sexta-feira, 23 de abril de 2021

Crônica: “Ô povo fêi! E ingingente!!!” ... e outro causo

Ô povo fêi! E ingingente!!!

Sabe esses sujeitos bem ingênuos? É seu Ontonho Ludruvino. Dia desses chegou em casa tão avexado, vindo da rua, que o rabo era um rei. Cruzou a sala correndo, tinindo, dicretado pro banheiro, com mais de mil. Pela velocidade e mungango na cara, era questão urinativa séria. Tão arrupiado que todos notaram os calombos no couro. Sequer um oi pro povo, de olhos grelados no sujeito foguetado. Apreensão geral da família. A mulher Enemaura correu pra ver o que era. Grita da porta.

- Diabeisso, Ludru? U ou M?

- U!!!

Ludruvino, sem exagero, urinou por 15 minutos seguidos, naquele modelo de desbaste que, quando se pensa haver acabado, vem outra chiringada medonha e haja xixi. Quando acabar, chegou à sala, desconfiado, a reclamar-se:

- Nunca mais volto ao diabo daquele shopping sem futuro!

- Que foi, pai? - indaga curiosa a filha.

- Fui ao banheiro da desgraça verter água e eram tantas as 'ingingença' no aviso colado em cima da privada, que eu vim foi fazer em casa...

- Que exigências, hômi? - pergunta a esposa ansiosa.

- Vamo lá! Dar descarga suficiente depois de urinar, ok; não jogar papel higiênico no chão, tudo bem; usar o vaso sanitário com categoria, sem problema; não molhar a tampa do sanitário, beleza...

- É isso que sempre pedem, o banheiro é de todos, pai!

- Sim, carece de ter cuidado. Mas, pra dar uma simplória mijada, precisava pedir cópia de CPF autenticada, comprovante de residência, RG, tipo sanguíneo, nomes de duas pessoas conhecidas, RX do tórax e bafômetro?

Explicando: um gaiato, só pra frescar, escreveu a lápis esses pedidos inusitados, pra pegar besta no sistema de Ludruvino. E pegou! 

Pra tirar a catinga do mijo

Quem não levou um fora caprichado da mulher mais madura (a mais linda do bairro) só porque ainda se era demais ameninado? Eu, pelo menos, umas seis vezes. Principalmente nas tertúlias. A beldade lá estava, próxima do som, e eu, pivete corajoso, inventava de tirá-la pra dançar, sem contar a tentativa inócua de aplicar um queixo sem futuro. O que ela respondia?

- Vá tirar a catinga do mijo!!! 

Sabe o que sucedeu com o Valdé, metido a gostosão, apesar de muito feio - bote feio nisso? Recebeu da Laurita um 'passafora' nesse modelinho e, por não haver entendido a mensagem, foi reclamar-se ao pai. O velho explicou didático:

- Quer dizer vá crescer, criar marra, ser gente... Vá coisar, engrossar o cangote...

- Ah, é? Pois deixe estar!

Dez anos se passaram. Já bem empregado no serviço público federal, em seu fusca verde garboso, lembrou-se do não que recebera de Laurita e foi bater na casa dela. Tocou a campainha e a própria criatura veio atender no portão.

- Diga, meu senhor?

- Lembra de mim não?

- Nunca vi mais magro!

- Tirei a catinga no mijo...

Laurita olhou aquela arrumação (Valdé ainda mais desengonçado) e pesou e sopesou. Sincera como sempre, mandou brasa no verbo:

- Pois agora vá tirar a catinga da merda!

Fonte: O POVO, de 2/10/2020. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.


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