Por Sofia Lerche Vieira (*)
A COP 30 representou um marco no diálogo
mundial sobre o clima. Nela estiveram presentes líderes mundiais, jovens
estudantes e toda sorte de movimentos e participantes em favor de causas
associadas à biodiversidade, sustentabilidade, preservação de florestas, dentre
outras.
O megaevento foi vitrine de destaque para o
Brasil e a Amazônia, onde até o final da conferência o governo federal havia
custeado $787 milhões. Houve insatisfações diversas com a falta de avanços em
relação às metas globais do Acordo de Paris, à redução de emissão de gases de
efeito estufa, sem esquecer problemas de infraestrutura. Até fogo no pavilhão
da ONU e um final pleno de controvérsias foram destaque.
Algumas ausências chamaram atenção em meio
ao festivo cenário. Uma delas foi um debate amplo sobre o papel da educação em
cenários de mudança climática. O MEC e o UNICEF marcaram presença tímida no
evento e a mídia não focalizou o assunto. Uma pesquisa em jornal de circulação
nacional revelou que de 2.662 resultados sobre o tema "COP30", nenhum
abordou a educação. O que explicaria tal silêncio?
Ora, sabe-se que uma forma de mudar a
atitude perante toda e qualquer situação requer conscientização acerca de
problemas e desafios. A escola é um palco privilegiado para, através da
educação ambiental crítica, formar cidadãos cientes e dispostos a agir e
intervir de forma positiva no enfrentamento dos desafios climáticos e da
preservação da natureza. A participação das famílias e da comunidade escolar
tem importante papel neste cenário. Exemplos no mundo e no país mostram a
importância de escolas verdes para uma vida melhor no planeta.
Se jovens e autoridades foram ouvidos na
COP 30, protagonistas importantes foram esquecidos. Os professores, sob cuja
responsabilidade estão as ações em defesa do ambiente no âmbito escolar, têm
importante papel na mitigação dos efeitos do clima. Os ecos da COP 30 fazem
pensar. É preciso rever e fazer avançar este debate.
O documento "O impacto das mudanças
climáticas na educação: iniciando um debate" (Todos pela Educação. D3E.
2024) aponta um caminho.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/12/25. Opinião. p.18.

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