domingo, 13 de agosto de 2017

A ECONOMIA, OS ECONOMISTAS


Por Ana Maria Fontenele (*)

Somos formados tradicionalmente pelo princípio da escolha e da racionalidade nesta escolha

A história da Economia confunde-se com a história das civilizações. Desde o marco de sua criação como ciência, com a investigação smithiana sobre as razões da riqueza das nações, sua trajetória é marcada a partir do que conceituo como “tombamentos teóricos” que também definem ações fundamentadas em visões de mundo, as mais diversas. Dessa forma, marcamos o trajeto das teorias inseridas nos diversos paradigmas.
A história da Economia confunde-se também com a história da Política, intrinsecamente ligada a história das civilizações. A trajetória da Economia Política como ciência define e também é consequência da vida em sociedade e é marcada pelas visões de mundo daqueles que põem em prática a política e, em consequência, a política econômica. Neste ambiente, como atores protagonistas, estamos nós, os economistas. Dessa forma, marcamos o percurso vivido por nossa sociedade.
A história da Economia também segue a história da ética. Neste percurso, aprendemos que a felicidade pessoal não é mais importante que a felicidade dos demais. Assim, marcamos nossos limites como economistas.
Por nossas decisões, provocamos eventos espetaculares em ciclos de crescimento que elevam a qualidade de vida, que reduzem a desigualdade, que ampliam a felicidade e que incluem. No entanto, às vezes, fazemos opções por processos depressivos que retiram a dignidade conquistada, que expulsam o emprego, que excluem. Em um e em outro caso, sabemos a quem servimos. Em um e em outro caso, fazemos opções, somos economistas.
Somos formados tradicionalmente pelo princípio da escolha e da racionalidade nesta escolha. Este é apenas um aspecto. Somos formados para, mesmo atuando em ambientes específicos, termos a visão da totalidade para absorvermos a centralidade e, para em busca desses objetivos, desenhar prováveis saídas. Assim, vamos interpretando o mundo e suas manifestações, mas não podemos nos alijar do papel de transformá-lo, desviá-lo para algo que achamos melhor, somos economistas.
Neste dia dedicado aos economistas, celebramos nosso ecletismo na formação, celebramos a diversidade de nossas concepções e nossa capacidade de atuar nas mais diversas atividades. No entanto, nos cabe um alerta: precisamos garantir formação humanística e priorizarmos a transformação do mundo retirando a máscara frágil que afirma que, cada um, ao buscar o melhor para si, estará produzindo o bem-estar de todos. Afinal, somos economistas!
(*) Economista, professora da Universidade Federal do Ceará e doutora em Economia pela USP.
Fonte: O Povo, de 12/08/2017. Opinião. p.11.

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