Márcia Alcântara Holanda (*)
Pode
parecer utopia, ou um sonho dos sonhadores desvairados, mas não é. Já existe
atendimento imediato às pessoas que precisam de serviço de emergência. Trata-se
da experiência de um programa do SUS, baseado na sistemática de fluxos,
desenvolvido pela montadora de carros da Toyota desde 1940, para aumentar a
produtividade, eficiência, segurança, e evitar desperdício de tempo da empresa.
Esse fluxo foi ajustado ao atendimento dos pacientes da emergência do SUS, num
convênio entre o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio Libanês (SP). Funciona
assim: na chegada do paciente na emergência, esse passa por uma avaliação
médica no próprio local em que se encontra (sala de espera). Após essa
avaliação, recebe uma classificação dos graus de riscos de agravamento de sua
doença: os de baixo risco, serão atendidos e encaminhados para a Atenção
Primária; os com maior risco, serão admitidos, para a realização de procedimentos,
exames ou internações. Pronto: o paciente é assistido e sua doença avaliada com
destino e soluções apropriadas a cada caso. A experiência se desenvolve em São
Paulo, Belo Horizonte (MG), Palma (TO), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e
Fortaleza (CE). O Hospital Hugol de Goiânia reduziu o tempo médio de espera
para o atendimento de emergência, em 55%, com o novo programa iniciado há
apenas seis meses (Folha de São Paulo, 10/07/2018).
Por
isso, acredito na possibilidade de que se poderá reduzir o sofrimento dos que
esperam atendimento de emergência por horas sem fim, porque está comprovado que
a sistematização de atendimento médico, sob a forma de fluxos, funciona muito
bem. O celebrado “Check list” de Atul Gawande, criado para realização de procedimentos
cirúrgicos, os fez fluir sem adiamentos ou complicações das cirurgias
orientadas pelo “check list”. (“Check list”, Como fazer as coisas certas – Atul
Gawande 2009).
Esse
método relaciona-se com o do SUS porque se baseia na estratégia de montagem da
Boeing, fabricante dos aviões mais seguros do mundo,
Resumindo: Os métodos têm fundamento básico na disciplina para
seguimento dos fluxos e nas observações permanentes das rotinas, de modo
inarredável, durante toda a execução. Simplesmente assim, poder-se-á um dia,
até zerar, a malfadada espera.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/07/2018. Opinião.
p.21.
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