Por Lilian Serio (*)
O Projeto de Lei da licença menstrual,
aprovado na Câmara e que agora vai para tramitação no Senado, representa um
avanço em direitos trabalhistas para as mulheres, uma vez que não se trata de
um privilégio, e sim de um ato de respeito à dignidade feminina e ao
reconhecimento de uma condição biológica que merece atenção e compreensão.
Durante o período menstrual, muitas
mulheres sentem cólicas intensas, fadiga, enxaquecas, náuseas e variações de
humor causadas pela oscilação hormonal. Para algumas esses sintomas são leves e
permitem a manutenção da rotina de trabalho. Para outras, no entanto, o fluxo é
tão intenso e a dor tão forte que o simples ato de levantar-se da cama se torna
um desafio.
Essa diferença ocorre porque cada organismo
reage de forma distinta às variações hormonais, à presença de doenças como a
endometriose ou a síndrome dos ovários policísticos, e até mesmo a fatores
emocionais e genéticos.
A licença menstrual não é sinônimo de
fragilidade, mas de humanidade. Permitir que uma mulher se ausente do trabalho
nos dias em que estiver impossibilitada de exercer suas funções por conta do
ciclo menstrual é reconhecer que o corpo feminino tem seus limites e que
respeitá-los é um gesto de empatia.
As empresas que adotarem essa medida não
estarão fazendo um favor, e sim cumprindo um dever ético e social, o de
promover um ambiente de trabalho mais inclusivo, saudável e acolhedor.
O período menstrual não é apenas “mau
humor” ou “exagero”, mas manifestações fisiológicas reais, é um passo essencial
para desconstruir preconceitos e construir uma cultura mais justa. Quando a
mulher é acolhida e respeitada em sua integralidade física, emocional e
profissional, todos ganham: ela, a empresa e a sociedade.
É importante lembrar que o acompanhamento
periódico com um ginecologista é essencial para que cada mulher compreenda
melhor o próprio corpo e previna doenças ginecológicas. Consultas regulares
ajudam a identificar condições que podem intensificar os sintomas menstruais e
interferir na qualidade de vida. Cuidar da saúde é também um ato de
empoderamento e de autoconhecimento.
(*) Médica ginecologista
especialista em reprodução humana.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/11/2025. Opinião. p.16.

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