Por Cláudio Ferreira Lima (*)
Segundo Lord Byron, o famoso poeta inglês, o
passado é o maior profeta do futuro. Comprovemos esta assertiva com o exemplo
do Ceará.
Ora, a nossa formação econômica se deu,
basicamente, com a pecuária, o algodão e as culturas de subsistência: arroz,
milho, feijão e mandioca.
Para criar e plantar, dependia-se quase só dos
caprichos da natureza; era muito pouco o conhecimento exigido.
Assim, ao iniciar-se a industrialização nos anos
1960, os ramos da matéria-prima local e a mão de obra pouco qualificada
pontificaram. E isso, mutatis mutandi, ainda está presente: calçados, têxteis,
confecções e produtos alimentares dominam em produto e emprego.
A agropecuária continua refém das chuvas e os
serviços têm no governo e no comércio, ambos de baixa produtividade, os grandes
empregadores.
Daí, quando o IBGE calcula a renda domiciliar per
capita, o Ceará não fica em boa posição. Em 2017, é a 6ª menor do Brasil (em
2014, foi a 3ª). Lord Byron tem razão. Mas como mudar essa realidade?
Claro que já vem mudando. O ritmo é que deixa a
desejar. Washington Luís, o presidente da República deposto em 1930, quando
comandava São Paulo, cunhou o lema “governar é abrir estradas”, prioridade da
época e daquele Estado.
Mas, hoje, as estradas almejadas são as do
conhecimento. Nelas, as transformações correm a velocidades bem maiores e, daí,
pode-se superar em pouco tempo uma realidade adversa.
Nesse sentido, o atual governo, aproveitando as
picadas e, como se diz na engenharia, as “camadas de base” – sejam novas, sejam
preexistentes –, tem atuado fortemente nessa linha.
Sobre as picadas, evoluem as pesquisas na UFC e na
Uece, as incubadoras e outras iniciativas com o apoio do CNPq e da Funcap.
Quanto às “camadas de base”, têm-se, de um lado, os avanços na educação formal
(referência nacional), assim como na profissional e tecnológica, e, do outro, a
invejável infraestrutura digital (o Cinturão Digital, que penetra todas as
regiões do Estado, e os cabos submarinos, que fazem do Ceará destacado centro
de conexão intercontinental).
A partir daí, é possível realizar projetos que
conduzem a um futuro melhor, aliás, já em plena gestação. São os polos
tecnológicos de saúde em implantação no Eusébio e em Fortaleza (Porangabuçu), o
sucesso das empresas de tecnologias da informação e comunicação – TICs, o Data
Center da Angola Cables, em Fortaleza (Praia do Futuro), e outros mais que
virão, matrizes de distritos digitais, sem esquecer os ricos desdobramentos da
sociedade do conhecimento sobre toda a economia, que trazem emprego de
qualidade, bons salários e mais elevados padrões de vida.
Que se torne cada vez mais densa nossa malha viária
do conhecimento! É por aí que circula nosso desenvolvimento.
(*) Economista e membro do
Instituto do Ceará.
Fonte: O Povo, 25/03/18, Opinião. p.25.
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