Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
"Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós
um Salvador, que é o Cristo Senhor." (Lc 2,11)
O Natal é o tempo em que a escuridão da
noite se enche de luz. É o mistério da ternura divina que desce até nós,
revestido de fragilidade e humanidade. Diante do Menino deitado na manjedoura,
compreendemos que o poder de Deus não se revela pela força, mas pela humildade
de quem ama até o fim.
É uma época que transcende o simples ato
de trocar presentes e decorar árvores. É um momento de reflexão, de amor e,
acima de tudo, de esperança. À medida que as luzes cintilam e as músicas
natalinas ecoam, somos convidados a mergulhar em uma história que ressoa
através dos séculos, uma narrativa que nos lembra do poder transformador do
amor.
Na noite silenciosa de Belém, o céu toca
a terra. A eternidade se inclina sobre o tempo. A Palavra se faz presença, e o
Amor se torna rosto. O Filho de Deus veio ao mundo como um bebê, envolto em
panos, trazendo uma mensagem de amor e redenção.
O Deus eterno se faz um bebê que chora,
que depende de uma mãe, que sente frio e fome. Ele Se torna aquilo que é mais
indefeso para nos mostrar o mais essencial: o Seu amor não tem medo da nossa miséria.
Ele não exige que subamos até Ele na nossa força; Ele desce até nós na nossa
fraqueza.
A liturgia do Natal nos convida a
redescobrir o sentido da Encarnação: Deus se torna um de nós para que nenhum de
nós se sinta só. A cada ano, ao redor do altar, celebramos não um acontecimento
distante, mas uma presença viva. O mesmo Jesus que nasceu em Belém permanece
presente na Eucaristia, onde o pão se torna Corpo, e o vinho se torna Sangue. O
mesmo Deus que entrou no mundo através de Maria quer hoje entrar nos corações
que se abrem à graça.
Contemplar o presépio é um gesto
profundamente litúrgico. É colocar-se diante do Mistério e deixar que ele nos
transforme. Como Maria, somos chamados a guardar e meditar tudo em nosso
coração (cf. Lc 2,19). Como os pastores, somos convidados a correr ao encontro
do Salvador. E como os anjos, somos enviados a proclamar: "Glória a Deus
nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados."
O espírito do Natal nos convida a abrir
nossos corações e nossas mãos, somos chamados a compartilhar o que temos. Essa
é a essência do Natal: a compaixão. Quando estendemos a mão para ajudar aqueles
que estão em necessidade, não apenas seguimos o exemplo de Cristo, mas também
encontramos alegria e propósito em nossas próprias vidas.
O Natal também é um tempo de união.
Reunir a família ao redor da mesa, compartilhar risadas e histórias, é uma
tradição que nos conecta. Em um mundo muitas vezes dividido, o Natal nos lembra
da importância da comunidade. É uma oportunidade para perdoar, para curar
feridas e para reforçar os laços que nos unem.
Neste Natal, deixemo-nos tocar pela
beleza da simplicidade e renovemos em nós a certeza de que o amor de Deus não
se cansa. Que, ao participarmos da Eucaristia, reconheçamos: o mesmo Deus que
veio há mais de dois mil anos continua vindo, silenciosamente, a cada
celebração. E que, iluminados pela luz do Menino de Belém, sejamos no mundo
sinais vivos de esperança e de paz.
Feliz e Santo Natal!
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 29/11/2025.
Opinião. p.14.

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