Por Eduardo Jucá (*)
É comum que, nos primeiros meses de vida,
pais reparem em características diferentes no formato da cabeça de seus bebês.
O que nem todos sabem é que, em alguns casos, essas alterações podem indicar
uma condição chamada cranioestenose — o fechamento precoce de uma ou mais
suturas do crânio, que pode afetar o crescimento cerebral e o desenvolvimento
neurológico.
O crânio do bebê é formado por placas
ósseas separadas por suturas, que funcionam como zonas de crescimento. Essas
suturas devem permanecer abertas nos primeiros anos para permitir a expansão do
cérebro. Quando uma ou mais se fecham antes da hora, o crânio cresce de forma
irregular. Isso pode causar deformidades visíveis e, em alguns casos, levar a
aumento da pressão ou atrasos no desenvolvimento.
O diagnóstico é clínico, com apoio de
exames de imagem. O tratamento é cirúrgico e, quanto mais cedo feito, melhor o
resultado. A cirurgia corrige a forma do crânio e garante espaço para o cérebro
crescer com segurança.
Muitos casos ainda são identificados tarde,
o que pode exigir cirurgias mais complexas. Por isso, é essencial que pediatras
e famílias fiquem atentos a assimetrias, achatamentos ou alongamentos incomuns.
Observar o formato da cabeça pode fazer toda a diferença.
Há também formas sindrômicas de
cranioestenoses, associadas a alterações em outras regiões do crânio e da face,
que exigem cuidado especial. É importante também diferenciar as cranioestenoses
verdadeiras das condições de assimetrias posicionais, mais frequentes e
geralmente sem necessidade de cirurgia. O tratamento deve ser feito por equipe
multidisciplinar, com neurocirurgião, pediatra, geneticista e outros
especialistas.
No dia 22 de novembro de 2025, acontecerá o
I Simpósio de Cranioestenoses de Fortaleza, na Universidade de Fortaleza,
reunindo especialistas do Brasil e do exterior, além de famílias de pacientes.
O evento será um marco para difundir conhecimento, trocar experiências e
reforçar a importância do diagnóstico precoce. Divulgar o conhecimento é
essencial para ampliar o saber, gerar empatia e qualificar o cuidado com essa
condição.
(*) Médico neurocirurgião
pediátrico, professor, pesquisador e palestrante.
Fonte:
Publicado In: O Povo, de 20/11/2025.
Opinião. p.18.

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