Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
O filósofo pré-socrático
Heráclito afirmava que ninguém toma banho no mesmo rio duas vezes, pois, na
segunda vez o rio já não é o mesmo, tampouco a pessoa. Com isso, o grande
Heráclito afirma que tudo flui e segue seu ciclo natural. Os momentos são
sempre únicos e as águas da vida não mais retornarão, porquanto, já fluíram. Os
momentos e as pessoas não mais se repetirão. Daí a necessidade de vivermos
intensamente cada segundo da existência.
Esta reflexão é propícia
para tempos de renovação. Sempre que iniciamos um novo ciclo, alimentamos nosso
coração de sonhos, projetos e propósitos a serem realizados. Porém, na correria
e na agitação diária, os sonhos dão espaço ao desânimo, e os propósitos às
cobranças pessoais, que nos sufocam e tiram o foco do essencial. O que nos
impede de viver cada momento intensamente é que, no presente, vivemos presos ao
passado ou preocupados com o futuro. Quem vive preso ao passado, nem vive o
presente e nem projeta o futuro, esperamos sempre pelo amanhã o que pode
acontecer hoje. Vivemos e sofremos por antecipação. Jesus já nos advertia: a
cada dia basta sua preocupação.
Santo Agostinho afirmava
que nossa eternidade será a soma de momentos intensos vivenciados até aqui.
Momentos vividos com intensidade que já deixaram marcas do eterno em nós.
Momentos nos quais amamos e fomos amados, momentos que construímos e nos
deixamos construir, momentos em que o coração amou, por isso, eternizou.
A segunda metade do ano já
começou. Estamos mergulhados num contexto social, político e econômico que
parece favorecer o desânimo e a tristeza. Deus é Pai do ânimo, o diabo do
desânimo, que tira de nós todo sonho e toda ousadia. O desanimado é refém do
seu próprio medo, já não ousa, não arrisca e nem sonha. Sempre é tempo de
recomeçar, redefinir metas e "faxinar" o coração de tudo que é
empecilho para pensar alto e alçar voos em direção à meta desejada.
(*)
Padre jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, de 28/7/2018.
Opinião. p.16.
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