Por Sânzio de Azevedo (*)
O General Carlos
Studart Filho nasceu em Fortaleza, no dia 17 de junho de 1896, vindo a falecer
na mesma cidade, em 6 de abril de 1982.
Médico e general do
Exército, foi meu confrade na Academia Cearense de Letras e era do Instituto do
Ceará, do qual foi presidente. Geógrafo e historiador, destaco de suas obras
Tribos Indígenas do Ceará (1939), Estudos de História Seiscentista (1958) e,
entre outras, Artigos de Podestá Ribeiro (1967). Deste último livro aludi na
minha Literatura Cearense (1976) a um trecho em que, falando dos Oiteiros,
reuniões de poetas em torno do Governador Sampaio, estudados por Dolor
Barreira, revela que suas atividades não cessaram em 1814, como se pensava, e
menciona carta de 1817, em que o governador fala de uma festa, abrilhantada com
“Muitas peças poéticas de mais ou menos merecimento”.
Quando publiquei a
citada Literatura Cearense, um escritor cearense residente em outro Estado e
que não fora nela citado escreveu um artigo me atacando, mas teve a infeliz
ideia de querer pôr o Instituto do Ceará contra mim, ao dizer que eu não
incluíra a entidade no livro. Estava eu no Rio de Janeiro e enviei uma carta ao
General Carlos Studart Filho, lembrando que Dolor Barreira, na História da
Literatura Cearense, afirmara: “Nesta História, deixo de referir-me
ao Instituto do Ceará porque, sobretudo centro científico e de alta cultura, o
lugar apropriado para o seu estudo (...) é a XVII monografia – A História das
ciências e da cultura – da História do Ceará.”
Ao voltar do
Doutorado no Rio, encontrei o general na Praça do Ferreira. Ao me ver, tirou do
bolso minha carta e eu perguntei se ele a havia recebido recentemente. “Não –
disse-me ele – É que tenho de mostrá-la a todos os sócios que sugerem a
publicação do artigo contra você na nossa revista!” Isso solidificou mais nossa
amizade.
(*) Doutor em
Letras pela UFRJ; membro da Academia Cearense de Letras (ACL)
Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/06/2018. Opinião. p.11.
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