Pedro
Henrique Saraiva Leão (*)
Já foi
dito, e constata-se amiúde serem perecíveis as verdades médicas. Há 50 anos a úlcera
gastro-duodenal resultaria de hipertonia vagal com/sem estresse psicossomático;
em 1983 os norte-americanos (Warren & Marshall) demonstraram uma causa
bacteriana (Helicobacter pylori). Realmente, em Medicina - como na vida -, tudo
pode acontecer. A propósito de ambas, foi criada em Fortaleza, há 41 anos, a
Academia Cearense de Medicina (ACM), concebida pelo doutor Antônio Justa e
criada pelos doutores Jurandir Picanço, Newton Gonçalves, Walter Cantídio, José
Carlos Ribeiro e Waldemar Alcântara, este seu primeiro presidente. Os mesmos
apóstolos criadores da primeira Faculdade de Medicina no Ceará, há 71 anos,
12/05/1948. Desde 2013, 13/09, vimos neste jornal ressaltando sua relevância
para o Ceará (28/01/2015; 14/10/2015; 16/11/2016; 19/04/2017) no aggiornamento
(atualização) dos nossos médicos (do italiano "giorno = dia"). A
importância desta agremiação, e sobremodo dos seus cursos atesta quão difícil é
manter-se na vanguarda do conhecimento científico, ao sabor de tamanho fluxo
amazônico de novas publicações, 140% a mais nos últimos 4 anos. Assim, algo
contrariando este caudal bibliográfico, já ao fim do século passado os
norte-americanos bolaram o C.M.E. (curso continuado de educação médica). No
Brasil, como Barrichelos, demoramos mais a chegar lá. Em verdade, o médico
nunca se forma, pois seu aprendizado é gerúndio, está sempre sendo. Alimentando
tão alevantado objetivo, a ACM vem promovendo reuniões didáticas anuais desde
1985, tornadas bienais a partir de 1989. Dias 23 e 24 próximos, das 8 às
18horas, teremos sua XVIII Bienal, no Hotel Sonata de Iracema, nesta cidade de
Matias Beck, como insistia um de seus brilhantes secretários, Sérgio Gomes de
Matos, há pouco precocemente falecido e assaz pranteado pela classe médica
cearense. O certame será aberto com a Conferência Acadêmico Carlos Alberto
Studart Gomes, intitulada "O médico ideal", a ser proferida pelo
cardiologista humanista Almino Cavalcante Rocha Neto. É desse jaez que devem
primar por ser os médicos cearenses.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 14/05/2019.
Opinião, p.16.
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