Paulo, cunhou o lema “governar é abrir estradas”, prioridade da época e daquele Estado.
Mas, hoje, as estradas almejadas são as do conhecimento. Nelas, as transformações correm a velocidades bem maiores e, daí, pode-se superar em pouco tempo uma realidade adversa.
Nesse sentido, o atual governo, aproveitando as picadas e, como se diz na engenharia, as “camadas de base” – sejam novas, sejam preexistentes –, tem atuado fortemente nessa linha.
Sobre as picadas, evoluem as pesquisas na UFC e na Uece, as incubadoras e outras iniciativas com o apoio do CNPq e da Funcap. Quanto às “camadas de base”, têm-se, de um lado, os avanços na educação formal (referência nacional), assim como na profissional e tecnológica, e, do outro, a invejável infraestrutura digital (o Cinturão Digital, que penetra todas as regiões do Estado, e os cabos submarinos, que fazem do Ceará destacado centro de conexão intercontinental).
A partir daí, é possível realizar projetos que conduzem a um futuro melhor, aliás, já em plena gestação. São os polos tecnológicos de saúde em implantação no Eusébio e em Fortaleza (Porangabuçu), o sucesso das empresas de tecnologias da informação e comunicação – TICs, o Data Center da Angola Cables, em Fortaleza (Praia do Futuro), e outros mais que virão, matrizes de distritos digitais, sem esquecer os ricos desdobramentos da sociedade do conhecimento sobre toda a economia, que trazem emprego de qualidade, bons salários e mais elevados padrões de vida.
Que se torne cada vez mais densa nossa malha viária do conhecimento! É por aí que circula nosso desenvolvimento.
(*) Economista e membro do Instituto do Ceará.
Fonte: O Povo, 25/03/18, Opinião. p.25.

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