domingo, 25 de abril de 2021

UM FUZILEIRO OBTUSO

No final dos anos sessenta, um tenente fora designado para servir no tradicional Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário, em Mato Grosso do Sul, reduto dos famosos “Fuzileiros do Pantanal”, experts em Operações Ribeirinhas.

Ainda quando servia nesse mesmo quartel, encontrava-se ele no aeroporto, chegando de viagem, e discou para lá, solicitando uma condução.

– Bom dia, aqui é o Tenente Beltrano; quem está falando, por favor?

– Não senhor, o Tenente Beltrano não está – respondeu o soldado telefonista.

Acreditando que ele não houvesse ouvido bem, o oficial retrucou:

– Não, senhor soldado! Creio que você não ouviu bem; aqui é o Tenente Beltrano falando; estou no aeroporto e preciso de uma condução ao quartel.

Mas o soldado repetiu, seguro:

– Não senhor, o Tenente Beltrano saiu. O senhor quer deixar recado?

Já meio impaciente, o Tenente Beltrano pensou em solicitar que ele chamasse o Oficial de Serviço, mas decidiu agir de outro modo:

– Está bem. Quando ele chegar, diga que eu liguei.

– E como é mesmo o nome do senhor?

– Tenente Beltrano – informou o oficial.

Ele então voltou para o quartel de táxi. Ao lá chegar, como esperado, recebeu o recado de que ele havia ligado para si mesmo...

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Ex-Presidente da Sobrames-Ceará

* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ombro, arma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2018. 112p. p.72.

Nota: Esse causo acima foi adaptado dos originais de Gil Cordeiro Dias Ferreira, postados em 6 de julho de 2012, no Portal Militar. São desse autor, ao todo, mais de quinze causos relacionados à Marinha de Guerra do Brasil, que podem ser acessados em: http://www.militar.com.br/artigo-2474-Coisa-de-Naval---Causos-Fuzileiros#.Uoi53SfEhHI


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