Por Luiz Gonzaga Fonseca
Mota (*)
A exclusão econômica e social é mais do que uma característica
inaceitável da sociedade brasileira. Trata-se de um problema que poderá ameaçar
a própria estabilidade da nossa democracia. Afinal, como podemos legitimar um
sistema cujos frutos não podem ser compartilhados pela maioria de seus
cidadãos? O País derrota a inflação, há potencialidades de crescimento, mas a
renda per capita continua muito baixa. Enquanto o emprego formal permanece em
patamares deploráveis, aumenta a informalidade. Temos uma carga tributária
altíssima, mas o que é arrecadado não retorna em favor do cidadão comum no que
diz respeito aos serviços públicos que lhe são prestados. A concentração de
renda perdura como um dos mais marcantes traços da sociedade brasileira atual.
As taxas de juros elevadas inviabilizam os investimentos produtivos. Cremos que
a crise brasileira encampa os diversos setores, atingindo agudamente a
economia, a política, a segurança, a saúde, a educação e todas as camadas
sociais, principalmente os menos favorecidos. Entretanto, é na ética e na moral
que se encontra, a nosso ver, a gênese, a força-motriz que gera toda a crise em
que estamos envolvidos. Não se devem conceber apenas soluções táticas, mas
também estratégicas. O Brasil precisa de propostas estruturais, não apenas
circunstanciais, ou seja, de rumo definido. A sociedade exige diretrizes e
ações para ampliar o nível de emprego, combater a miséria, retomar o
crescimento econômico e exterminar a corrupção. O brasileiro não suporta
mais as forças especulativas e as atitudes fisiológicas, desejando, o quanto
antes, a realização de investimentos produtivos que permitam a melhoria da
qualidade de vida. Assim, reformas como a educacional, a da previdência e a do
sistema fiscal (receitas x despesas) são fundamentais. O Brasil é viável.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 19/7/2019.
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