Ivana Barreto (*)
Foi no lapso de tempo dos últimos 31
anos que ocorreu a institucionalização dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS),
nacionalizados em 1991 por meio do Programa Agentes Comunitários de Saúde
(PACS- Ministério da Saúde). Os ACS efetivaram o acesso de milhões de
brasileiros às tecnologias em saúde já existentes como imunizações e sais de
reidratação oral, mas que não chegavam ao povo em virtude do vazio assistencial
então existente no semiárido nordestino e em outras regiões do Brasil. Em
dezembro de 1993, foi implantada a 1ª equipe da Estratégia Saúde da Família
(ESF) em Quixadá-CE.
Passados 31 anos da
institucionalização do PACS, a ESF, no Brasil, abrange 48.605 equipes e 270.867
ACS. No Ceará, tem-se 2.458 equipes e 14.788 ACS, estando presente em 97,5% dos
municípios brasileiros e atendendo cerca de 146 milhões de pessoas, 70,2% da
população, segundo o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
São estas e outras questões que serão
abordadas no 1º Encontro Nordeste de Saúde da Família, de 13 a 15 deste mês, em
Fortaleza, cuja necessidade presente na alma de cerca de 40 mil profissionais
de saúde do Ceará, fizeram com que estes aderissem massivamente. O evento
reunirá 5.367 participantes que dialogarão sobre 1.316 pesquisas e experiências
de trabalho desenvolvidas na ESF do Nordeste.
O 1º Enesf oportunizará o
compartilhamento de experiências e de resultados de pesquisa, catalisando a
formação de redes colaborativas e comunidades de prática. Será um momento
também em que os trabalhadores se posicionarão frente à política de austeridade
imposta pela EC 95/2016 que congela os recursos para saúde por 20 anos,
inviabilizando a atenção universal e integral a uma população que envelhece
rapidamente.
Nada mais forte que uma ideia quando
seu tempo chegou. O tempo de construir a Estratégia Saúde da Família está mais
presente do que nunca. Só uma rede de saúde capilar e baseada no princípio da
promoção da saúde poderá ser capaz de, junto com as políticas de promoção do
trabalho, educação, moradia, cultura, esporte, lazer, meio ambiente e
segurança, efetivamente contribuir para superação dos complexos problemas de
nossa população no século XXI.
(*) Pesquisadora especialista em Saúde Pública – Fiocruz/Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/06/2018. Opinião.
p.20.
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